Capítulo 43

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— Por favor! — Eu já choro copiosamente sentido o peso do mundo em minhas já fartas costas.

A dor do mundo inteiro parece bater em meu rosto numa vingança por ter feito tantas pessoas sofrerem. Por que por mais que eu tente, eu sempre vou saber, eu vou viver e morrer sabendo que o resultado de tudo isso é culpa minha. Apenas minha.

Se eu não tivesse nascido, Rodrigo teria o amor que sempre almejou. Natasha não teria morrido. Minha mãe não teria sofrido pela minha saída repentina, nem mesmo meus amigos que a tanto me acompanharam sempre fiéis ao meus lado.

Ninguém estaria aqui sofrendo e se machucando e eu não estaria carregando duas crianças que de nada tem culpa e que estão sofrendo tanto. A dor é tanta que eu simplesmente sinto vontade de me jogar e deixar Rodrigo tirar tudo de mim logo. Apenas não aguento a pressão e a situação que me encontro me deixa terrivelmente acuada.

Começo a chorar mais e mais. Sinto as lágrimas quentes rasgarem o meu rosto e Rodrigo ri se deliciando do meu certeiro sofrimento. Tudo é terrível e a minha vontade parece não contar quanto a essa situação.

— Po-por fa... Vor — Imploro mais uma vez se humilhando, mas eu ao menos ligo para isso. Para mim a única importância valida no momento está longe de ser a minha reputação. Eu apenas quero o fim de tudo.

Eu só quero. Quero ir para casa.

Quero colocar a cabeça no colo dá minha mãe e chorar até não haver mais água em meu corpo. Eu quero a abraçar e ouvi -la dizer que a culpa não foi minha por mais óbvio que tudo tenha sido. Eu apenas a quero do meu lado. Eu quero ser a sua filhinha e dá -la o valor que ela realmente merecia e merece, mas que eu simplesmente não dei por puro egocentrismo.

Me concentrei tanto na minha situação trágica que a menosprezei sem tentar entender o que se passava em sua cabeça ou em tudo o que ela sofreu e ainda tentava parecer forte.

Eu só quero a minha mãe. Eu só quero voltar para casa.

— Não implore, é humilhante — Rodrigo diz com um sorriso superior sobre a minha posição tão triste.

Apenas triste, pois já está bem claro que não há mais nenhuma solução para isso. Rodrigo não vai ajudar a ninguém. Rodrigo é insensível e a única coisa que lhe importa é a sua vingança sem futuro.

Para ele, quem liga se um ou seis vidas serão tiradas hoje? Para ele é tudo uma vingança sem fundamento infeliz.

Desisto de implorar e me contento em apenas chorar. Não há nada que eu possa fazer então apenas abraço a barriga aproveitando os prováveis últimos minutos com os meus filhos. Com as pessoas mais importantes dá minha vida. Com o meu amor. Com os pedaços dá minha vida que nunca poderão viver.

— Já chega. Esse teatro já me cansa. Nunca fui chegado em drama de qualquer forma. Espero que Maisa se sinta orgulhosa dá cria vagabunda que teve — E então Rodrigo aponta a arma contra a minha barriga.

Eu chorei mais. Chorei até a minha garganta ficar anestesiada e ele não apertava o gatilho. Até... Até eu ouvir aquele barulho.

O pior barulho que poderia ser escutado. O barulho dá minha lenta e dolorosamente morte. O barulho que daria fim ao que nem começou.

O fim dá vida dos meus filhos. O fim dá minha vida. E o em breve fim dá vida dos meus melhores amigos e do pai dos meus filhos.

Gostaria de dizer que foi como nos filmes. Que a dor se foi deixando algum tipo de alívio do além. Mas isso está longe de ser verdade.

Dói. Dói demais e junto as lágrimas tudo fica pior.

Esse é o fim dos meu filhos, o fim dos meus amigos, o fim dá minha família...

O meu fim.

Filho De Um DescuidoOnde histórias criam vida. Descubra agora