Capítulo Treze - Daniela Fernandes

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Daniela

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Daniela

– O que você vai fazer? – Felipe pergunta, atrás de mim, enquanto adentro a casa da nossa mãe.

Me surpreendo ao ver Augusto sentado na sala, tomando café, só que sem a louca que ele chama de esposa. No entanto, passo reto por ele e subo as escadas furiosamente.

Saí emputecida da trilha, na garupa do meu irmão, dessa vez. Sandra fora muito gentil em ceder seu lugar, apesar de uma vozinha no fundo da minha mente insistir que ela está em débito comigo e não fez mais do que a obrigação.

Não consigo acreditar que esse inferno não teve fim. Não consigo assimilar toda essa loucura, de Ricardo socando o queixo do Neto e este, querendo conversar comigo em particular.

O que deu em todo o mundo?

Até o Rafael estava querendo brigar, droga!

O plano improvisado era simples: depois de Ricardo inventar nosso noivado (o que me surpreendeu pra cacete), Neto me deixaria em paz e eu poderia andar pela minha cidade sem receber olhares reprovadores ou ser importunada. Nada de agressões e nem de conversas inusitadas. No entanto, o destino me pregou uma peça. E das boas.

– Daniela, eu tô falando com você! – Insiste meu irmão, subindo atrás de mim.

Abro a mala sobre a cama de solteiro e começo a colocar minhas peças de roupa dentro, sem nenhum cuidado.

– Vou hoje pra São Paulo. Não é justo que meu passado de merda estrague o feriado de todo o mundo.

– Você não vai pegar estrada sozinha. – Diz, categórico.

– Eu vou. Sou maior de idade e bem grandinha pra tomar as próprias decisões e me cuidar. Chega de me dizer o que fazer.

– Porque não disse isso antes de eu socar a cara do meu então melhor amigo?

Paro o que estou fazendo e fito Felipe, incrédula com sua resposta.

– Eu nunca te pedi pra fazer isso, Lipe. – Respondo, com o tom de voz magoado, agora.

– Mas eu fiz, e fiz pra defender você! Mas parece que você não valoriza, ? Já que é bem grandinha, agora. – Acusa com ironia.

Solto um riso fraco e sem humor.

– Você está sendo injusto. – Acuso de volta.

– Injustiça parece ser o nosso forte, então. Minha proteção excessiva te deixou mimada, Daniela.

E então ele vira as costas e sai, sem olhar para trás. E eu choro, sentindo o peso das palavras massacrarem meu peito.

[...]

– Ei... – sinto meu colchão se afundar e viro o pescoço para constatar Levi, olhando-me com pena.

Definitivamente, eu odeio esse olhar.

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