Capítulo 35

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Tomamos o café calmamente. Com uma felicidade que a tanto sinto falta, parece que faz uma eternidade que eu esteja tão contente.

Minha mãe permanece alegre conversando com o meu pai sobre diversas coisas nas quais não presto atenção, apenas no como é a sensação de se sentir em casa e com esse sentimento de "posso fazer qualquer coisa" no peito. Por que é verdade.

Eu posso ligar para o Mike e dize -lo que quero ficar com ele para sempre e criar um lar familiar assim como esse.

Posso alertar os meus amigos da minha volta é voltar a falar com eles.

Posso avisar Sofia e Marcos que estou bem e voltar a morar com eles.

Avisar a Fim do Túnel e morar naquele conforto.

Posso fazer tanto que parece irreal.

Mas é real. E isso me aquece o coração.

Um mês e algumas semanas depois

O mundo não é tão ruim como você pensa. Eu faço falta e as pessoas que me amam também.

Sumir é idiota, mas me fez bem. Me fez aprender e conhecer novas pessoas. Sair do meu mundinho de vídeo intocado e ver o mundo é bem maior.

— Parabéns, Erika — Sabrina celebrou contente comigo, enquanto eu enfiava outro pedaço de bolo na boca.

— Obrigada — Disse ainda de boca cheia.

— Ah... Ainda não acredito que minha garota deixou os modos de lado. Que orgulhinho — Sabrina Apertou minhas bochechas se referindo a forma que eu respondi, ainda de boca cheia.

— Keka! — Rita correu na minha direção segurando uma câmera.

— Será que eu nunca vou poder sentar e comer o meu bolo em paz? — Murmurei quase revirando os olhos.

— Preciso de umas fotos. Não é todo dia que seu filho completa Seis meses! — Rita estava ansiosa, isso é fato. Andava tentando lidar com o T.O.C e um dos sintomas do tratamento era a ansiedade.

Ela estava de fato fazendo um grande progresso. Nem havia tocado nos copos de plástico em cima da mesa que estavam caídos.

— Depois... Espera só eu terminar de comer, Ritinha — Pedi, mas minha mãe apareceu e tirou o bolo da minha mão.

— Não, minha garota, já chega! — Minha mãe disse, mandona.

— Mas por que?! — Eu já estou emburrada sem o açúcar do bolo na boca.

— Quando eu estava grávida eu pensava que podia comer o que quiser e acabei engordando onze quilos. E sabe mais? Depois que você nasceu você não levou aqueles onze quilos junto. Eles continuaram aqui — Minha mãe Apontou para a própria barriga.

— Amor — Meu pai surgiu atrás dela — Deixa ela

Ele sorriu carinhoso e minha mãe toda derretida obedeceu. Ela pegou o prato e entregou na minha mão.

E gulosa, como a gravidez me fez ser já enfiei uma garrafa na boca.

Quando eu já estava terminando o bolo chamei Sabrina e Rita para subirem até meu quarto.

— E aí, gênia — Abracei Rita assim que chegamos no quarto — Soube que agendou a prova do ENEM para esse ano. Tenho certeza que vai conseguir.

— Há, eu sei — Ela disse com um sorriso feliz no rosto. Ela não tinha feito ano passado por causa de todo o drama de eu em sua casa e do meu sumiço.

— Ainda me sinto meio culpada por ter feito você perder a prova — Disse meio cabisbaixa.

— Já conversamos sobre isso. Eu não ligo. E aliás, o dia é seu, só vamos conversar coisas que valem a pena!

Filho De Um DescuidoOnde histórias criam vida. Descubra agora