De Felipe, Para Daniela

2.2K 276 16
                                    

Felipe F. Menezes

para fernandesdaniela@gmail.com

ASSUNTO: -

Pequena Mosqueteira,

Não tão pequena assim, quanto eu idealizei. Você cresceu, e cresceu tão rápido quanto um piscar de olhos. Tão rápido que eu não tive tempo de assimilar que poderia ter tomado suas próprias decisões, sem minhas desnecessárias interferências. Um conselho ou outro, talvez, mas não do jeito que vinha sendo.

Eu deveria começar este texto com um pedido de desculpas, que embora sincero, sei que jamais será capaz de apagar as palavras rudes que atirei sobre você, em nossa última conversa.

Arrependo-me amargamente do momento em que decidi "conversar" sobre seu envolvimento com Ricardo enquanto estava cego pela raiva, sentindo-me traído, de certa forma. Mas, infelizmente, como diz o conhecido ditado, há três coisas que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida. Sinto não ter me lembrado da sábia frase antes de ofender, sem dúvida, uma das pessoas mais importantes da minha vida. Sinto tê-la decepcionado ao não comparecer a sua defesa da monografia, que sei o quão importante fora, para você. Sinto também ser tão ruim com as palavras a ponto de estar precisando escrever, ao invés de tê-las dito olhando em seus olhos, tão semelhantes aos meus, quando tive a oportunidade. Contudo, em minha defesa, ainda que eu sinta este último, aguardei o meu tempo (certo ou não) para procura-la. Esperei pacientemente não estar movido pelo ressentimento para escrever-lhe com o coração limpo.

É difícil para eu aceitar que agora não sou o único a zelar por você. Foram tantos anos assim, afinal, que eu não estou sabendo lidar com essa repentina mutação em nossas vidas, embora eu esteja demasiadamente feliz em saber que temos cem por cento o mesmo DNA. Não que este fato tenha feito muita diferença em nossa relação, mas é como se nossos laços tivessem sido reforçados.

Eu sinto Daniela, por não ter estado ao seu lado quando você recebeu mais uma rasteira da vida, embora isso tenha sido culpa do nosso pai, que não me deixou procura-la, alegando que você precisava de tempo para digerir a descoberta sobre sua paternidade. E ele tinha razão, eu sei.

Ademais, embora eu tenha uma breve noção de onde você esteja, respeito seu tempo, mesmo que a casa esteja tão solitária e silenciosa sem a sua presença. Não vejo a hora de você voltar, minha Irmã, mas quero que retorne quando seu coração tiver sido capaz de perdoar a minha hipocrisia e falta de respeito.

Acredito que eu tenha dito tudo que meu coração sente, e dane-se que isso tenha soado meio boiola.

Fica bem, Mosqueteira. E não se esqueça: amo você.

P.s: os caras estão com saudades do seu macarrão "unidos venceremos".


Ultrapassando LimitesOnde histórias criam vida. Descubra agora