Adolescente Em Crise

Topei?

Hoje foi um dia bem monótono, nada de tão diferente, como sempre eu discuti com o Pedro, esqueci de fazer algumas atividades e peguei do caderno da Isy, dormi nas três últimas aulas... Nada de extraordinário.

Tô enferrujada no Skate, vou hoje na pista, pra poder passar o tempo, sei lá... Relaxar.

Tomo um banho, troco de roupa e vou em direção a pista.

Chegando no meu destino, exploro o lado que esteja mais vazio, mais silencioso, pra eu ouvir somente as batidas do meu skate na rampa, isso soa como música pros meus ouvidos.
E também eu quero um local menos movimentado, porque eu não quero que ninguém se frature de novo, só o Vinícius já está de bom tamanho.

Depois de esquentar meu sangue, eu sempre costumo sentar na rampa e como que eu digo... É.. Ahn.. Brisar.
Tipo, fico mó lerdona olhando pro nada.. Meu cérebro para.

Mas como eu nunca estou sozinha...
Sinto alguém tocar no meu ombro, me viro rapidamente, e me deparo com um garoto, não muito alto, cabelos pretos, pele morena-clara, olhos castanhos... Não faço a mínima ideia de como que ele parou aqui.

Xxxx: Oi, tudo bem? - Ele fala parecendo bem empolgado.
Maju: Ahn.. Oi, eu tô tranquila. E vc?
Xxxx: Tudo beleza, eu sou o João.
Maju: Oi.. João.
João: Eu tava te observando, e ví que você manda muito bem.
Maju: Ainda bem que não fraturei a perna..
João: O que você disse?
Maju: Nada, nada... Obrigada, por achar que eu mando bem.. Eu voltei a ativa agora, tava meio parada.
João: Eu sei que a gente se conhece a alguns segundos, mas você poderia, sei lá, me ajudar a melhorar nas manobras?
Maju: Ahn... Ta, mas.. Olha... Pode ser amanhã? Ta ficando um pouco tarde, e eu volto sozinha pra casa. Se você quiser te vejo aqui amanhã as 16h, pode ser?
João: Por mim tudo bem, é... Como é o seu nome?
Maju: Maria Júlia, mas pode me chamar de Maju.
João: Nossa, valeu mesmo Maju. É bem bizarro isso que eu tô fazendo, mal te conheço e já estou pedindo ajuda. Valeu por aceitar me ajudar.
Maju: Relaxa, mano. Té amanhã.
João: Até.

Eu até agora tô sem entender porque eu topei ajudar um garoto que eu nem conheço direito.
Mas, ah... Sei lá. Ele não me parece ser uma pessoa má.
Pelo menos eu espero que ele seja de boa.

Eu tenho um grande defeito de definir a pessoa assim que vejo ela.
Isso é muito ruim, porque as vezes eu acabo traçando um perfil negativo da pessoa, e quando a conheço percebo que ela é maneira, e toda a minha antipatia era inútil.
E também acontece ao contrário, as vezes eu crio uma expectativa sobre as pessoas, tipo, eu olho e penso: "Nossa, que pessoa foda! Ela deve ser muito legal", e no final eu me decepciono e penso que eu tava Iludida e a pessoa é mó filha da puta.

Eu tento focar na frase: " Sem expectativa, sem decepção. " mas as vezes não consigo, e já sabe né? Me ferro.