Capítulo 24 - Especial 1k 1/3

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Bati no joelho impaciente fitando o policial ruivo a minha frente que me olhava como se Sofia havia acabado de morrer, mas eu sabia que isso não tinha acontecido.

Ele me olhava numa mistura de pena, dó.

__Vai falar ou não? --- Franzi o cenho exageradamente e ele continuou calado me olhando. Revisava olhares entre meu rosto e corpo até que me cansei e levantei ficando de sua altura. Coloquei as mãos na cintura, dramática. --- Ta legal. Eu vou entrar ali e vou velar o corpo da sua amada Sofia que a contar pelo seu rosto foi mutilada.

Ousei girar o corpo em direção ao corredor, porém ele me puxou pelo braço com urgência e finalmente com um dolorido suspiro abriu a boca.

__Sofia me contou, não precisa ficar intimidada...

O olhei como uma louca tendo completa certeza que minha testa estampava com letras garrafais: "Você tá bem, amigo?"

__Mas, o que? --- Falei confusa.

__Eu entendo que é difícil mas eu não tenho preconceito. Acontece e... --- Tentava se explicar de forma ridícula.

__Escuta só, o que a Sofia te disse? --- Meus hormônios gritaram imaginando uma Sofia tagarela e inconsequente falando idiotices para pessoas alheias.

__Que você é a irmã dela --- Calma ai --- E assim como ela sofre de um distúrbio no cérebro e... --- suspirou --- e tem vergonha disso por isso não conta para ninguém sobre seu parentesco.

Bati o pé no chão o esfregando contra o mesmo como se tivesse um cigarro ali. Apertei os lábios girando os calcanhares.

__Pelo menos minha irmãzinha está viva --- Murmurei com escárnio o fato que eu já não dava mais tanta importância.

E agora? O que eu diria? Que eu vou embora e deixar minha irmã mais nova sozinha com um estranho em um hospital? Completamente normal.

Revirei os olhos com tamanha idiotice pensando se Sofia disse aquilo por que simplesmente é idiota ou por que ela não planejava me largar tão cedo. Sofia é uma idiota esperta.

__Marcos --- O chamei assim que despertei de meus fantasiosos pensamentos. Ele virou a cabeça devagar a minha direção tirando a atenção da televisão.

__Sim? --- Certinho e atencioso. Não gosto de você.

__Sofia está bem? --- Sim, a gravidez não afetou tanto meus bons modos e eu tive a decência de perguntar sobre minha irmã que levou um tiro.

__Se estar em uma cirurgia para amputar o braço é estar bem, ela está mais que ótima --- ironizou e eu senti a pressão cair. Lágrimas vieram aos meus olhos e senti aquela coisa chamada culpa. Jeová, a minutos atrás eu estava pensando barbaridades e isultos sobre uma pobre garota que agora está a ponto de perder o braço. Eu sou uma pessoa horrível. Coloquei a mão na boca completamente desesperada --- Calma Erika. É brincadeira --- Ele riu sozinho da piada sem noção --- Ela está bem. A bala não entrou muito, foi mais superficial por que pelo visto o atirador era "caolho" --- riu mais um pouco e eu continuei séria com vontade de quebrar algo --- Já retiraram a bala. Vão deixar ela repousar um pouco e em algumas horas ela logo ira sair.

Senti o sangue subir e correr violentamente pelas minhas veias até enfim chegar em meus punhos que pulsavam implorando um rostinho bonito para bater, mais especificamente o rostinho de um certo policial ruivo.

Digo a verdade, eu nunca fui agressiva. Era a favor da paz e a última coisa que desejava para o próximo era o mal. Evitava discussões e me empenhava para a alegria de todos ao meu redor mas agora? Eu só sentia vontade de bater em alguém. De descontar a raiva que eu sentia de Mike por me engravidar, de Sabrina por chegar a não considerar minha amizade substancial, de Scott por a induzir a isso, de Rita por ter uma parcela de culpa e de sua doença, de Rodrigo por me enganar, de Sofia por ser doente, de Marcos por ser inconveniente, das garotas do meu quarto no prostibulosem motivo específico.

O mundo parecia conspirar contra mim e eu senti a respiração ficar pesada e isso era uma droga. Eu tinha raiva da minha mãe por não ter me dado a atenção que merecia, do meu pai por ser tão idiota a ponto de deixa -la e me deixar. Eu tinha raiva de mim por ser tão tapada e principalmente do feto-não-desenvolvido na minha barriga que era a fonte, a raiz de tudo de errado na minha vida ele era o problema e foi ai, socando o ruivinho descompassadamente, que eu notei que se corta o mal pela raiz.

Como se acaba com um problema? O resolvendo. Acabando com a raiz do problema, o centro de tudo de ruim originado dele, assim que se resolve um problema.

Alguns guardas do hospital me tiraram de cima do policial fracote falando alguma bronca ou simplesmente gritando, não sei, não ouvi, tudo estava quieto e eu não conseguia raciocinar direito só sentia seus fortes braços me carregando para fora do hospital e a imagem do policial-ruivo-fracote desnorteado pela surra da adolescente-grávida-furiosa, enquanto minha mente repetia como um mantra afetivo:

Se corta o mal pela raiz
Se corta o mal pela raiz
Se corta o mal pela raiz

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Amigooos! Vamos contar comigo:
1. 2. 3. 4. 57. 300. 689. 890. 999 e...

ISSO MESMO!

1000, ou o jeito mais chique: 1K

Chegamos a 1K e permita -me explodir em alegria. Muito obrigado fantasminhas que eu amo! O especial foi dividido em 3 partes para vocês, todas serão postadas hoje! Happy Madrugs!

Beijokas e até o amanhecer ;)

Filho De Um DescuidoOnde histórias criam vida. Descubra agora