Capítulo Dezoito - Ricardo Vasconcellos

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Ricardo

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Ricardo

"Pare de uma vez com essa brincadeira, chega de bobeira, eu tô falando sério".  

Era seis e meia de um domingo quando voltei para São Paulo sozinho. Daniela preferiu passar o dobro do tempo dentro de um ônibus desconfortável ao viajar ao meu lado. Não a culpo. Minha mãe realmente pegou pesado e eu sei que nada do que eu disse a ela foi levado realmente a sério. Entretanto, há uma outra parte de mim que acreditou que Daniela era mais forte do que isso. E menos covarde, também.

Cogitar ir embora da casa dos meus pais e se hospedar sabe Deus aonde com um homem desconhecido, me deixou puto pra caralho. Ela não pode simplesmente, toda vez que acontecer um problema entre nós, correr para qualquer cara que deseja entrar em sua calcinha com o intuito de me afrontar. Isso é imaturo e inconsequente demais para a minha sanidade suportar.

Com o som do carro desligado, aproveitei o tempo livre enquanto dirigia rumo à São Paulo para refletir os últimos acontecimentos da minha vida.

Me sinto perturbado desde que conheci Daniela. Me tornei a porcaria de um Stalker, e as convicções de uma vida inteira foram postas em dúvida, me transformando em um homem contraditório em suas próprias teorias.

Não sei se Daniela faz bem, ou mal. A paz que ela me proporciona quando estamos juntos, numa boa, é indescritível; entretanto, ela consegue me deixar maluco na mesma proporção, quando enfia alguma coisa na cabeça.

O foda disso tudo é que, ao mesmo tempo em que eu quero colocar um ponto final nessa porcaria de acordo e me ver livre do feitiço sexual daquela mulher, eu também quero me enterrar fundo em sua boceta apertada, até ela gemer meu nome para o mundo inteiro ouvir.

É um conflito interno do cacete.

Não sei o que está acontecendo comigo.

Meu ego inflou de um jeito estarrecedor quando notei que todos os patetas da festa, inclusive o Natan, olhavam a minha acompanhante com admiração. Ao mesmo tempo, senti um ódio descomunal daquela fenda quase criminosa que revelava sua coxa esquerda aos olhos alheios.

Como eu disse, um conflito interno.

Na segunda-feira, acordei com um humor do cão, o que só piorou quando lembrei que eu ainda teria de lidar com a japonesa pornô na barra da minha calça, implorando com aqueles olhinhos fechados e falsamente inocentes para ser fodida sobre a minha mesa de trabalho.

Resisti, por inúmeras vezes, discar o número da Daniela, cujo eu já havia decorado, do meu celular.

Na terça, sob os protestos de Samira, demiti dois estagiários. Meu humor havia só piorado, e fiquei irritado com uma liminar que continha erros de digitação. Demiti o incompetente que digitou e o outro que disse ter conferido. Dois Palermas.

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