Capítulo Vinte - Daniela Fernandes

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Daniela

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Daniela

"Foi mal, eu devia ter dito da primeira vez que senti. Você sempre me dando sinais e eu nunca entendi. A minha covardia te afastou de mim..."

Após ter pego o elevador e subido para o apartamento praticamente correndo, e me recusando, a todo o custo, sentir-me desolada por Ricardo Vasconcellos, inspeciono todos os cômodos da casa. Vou acendendo as luzes por onde passo e chamando por Felipe, mas, como resposta, obtenho apenas o silêncio ensurdecedor do ambiente.

Reviro os olhos ao constatar que estou novamente sozinha dentro desse apartamento grande demais para uma só pessoa.

Entretanto, apesar de não apreciar essa ausência descabida do meu irmão, é bom ter a liberdade de poder tirar as minhas roupas pelo caminho, como faço agora, para em seguida, me jogar sob a água quente e revigorante do chuveiro.

As coisas entre mim e Rick estão estranhas, e, sinceramente, eu não sei discernir se isso é algo bom ou ruim. O acordo que eu mesma propus a ele, na viagem que fizemos para Boa Esperança, está se virando contra mim. O feitiço, virou contra a Feiticeira – como ele adora me chamar.

Quanta ironia do destino!

Exigi que não cobrássemos nada um do outro, e qual foi a primeira coisa que eu fiz quando me deparei com aquelazinha quase sentada em cima do pau dele, mesmo por sobre as roupas? Pirei, dando a Ricardo, mesmo sem querer, a oportunidade de perceber a minha vulnerabilidade, que fora resultado da paixonite idiota que venho nutrindo e que fora descoberta há poucos dias por mim mesma.

Com meus dedos já enrugados pela água, desligo o chuveiro, enrolo meus cabelos longos em uma toalha, e visto um roupão felpudo e quentinho.

No fundo, sei que subestimei Ricardo Vasconcellos; já que, em minha cabeça, eu jamais seria capaz de me apaixonar por um homem tão arrogante feito ele. E subestimei a mim mesma, também. Afinal, me considerei autossuficiente demais a ponto de ter a certeza de que, dele, eu só queria o sexo. Ledo engano.

Agora estou aqui, nos mesmos trajes, com uma xícara quentinha de chá entre as mãos, tentando dissipar a angustia que assola meu peito, e completamente arrependida de ter deixado meu medo falar mais alto e não ter aceitado seu convite logo da primeira vez, quando Ricardo ainda não tinha reconsiderado sua proposta de dormirmos juntos esta noite.

Bem feito pra você, Daniela.

[...]

Hoje está completando exatamente um mês que estou trabalhando para Augusto. Recebi meu primeiro salário e confesso estar deslumbrada, visto que, em minha conta bancária, eu jamais havia visto um saldo tão alto – levando em consideração que eu recebia um salário mínimo no Café da dona Lourdes.

Mesmo que eu tenha as minhas dúvidas sobre Augusto estar sendo justo referente ao valor do meu salário, pela primeira vez, não sinto vontade de questionar.

Ultrapassando LimitesOnde histórias criam vida. Descubra agora