Capítulo Dois - Daniela Fernandes

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Bom dia, flores do dia!

Espero que gostem, e, não esqueçam: o enredo é movido a opiniões. Portanto, deixem as suas nos comentários, por gentileza.

Xoxo e ótima leitura.

***

Daniela

"De endoidecer gente sã."

Observo o blazer social pela centésima vez. Obviamente faz parte de um terno caro, e reconheço isso me baseando pelos que meu irmão usa. Não sei o que fazer com ele, já que não tenho a mínima ideia da cara que tem o sujeito que me entregou a peça.

Mas que droga!

Tudo bem que ele me ajudou, mas porque deixar a porcaria do blazer comigo?

O que me deixa mais irritada, é o fato de que Felipe tinha razão. A manifestação que era para ser pacífica virou um furdunço, e acabei me colocando em risco desnecessariamente. Se eu fosse um pouco mais ajuizada o escutaria, e não estaria pensando em como me livrar de uma peça de roupa que provavelmente custa mais que o meu salário mensal.

Sem alternativa, guardo a peça de qualquer jeito no fundo do meu armário, sabendo que ali Felipe não mexe. Se ele o encontrasse, com certeza me faria mil perguntas que eu definitivamente não estou disposta á responder. Já basta ter de lidar com seu excesso de proteção por conta da porcaria que fora o meu passado em Boa Esperança.

Saio de casa e ainda está escuro. O dia ainda não amanheceu por completo, e a brisa fria toca meu rosto causando-me um desconforto já conhecido.

Porque tão frio, meu Deus?

É em momentos como esse, em que Felipe está dormindo enrolado em seu cobertor quentinho, que sinto inveja dele. E acredite, ela é bem negra, já que o mundo decidiu ser injusto comigo ao fazer de uma pé rapada como eu irmã de um homem rico da alta sociedade. Pelo menos, se fôssemos do mesmo nível social, estaríamos compartilhando a rotina de uma bela segunda-feira matinal – até demais –, juntos.

Obrigada, mundo.

Mas não seremos injustas aqui. Felipe é um homem cheio de qualidades. Apesar de ter uma conta bancária gorda em seu nome, não se beneficia disso para conseguir o que almeja. Meu irmão é um homem de caráter, incorruptível, afetuoso e que trabalha duro no escritório do Augusto – pai dele – para conseguir o que quer. Para completá-lo, só falta mesmo uma namorada. Pena que ele foge de compromisso como se fosse a própria lepra.

Se eu o escutasse pelo menos de vez em quando – como raramente venho fazendo – poderia estar tendo uma vida mais confortável. Entretanto, a pessoa que aceitaria viver em uma regalia constante ao beneficiar-se da fortuna do irmão – única e exclusivamente dele – não seria eu. E, por mais que seus esforços sejam realmente comoventes, morar no apartamento dele já é abuso demais, em minha opinião. Afinal, eu não sou mais uma garotinha, apesar de isso não fazer a menor diferença para ele.

A verdade é que, mesmo que meu irmão seja apenas quatro anos mais velho do que eu, ele sempre fizera o papel do pai que não tive em minha vida. Precocemente, tomou para si a responsabilidade de cuidar de mim, e vem exercendo esse papel dia após dia.

Se eu acreditasse em conto de fadas, diria que Felipe é meu herói da vida real.

Afastando meus pensamentos para o fundo de minha mente, noto que o metrô não está tão cheio, visto que ainda é muito cedo. Portanto, encontro um lugar encostado á janela para me sentar, e encolho-me dentro de minha jaqueta. Apanho os fones de ouvido dentro da bolsa e os encaixo nas orelhas e no celular, para depois, distraidamente, procurar a sintonia de uma rádio agradável.

Ultrapassando LimitesOnde histórias criam vida. Descubra agora