Capítulo Seis - Ricardo Vasconcellos

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Ricardo

Ainda que minha racionalidade esteja em perfeitas condições, meu cérebro traidor aguarda ansiosamente pelo sábado. Minha mente não para de divagar atrás de uma possibilidade de conseguir Daniela apenas por uma noite, ás escondidas.

Eu sei. Ridículo!

Pareço um garoto de quatorze anos prestes á perder o cabaço com a líder de torcida mais gostosinha da escola.

Em contrapartida, tento me convencer de que estou apenas exercendo minha ótima educação ao convidá-la para minha casa no sábado, onde os caras disseram querer estrear meu sofá novo para jogar uma merda qualquer. Além disso, eu não podia deixar meu orgulho de lado. Sou um homem competitivo e precisei cobrar minha tão esperada revanche na porcaria do Xbox.

Eu, que sempre apavorei Guilherme em todos os jogos, virtual ou não, me senti humilhado ao perder feio para uma garota aparentemente vulnerável feito Daniela.

Tenho vontade de abordá-la e mandar a real. Ser sincero, confessar que estou louco para levá-la para o conforto da minha nova cama. Por outro lado, o receio de que Felipe descubra meu desejo reprimido por sua irmã caçula, bloqueia minha coragem.

Eu poderia facilmente alegar que somos adultos e Felipe não tem nada a ver com isso, mas não consigo. O cara me avisou, e eu concordei em manter minhas mãos longe dela, mesmo não sabendo o quanto ela iria atrair a minha atenção.

Se Daniela estivesse disposta a aceitar foder por uma noite, eu deixaria bem claro o quão sórdidas são minhas intenções; Diria que não vou mandar bombons no dia seguinte, e muito menos teríamos remember, mãos dadas, e toda essa caralhada ridícula que as pessoas insistem em fazer por achar certo.

Certo é viver como se quer e bem entende, sem padrões, sem regras impostas por uma sociedade inescrupulosa composta por pessoas que vivem de aparência.

Onde está o mal em dar e receber prazer sem precisar colocar a porra de uma aliança no dedo?

Pensando melhor, eu também poderia dizer a ela que a saúde da minha masculinidade está comprometida desde o dia em que a vi, mas que estou em um impasse, já que seu irmão superprotetor é meu amigo. Quem sabe ela ficaria com pena quando eu fizesse minha melhor expressão de cão sem dono, e cedesse aos meus encantos?

– Preciso falar com você.

Rafael senta-se ao meu lado com seu habitual cabelo bagunçado e fita-me demoradamente. Sem tirar os olhos do celular, respondo com uma falsa calma:

– Pode falar.

Ele espalma a mão na tela do smartphone e consegue a minha atenção. Fecho os olhos e solto o ar com força. Já sei o que está por vir, e não estou nem um pouco disposto á discutir sobre essa merda que vem me atormentado desde que cheguei á São Paulo.

– Olha só Rafa...

– Eu vi o jeito que olha pra ela. Duas vezes, Ricardo. Na boate, e ontem.

– Ela é bonita e eu olho pra ela com desejo, ponto final. – Tento soar convincente, mas obviamente não funciona, já que ele balança a cabeça negativamente.

– Ela não é bonita, e nós dois sabemos disso.

– Não, eu não sei de merda nenhuma. O que consigo ver é uma mulher gostosa que me despertou um puta tesão, só! Mas eu sei que...

– Ela está fora dos limites.

Engulo em seco.

– É.

Ultrapassando LimitesOnde histórias criam vida. Descubra agora