Capítulo 16

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Rita colocou as sacolas na mesinha de centro da sala.

-Obrigada -murmurei. Rita respondeu com um sorriso simples.

-Eu sei que você gosta de comida asiática, então aqui tem arroz com peixe- Senti algo se remoer no meu estômago - macarrão -coloquei a mão na boca evitando um desastre - e sushi -o desastre aconteceu.

-Oh Meu Deus! - Rita levantou num pulo se afastando - Erika?

Fiquei quieta por alguns segundos olhando para o chão. Finalmente limpei a boca com o antebraço. Horrorizada, fitei o chão da casa da Rita, e de repente sushi pareceu tão....

-Erika! Quer que eu chame alguém? -Rita insistiu depois de me ver novamente colocando meus rins pra fora.

Ergui a mão em sua direção em sinal de 'pare' enquanto cambaleava do sofá até cair de joelho no chão. Uma pose nada charmosa para constar.

Por um momento pensei que morreria ali sem ar engasgada. Parando para pensar não seria tão ruim, mas depois de uns minutos parou, talvez por que toda crise tem fim, ou por que eu não comi nada hoje e não tinha mais o que botar para fora.

-É tudo culpa minha - A garota colocou a mão na cabeça dando voltas pela sala de cabeça baixa. -Eu li em algum lugar que quando uma pessoa, principalmente pessoas jovens passam muito estresse podem ter alterações ou confusões mentais, cansasso, insônia, náuseas...

-Rita! Da pra parar? Não é nada confortante ter alguém pirando quando você está pasando mal -retruquei de forma nada gentil.

-Sim... -Pigarreou -eu acho melhor você tomar um banho -a dei um olhar sarcástico.

-Antes, vou pegar um pano - olhei de relance para o chão, Rita ainda bem afastada do caos apontou para uma porta. -obrigada.

Fui até a porta, lá estava alguns produtos de limpeza. Peguei o pano e sai em direção a sala. Rita ja tinha tirado as sacolas e cuidadosamente fiz uma limpeza no lugar.

No outro dia não foi diferente. Concluímos que eu estava passando por uma crise de Verminose, Intoxicações, infecção estomacal. Entre outras inúmeras doenças de inúmeros livros e sites nada-confiáveis que a garota ruiva ao lado faz questão de acessar por 5 horas diárias.

Eu aprendi uma lição muito valiosa. Nunca aceite o convite de uma pessoa com T.O.C, admito que é interessante assistir o como ela fica horrorizada por ver algo em 2 milímetros de distância do lugar certo, porém, isso começa a ser incrivelmente chato quando ela não tem o que fazer, mesmo que aconteça raramente levando em conta que ela acha diversão até em organizar os talheres em números - números na ponta dos talheres - mas, quando acaba o que fazer, não pense que ela vai deitar e assistir Netflix. Não.

Ela vai querer resolver os seus problemas. Rita cortou o meu cabelo dizendo que as pontas não estavam uniformes. Cortou o vestido da formatura para que fique sem imperfeições. Não posso dar um passo sem que ela passe por mim e examine. Me desculpe, mas está passando do nível irritante. Nessa semana andei pensando seriamente em voltar para a minha mãe, aposto que ela está morrendo de saudades, ou já foi embora para China antes que eu voltasse.

Estava de ponta cabeça no sofá da sala assistindo Glee. Por que? Porque eu não tinha coisa melhor para fazer.

-O sangue vai ir para a sua cabeça -Rita se sentou ao meu lado.
Dei de ombros, não seria tão ruim.

As mãos da Rita começaram a tremer quando jogaram a sopa na cara da Rachel.

-Alguém tenque limpar aquilo - Ela desviou o olhar. Revirei os olhos e por um momento pensei neles caindo e encontrando o meu cérebro. Levantei rapidamente ficando sentada normal ao lado da Rita. Desliguei a televisão eme virei para ela. -Posso te fazer um pergunta?

-Depende -Ela suspirou.

-Você realmente amou... o Mikael? -Perguntou de forma indiferente, mas era evidente do como essa pergunta deve ter mechido com ela.

-Não -Falei fria me lembrando de algumas pesquisas que fiz, Rita me olhou ansiosa, ela não se contentaria com uma resposta monossílaba -Pesquisei e vi que existe vários tipos de amor. No caso, existe paixão, atração e o amor. Paixão é algo momentâneo, parece, só parece com amor, ela não é recíproca e pode acabar. -Dei de ombros fitando o chão - Atração é você admirar uma aparência, ou uma personalidade, confunde também, mas é quando você se apaixona pelo exterior de uma pessoa. E o amor - soltei o ar com um singelo sorriso -O amor nunca acaba.

Rita olhou as unhas por um tempo antes de me olhar.

-Você não gosta mais dele não é? -parecia esperançosa.

-Claro que não. Não consigo sentir nada por ele, se não, ódio, mas o ódio acaba e logo para mim ele será só um estranho. -Corri para o banheiro percebendo que eu ainda tinha os pulmões que não botei pra fora.

Se passou algumas semanas e eu já vomitava menos, porém, não deixava de ser constante, as ligações da minha mãe e do Mike se acumulavam depressa no meu celular. Ia fazer um mês, não queria imaginar minha mãe a um mês sem notícias minha, mas ela não se importou em me procurar, se fosse na casa dos meus amigos logo chegaria na Rita. Depois de um tempo Mike parou de ligar e eu tomei coragem para sair da casa, ver o sol que eu havia esquecido que existia, mas ele estava lá o tempo todo, com guerra, ou sem, com minhas lágrimas ou sorrisos.

Coloquei outra roupa da Rita e acompanhei o tempo. Ano novo se foi e eu estava o dia 10 de Janeiro. Um janeiro novinho em folha. Me permiti soltar o ar de olhos fechados ainda em frente da casa da Rita. Tudo o que eu passei, parecia ser só um passado ruim, um pesadelo. Parecia tão bobo eu chorar por aquilo, que agora me fazia sorrir e lembrar de momentos bons que na hora pareciam distantes.

Me veio a mente voltar a ver a minha mãe, a abraçar e dizer que está tudo bem. Que eu voltei, que nós não precisamos do papai para sermos felizes. Não parecia má idéia a contar tudo o que eu fiz e sofri, no fundo, eu sabia que ela me perdoaria. Sim, tinha luz no final do túnel. Sempre teve, era só esperar.

O tempo cura tudo não é?

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-_-
Me desculpe o pessimismo, mas o tempo não curou meu celular.

Eu ainda estou pagando ele. Paguei garantia estendida e o que eles disseram? "NÓS não temos mais responsabilidade pelo produto e nhenhenhe", eu vou continuar pagando por um celular que não funciona. Eba. Valeu Motorola.

Lembram o que eu disse no cap 14??? Isso ae, agora a história começa a dar jus ao titulo.

Beijos da Nic e Buenas Tardes.

Filho De Um DescuidoOnde histórias criam vida. Descubra agora