Capítulo Três - Daniela Fernandes

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Boa tarde, lindezas!

Mais um capítulo. Espero verdadeiramente que gostem.

Gente, não posso deixar de pedir, COMENTEM! É MUITO importante pra mim. E motiva pra caramba a escrita também. Para aquelas que já comentam, OBRIGADA!!!

P.s.: A foto acima é da Sandra.

Beijos e ótima leitura.

***

Daniela

"E então vi minha história, tão clara em cada marca que tava ali."

É quinta-feira e o movimento no café está tranquilo. Dona Lourdes está assando alguns salgados do lado de trás da janela retangular onde fica a cozinha, e eu estou no balcão, ajeitando a lanchonete como posso entre a chegada de um cliente e outro.

Estou passando um pano no intuito de limpar o balcão de alumínio quando a porta de vidro se abre e por ela passa uma figura conhecida. Levi está vestido elegante e habitualmente em seu terno, que é seu uniforme de trabalho, e tem o cenho franzido enquanto caminha lentamente portando sua valise de couro marrom na mão direita.

Pela força do hábito, ajeito minha touca protetora capilar e sorrio ao vê-lo.

– Ei, você! – Saúdo enquanto ele se aproxima cada vez mais.

Ele sorri um pouco e se senta em uma das banquetas altas que fica do lado de fora do balcão.

–Tudo bem?

Huhum. Terminou o estudo dirigido de amanhã? – Pergunto levemente preocupada, mas ele sorri de forma presunçosa.

– Pra que se eu tenho o seu para copiar?

Aturdida com sua resposta descarada, abro minha boca, e, mesmo estando do lado de dentro do balcão, acerto um tapa leve em seu ombro. Ele se encolhe ao receber o golpe e cai na gargalhada logo em seguida.

– To brincando, terminei sim. – Defende-se, esfregando o ombro em que bati.

– Hum... – digo desconfiada. – Então o que está te deixando com essa carinha de quem chupou limão azedo?

Ele bufa e atira a valise de qualquer jeito na banqueta vizinha.

– Odeio você por me conhecer tão bem.

Sinto-me ligeiramente convencida por isso e elevo uma de minhas sobrancelhas espessas em sua direção, questionando-o com apenas um gesto.

– Tenho uma coisa pra te contar e você não vai gostar nadinha. Mas antes, me vê um café com leite no capricho.

Assinto e, enquanto preparo seu pedido com maestria, ele narra a desastrosa visita ao apartamento no mesmo condomínio em que eu moro com o Lipe, com um cliente que, segundo ele, poderia ser o vencedor do prêmio de seu Oscar particular de maior prepotência e boçalidade.

Sinto-me surpresa e compartilho de sua irritação enquanto ele fala sem parar em como ainda pode existir pessoas que se acham no direito de falar e fazer o que bem entendem apenas porque têm dinheiro. A surpresa, no entanto, não é ao perceber durante sua narrativa que o cara é um verdadeiro sem noção que achou que poderia subornar meu amigo em troca do meu telefone. Conheço muito bem pessoas como ele e isso não me surpreende nem um pouco. Contudo, saber que fora ele o homem misterioso que evitou que eu fosse manchete nos jornais locais no dia seguinte á manifestação ao morrer pisoteada sob os pés de uma multidão revoltada com a política brasileira, causa em mim um fio de esperança. Eu ainda tenho uma chance de me livrar da porcaria do terno, e é como se uma lâmpada se acendesse em cima da minha cabeça.

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