Capítulo Dez - Ricardo Vasconcellos

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SURPRESA!

Decidi postar antes e determinar os dias de postagem. Vou tentar seguir essa regra. Segunda e quinta, OK?

Beijos estalados!

***

Ricardo

"Será que você não é nada que eu penso...? Também, se não for, não me faz mal. "

Um ex-namorado que não lidou bem com o fim do relacionamento. OK. O quão terrível um ex pode ser, afinal? Sei que essa coisa de reencontrar pessoas do passado pode ser constrangedora, mas um mero ex não é suficiente para fazê-la se esconder dentro do carro e suar de nervosismo ao pisar na cidade. Não sou tapado para não perceber que há algo de muito errado por trás dessa merda envolvendo Daniela. Além disso, pelo que entendi, teríamos que convencê-la a vir, o que, por incrível que pareça, não foi uma tarefa árdua.

No pouco tempo em que fiquei livre dentro da casa de Rosangela observei o ambiente de forma minuciosa. Há muitas fotos. Daniela criança, agarrada ao irmão. Felipe, quando ainda era um garoto magricela e banguela, exibindo uma bola colorida para a câmera. Os dois no colo de um homem mais velho, que supus ser o pai do Felipe. Mas, dentre várias imagens, apenas uma me fascinou. Daniela vestindo um conjunto de roupa prateado, de lantejoula, onde seus peitos quase pulam para fora do decote e sua barriga está a mostra. Na cabeça, um chapéu de caubói enterrado, combinando com a roupa; e no corpo, uma faixa transpassada por cima da roupa extravagante, ostentando a frase "Miss Boa Esperança". Deveria ter uns dezesseis, dezessete anos, naquela foto.

– Vá na frente. – Instruo enquanto ela termina de amarrar os fios gigantes no topo da cabeça.

– De jeito nenhum. – Responde de forma categórica e se aproxima para afirmar em um sussurro: – Você vai ficar olhando pra minha bunda.

Não resisto e solto uma gargalhada. Percebo Daniela, novamente, deixar os olhos recair sobre a minha boca. Ela tenta segurar o riso, que morre quando passo a língua pelos lábios, sentindo-os, de repente, secos demais. Mas é apenas o calor. Sim, nada mais que isso.

Eu poderia dizer a verdade, que olharia mesmo, durante os quarenta minutos de trilha, para seu traseiro redondo e bem acomodado dentro de um short jeans que bate nas coxas. E fantasiaria muito, já que não posso usufruir de tudo isso. Mas aí ela me crucificaria, me chamaria de cafajeste e ainda me faria ir na frente, fazendo com que eu perdesse uma bela visão. Então, digo:

– Eu não vou. Só estou garantindo que você não se machuque. Veja – aponto para Sandra e Levi, que caminham á uns três metros e meio de nós – sua amiga está na frente do Levi.

– Ele é bi.

– Eu ouvi isso! – Levi grita, enquanto os outros quatro manés caminham mais a frente, alheios a nossa conversa.

– Conheço essa trilha como a palma da minha mão, Ricardo Vasconcellos. Mas vou fingir que acredito em você.

Então começamos a caminhar. Ela está sendo apenas gentil em acompanhar os amigos, pois é rápida como uma raposa e parece conhecer até as partes mais íngremes do caminho. E eu, estou fingindo ser um palerma fora e forma, que ficou para trás enquanto os amigos fodões já estão á generosos metros de distância. Azar o deles, que não têm uma bela bunda para apreciar.

– Êpa! – Exclamo, ao mesmo tempo em que seguro firmemente a cintura demasiadamente fina para evitar a queda, após Daniela ter pisado em falso. – Viu, o que aconteceria se você estivesse atrás de mim?

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