Capítulo 21

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__Seja Bem-Vinda ao meu lar monamu! --- Rodrigo abre a porta da casa me empurrando delicadamente para dentro e eu me deparo ao pequeno espaço de seu apartamento.

As paredes eram de um bege, o chão era de madeira e o lugar parecia ter três cômodos. A sala que tinha um sofá cama, a cozinha que era dividida por um balcão entre a sala e uma porta que deveria dar ao banheiro. Mesmo que pequeno o lugar era aconchegante e trazia ao ambiente uma sensação de conforto.

Suspirei entorpecida pelo sono dando um bocejo levando a mão a boca com os olhos fechados. Sentei na ponta do sofá descansando a cabeça no encosto.

__Você nem esperou eu dizer "Mi casa, és tu casa" --- Rodrigo disse decepcionado com um tom brincalhão na voz.

__Não seja idiota --- murmurei alto me virando de lado numa posição mais confortável.

__Vou preparar a minha especialidade na cozinha e você verá quem é o idiota me implorando uma refeição --- Brincou tirando alguns ingredientes dos armários devido ao barulho.

__Se for macarrão instantâneo vomito no seu prato --- Falei, mas era a mais pura e verdadeira verdade. Meu estômago embrulhava só com a idéia.

Ele riu e eu me perguntei algo que me deixava confusa.

__Você não mora na rua?

__Sim e não --- Disse concentrado em algo no fogão --- Gosto de ajudar pessoas, como você, que ficam na rua a espera de ajuda...

__Eu não estava a espera de ajuda! --- Protestei.

__Mas, precisava, não é? --- Ele se virou para mim com o cenho levantado e um frustrante sorriso petulante.  Assenti contragosto, sim, eu precisava e preciso de ajuda. Se não fosse por ele eu estaria nessa noite fria na rua sozinha --- Então as vezes eu passo os dias do lado de fora e em outras vezes aqui dentro.

__E como fica seu emprego? Você não trabalha nesses dias em que fica ajudando "necessitados" na rua? --- Zombei.

Sim, eu continuava insistindo no assunto "emprego" e mais uma vez dentre as minhas milhares de tentativas ele desviou de assunto. Bufei irritada. Por que ele me escondia essa verdade? Ou será que ele não tinha emprego e assaltava as pessoas? Nah, Pouco provável, Rodrigo é doce demais.

Pensei em ligar a televisão e mesmo que sem interesse algum em qualquer coisa que venha a passar eu a liguei pelo controle jogado no sofá creme em que preguiçosamente estava enquanto Rodrigo cozinhava.

Troquei algumas vezes vendo artificialmente um canal ou outro até se deparar com um de música ousei aumentar um pouco mais para Rodrigo ouvir da cozinha.

__But every song' s, like a gold theeth grey goose... --- Rodrigo tentou cantar mas parecia que ele não sabia a letra.

Comecei a rir.

__Cala a boca! --- Falei ainda rindo.

__...And we 'll never be Royals --- Me ignorou ainda cantando --- Roooyals --- Fez um falsete ridículo com uma voz aguda.

Cai de costas no sofá com uma gargalhada.

__But Everbody's like cristal, maybach.
Diamond on your timepiece. Jet Planes, islands, tigers on a gold leash... --- Cantei me juntando a ele na cozinha.

__We don't care! --- Gritamos juntos essa parte da música.

__We aren't caught up in your love affair! --- Rodrigo finalizou cruzando os braços numa posição engraçada.

Rimos juntos e ele abaixou o som da televisão.

__Vamos comer! --- Falou e nos sentamos na mesa de vidro a dois da pequena cozinha.

O lugar todo era pequeno o que fazia da mesa um espaço mínimo para seis pratos encostados um no outro e mesmo assim isso não me incomodou, pelo menos até a hora de comer em que virou prioridade não deixar o copo de suco cair no chão do jeito que sou desastrada, o que foi vão pois em um momento de descuido meu, meu braço esbarrou e o líquido de abacaxi que estava no copo de vidro - agora quebrado - no chão.

Levei as mãos a boca após pedir desculpa repetidas vezes e ele dizer que está "tudo bem". Nunca fui de ser desastrada mas, parece que as coisas mudaram.

Eu iria dormir no sofá cama junto a ele, porém isso não me deixava nada confortável, a ideia não me agradava, pelo o contrário me deixava sem graça, e após repetidamente dizer que não precisava, que eu poderia dormir em qualquer outro espaço,  tal como o chão, eu aceitei pois o sono me vencia de forma anormal.

Me deitei e mal senti passar 5 minutos e eu já havia caído em um sono profundo. Não sei se sonhei, sinceramente nem sei se respirei pois é como se eu tivesse ficado inconsciente por muito tempo.

__Calma --- ouvi um choro baixinho.

Despertei os meus sentidos tentando mexer alguma parte do meu corpo, parecia ainda adormecido. Encostei os labios e os senti secos e depois de alguns segundos os umedeci e imediatamente o choro cessou. Ousei abrir os olhos mas uma luz forte me bateu e fechei os olhos novamente.

__Ela... ela está bem? --- Uma voizinha sussurrou perto de mim e nenhuma voz respondeu.

Consegui mexer os braços e levei um aos olhos os esfregando em seguida. Virei de lado sem sentir muita coisa, nem ao mesmo o peso do meu corpo sobre a cintura então abri os olhos rapidamente imaginando o pior.

Me deparei com duas figuras ainda um pouco borradas. Apertei os olhos novamente antes de abrir de novo e elas continuavam lá, eu não estava sonhando.

__Você está bem, querida? --- A figura maior falou.

Tentei me sentar mas a minha falta de sentidos me deixava um pouco desorientada.

__Onde estou? --- disse ainda deitada.

A mais nova suspirou e murmurou baixinho um "no inferno" mas levou uma cotovelada da mais velha que parecia mais preocupada do que irritada.

__Vamos, eu te ajudo --- Ela me ajudou a levantar e encostar numa parede.

__Onde estou --- Repeti e as figuras começaram a ganhar forma. Uma mulher que deveria ter entre 25 e 30 anos e a mais nova que não era muita mais nova que eu, deveria ter 15 anos.

A mais velha forçou um sorriso, se é que isso poderia ser considerado um sorriso.

__Qual seu nome docinho? --- Senti um embrulho no peito. Onde é que eu estava?

__E... Erika --- Senti lágrimas nos olhos com um sufoco no pescoço, de repente senti -me desesperada.

__Assim como nos disseram...

__Onde eu estou --- desajeitadamente supliquei tentando engolir as lágrimas.

As duas se olharam e depois me olharam como se considerassem a idéia que eu tinha o total direito de saber.

__Na sua nova casa --- Me encarou com pena --- Num prostibulo.

Senti o ar me faltar.

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Gente, irei postar uma vez por semana, na Quarta ou Quinta feira e talvez haja capítulos bônus em meio da semana.

Obrigada pelas leituras fantasminhas que eu amo! Beijos da Nic e Buenas Tardes.

Filho De Um DescuidoOnde histórias criam vida. Descubra agora