Capítulo Vinte e Dois - Ricardo Vasconcellos

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Ricardo

– Eu fui um Babaca. – Felipe admite depois de repetir para mim, as palavras que proferiu à Daniela.

Estamos esperando o Rafael para uma reunião referente ao processo que está sendo movido contra o Neto, e, enquanto ele não chega, decidimos colocar os pingos nos i's e acabar de vez com esse clima estranho que se instalou entre nós depois que esse Idiota, do Felipe, decidiu quebrar o meu nariz para me ensinar uma lição de moral e defender a honra da santa, da Daniela.

Hahãm.

Aquela Bicha Feiticeira, de santa, não tem nem o dedinho do pé.

E, falando nela, só em pensar no cheiro peculiar que emana daquela pele alva e macia, a saudade bate e preciso ajeitar meu saco latejante por cima da calça de linho.

– Preciso concordar. – É o que eu consigo dizer, para que meus pensamentos sujos em relação à Feiticeira não desvie o meu foco.

Estou tomando analgésicos para amenizar a dor em meu nariz agora torto e coberto por um pequeno curativo. Sem dúvida este precisará de cirurgia em breve, e, logicamente, não pensarei duas vezes em extorquir o irmão da minha garota. Faço questão de ir ao médico mais caro da cidade, apenas para fazê-lo tirar o escorpião do bolso.

– Agi de uma maneira que repudio com a minha própria irmã, cara. Mas, porra, me julgue! Você até ontem era um mulherengo de carteirinha, e agora... – Felipe passa os dedos pelos cabelos curtos e suspira em seguida.

– Agora eu estou gostando dela. E daí? Se você mudou, porque eu também não posso? – Respondo despreocupadamente enquanto tento acender um cigarro.

– Não é isso, Ricardo, é que... eu tenho receio, tá legal? Mesmo que suas intenções sejam boas, uma hora as coisas podem dar errado. – Ele arranca o isqueiro da minha mão, fazendo-me revirar os olhos de tédio e devolver o cigarro para a carteira.

Tão certinho...

– Eu concordo, mas não vou deixar de viver o que queremos viver por medo de dar errado lá na frente. Deixa a Daniela voar, cara. Eu não prometo que não vou magoá-la, porque eu sei que, hora ou outra, eu vou. No entanto, não do jeito que você está pensando. Teremos problemas como em qualquer relacionamento, e a única coisa que posso prometer, é que vou tentar resolvê-los em conjunto com a sua irmã e jogar limpo enquanto estiver com ela.

Bufando, ele concorda com um movimento de cabeça.

– Não fui à apresentação dela por vergonha de encará-la. Depois do que eu disse, eu não tive coragem. E agora – ele solta um riso de escárnio – não sei se me sinto um Bosta por ter falado o que falei, ou por não ter ido.

– Os dois. Mas, espera... que apresentação? – Indago, confuso.

– Como que apresentação? Da monografia, óbvio.

– Caralho! Porque você não me avisou? Eu não sabia, porra! Não acredito que não fui...

Agarro meus cabelos entre os dedos e os puxo, enquanto Felipe apenas dá de ombros.

– Achei que você sabia.

– Ela foi bem?

– A Sandrinha disse que ela praticamente sambou na cara da banca, que inclusive, o Stuart fazia parte.

Argh! Aquele Filho da Puta... e agora eu nem tenho uma secretária pra encomendar a merda de um buquê de flores.

Uma gargalhada irrompe nossos ouvidos e nós dois encaramos Rafael, que entra na sala do Felipe como se fosse a sua própria.

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