Tô apaixonado?

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Narração: Pedro

Mãe: Filho, eu tô indo fazer uma consulta, assim que eu chegar, quero ver a sala arrumada.
Pedro: Que horas a senhora volta?
Mãe: 19h já estou chegando.
Pedro: Tranquilo, só vou treinar mais um pouco.
Mãe: Ok, mocinho.

Depois de treinar pra caramba, meus músculos estão doendo, tô cansadão. Hoje foi treino por cima de treino, Quinta tem campeonato, e eu vou lutar, e pretendo que todo esse esforço que eu tô fazendo, me dê medalha de ouro.

Eu coleciono muitas medalhas, luto boxe desde os 8 anos de idade.
Uns amam música, outros pessoas... Mas eu estou muito ocupado amando meu esporte.

Minha mãe já foi contra eu treinar, porque assim que eu entrei na academia, eu não queria fazer outra coisa se não estar no tatame. Eu acordava falando de boxe, dormia falando de boxe, eu fiquei fissuradão.
Ainda hoje eu sou, mas... Faço outras coisas a não ser treinar. Tipo, dormir, comer...

Uns fumam maconha pra relaxar, bebem, fazem um monte de merda. Mas eu me acalmo é lutando.

No meu celular chega mensagens, e era do Lucca.

Mensagem:
Lucca: Ô mano, vamo dar um Rolé hoje? √√
Pedro: Com quem? √√
Lucca: Eu, Isy, Matheus e Maju. √√
Pedro: Vem cá mano, tu agora é amigo da Irritadinha? Todo Rolé você ta com ela. √√
Lucca: Ela é amiga da minha mina, Pedrão. E é gente boa pra caralho. √√
Pedro: Boa ela é mesmo... Kkkkkkkkk √√
Lucca: Mas cê não muda, hein?! Kkkk √√
Lucca: Mas e aí? Vai ou não? √√
Pedro: Vou não mano, tô cansadão. Peguei intensivo hoje, tô quebrado. √√
Lucca: Que pena mano, mas vai ter outros rolê pra nós. √√
Pedro: E esse carinha, hein? √√
Lucca: O Matheus? Tem o quê?√√
Pedro: Ta pegando a Irritadinha? √√
Lucca: ih, ala.. Ta com ciúmes? √√
Pedro: Sai dessa. Mas ta pegando ou não? √√
Lucca: Se ta eu não sei, mas já pegou. √√
Pedro: Hum, Flw Brother. √√
Lucca: Nós, cachorro! √√

Eu sabia que eles já se pegavam... Sempre notei que ele olhava ela demais.

Mas isso não é da minha conta, não tenho nada com ela, nem ela comigo.
Não tem o porque de eu ficar pensando nisso, na verdade eu não sei nem porque que eu tô me preocupando com isso.

Levanto do sofá, e olho pela janela o por do sol, ta muito bonito hoje.

Aqui do lado de casa, tem uma ruazinha que te leva como se fosse pra um pequeno morro, as pessoas costumam ver o por do sol de lá, e eu vou fazer isso hoje.

A temperatura aqui sobe, e cai muito rápido;
Pego meu moletom, calço meu tênis e vou em direção a esse morro, botar as idéias em ordem.

** MORRO**

Eu tô mais cansado do que eu imaginei, ta tudo doendo, oloco.
Eu ultimamente ando pensado demais, deve ser a idade chegando.

As coisas mudam com o tempo, será que eu tô virando um rapaz responsável?

Não... É meio surreal isso.

Eu sempre fui muito louco, saio aloprando geral.
Um dia eu crio juízo, mas esse dia não precisa ser hoje.

Meus pensamentos agora só rodeiam por essa menina. A Maria.

Eu quando fico vago de pensamento só me vêm ela na mente, sinceramente eu não faço a mínima ideia do que pode estar acontecendo comigo.

Mas será que ela também fica com essas paranóias?

Eu nem gosto dela, cara! Ela também não gosta de mim. Essa manifestação de pensamentos acaba sendo meio que sem nexo.

Sei lá... Isso é bem estranho.

Fico admirando o por do sol, e os minutos vão passando, e eu me lembro de algo, que é desesperador pra um filho.

Minha mãe mandou eu arrumar a sala, que ela chegaria as 19h, já são 18:50, tô ferrado!

Levantei todo dolorido e saí correndo em direção a minha casa, pra quem não estava entendendo a situação ( todo mundo, pra ser exato), devem ter pensado que eu tava fugindo da polícia, porque eu desci a rua igual a um foguete.

Entrei dentro de casa super ofegante, a sala tava uma zona! Tinha muita coisa espalhada, era minha calça da escola encima da televisão, Sacos de salgadinho pelo chão, meia pelo sofá.
Uma bagunça e tanta.

Baixou o espírito ninja em mim, porque eu precisava salvar a minha alma, antes que a minha mãe chegasse e arrancasse ela de mim.

Pego um cesto de roupas e vou jogando tudo o que cabe dentro dele, coube a maioria das coisas dentro, e o que sobrou joguei debaixo do sofá, e passei a vassoura pra dar um efeito de limpeza.

18:59, caraca! Um minuto! Subo com o cesto pro meu quarto, e tranco ele no banheiro.

19:00, a campainha toca.

Era a minha mãe, sempre pontual.

Mãe: Hmmm.. Arrumou mesmo, hein?! Bom trabalho, meu amor.
Pedro: Valeu mãe. - dou um sorriso de "menino dedicado".

Só quem já passou pela experiência de arrumar a casa faltando pouco tempo pra mãe chegar, me entende.

Não sei o que deu em mim, mas me deu uma vontade de conversar com minha mãe.

E eu vou até o quarto dela;

Pedro: Mãe?
Mãe: Oi, lindinho da mamãe!
Pedro: Mãe, me sinto com 5 anos quando você faz essas coisas.
Mãe: Você sempre será meu Bebezão.
Pedro: Ta... Mas me tira uma dúvida?
Mãe: Diga, filhinho.
Pedro: Quando a gente pensa muito em uma pessoa, mesmo não gostando dela, o que é isso?
Mãe: Isso pra mim é paixão.
Pedro: Paixão? Mas... E se a gente mal falar com essa pessoa numa boa? Achar ela chata pra caralho?
Maju: Isso ta acontecendo com você, não é?
Pedro: Então...
Mãe: Você acha a pessoa chata, insuportável, mas deve ter algo nela que lhe atraia, estou certa?
Pedro: Bom, isso tem...
Mãe: Então há possibilidades sim de ser paixão.
Pedro: Não pode ser mãe, mas eu não suporto essa pessoa! Não da pra aturar ela.
Mãe: A paixão tem dessas meu filho.
Pedro: Tchau.

Mano... Eu espero que não seja isso que minha mãe falou! Imagina que merda seria se eu estiver mesmo apaixonado por aquela lá?

Não mano... Não.... Tô fudido!

Adolescente Em CriseOnde histórias criam vida. Descubra agora