Tomamos o café calmamente. Com uma felicidade que a tanto sinto falta, parece que faz uma eternidade que eu esteja tão contente.
Minha mãe permanece alegre conversando com o meu pai sobre diversas coisas nas quais não presto atenção, apenas no como é a sensação de se sentir em casa e com esse sentimento de "posso fazer qualquer coisa" no peito. Por que é verdade.
Eu posso ligar para o Mike e dize -lo que quero ficar com ele para sempre e criar um lar familiar assim como esse.
Posso alertar os meus amigos da minha volta é voltar a falar com eles.
Posso avisar Sofia e Marcos que estou bem e voltar a morar com eles.
Avisar a Fim do Túnel e morar naquele conforto.
Posso fazer tanto que parece irreal.
Mas é real. E isso me aquece o coração.
Um mês e algumas semanas depois
O mundo não é tão ruim como você pensa. Eu faço falta e as pessoas que me amam também.
Sumir é idiota, mas me fez bem. Me fez aprender e conhecer novas pessoas. Sair do meu mundinho de vídeo intocado e ver o mundo é bem maior.
— Parabéns, Erika — Sabrina celebrou contente comigo, enquanto eu enfiava outro pedaço de bolo na boca.
— Obrigada — Disse ainda de boca cheia.
— Ah... Ainda não acredito que minha garota deixou os modos de lado. Que orgulhinho — Sabrina Apertou minhas bochechas se referindo a forma que eu respondi, ainda de boca cheia.
— Keka! — Rita correu na minha direção segurando uma câmera.
— Será que eu nunca vou poder sentar e comer o meu bolo em paz? — Murmurei quase revirando os olhos.
— Preciso de umas fotos. Não é todo dia que seu filho completa Seis meses! — Rita estava ansiosa, isso é fato. Andava tentando lidar com o T.O.C e um dos sintomas do tratamento era a ansiedade.
Ela estava de fato fazendo um grande progresso. Nem havia tocado nos copos de plástico em cima da mesa que estavam caídos.
— Depois... Espera só eu terminar de comer, Ritinha — Pedi, mas minha mãe apareceu e tirou o bolo da minha mão.
— Não, minha garota, já chega! — Minha mãe disse, mandona.
— Mas por que?! — Eu já estou emburrada sem o açúcar do bolo na boca.
— Quando eu estava grávida eu pensava que podia comer o que quiser e acabei engordando onze quilos. E sabe mais? Depois que você nasceu você não levou aqueles onze quilos junto. Eles continuaram aqui — Minha mãe Apontou para a própria barriga.
— Amor — Meu pai surgiu atrás dela — Deixa ela
Ele sorriu carinhoso e minha mãe toda derretida obedeceu. Ela pegou o prato e entregou na minha mão.
E gulosa, como a gravidez me fez ser já enfiei uma garrafa na boca.
Quando eu já estava terminando o bolo chamei Sabrina e Rita para subirem até meu quarto.
— E aí, gênia — Abracei Rita assim que chegamos no quarto — Soube que agendou a prova do ENEM para esse ano. Tenho certeza que vai conseguir.
— Há, eu sei — Ela disse com um sorriso feliz no rosto. Ela não tinha feito ano passado por causa de todo o drama de eu em sua casa e do meu sumiço.
— Ainda me sinto meio culpada por ter feito você perder a prova — Disse meio cabisbaixa.
— Já conversamos sobre isso. Eu não ligo. E aliás, o dia é seu, só vamos conversar coisas que valem a pena!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Filho De Um Descuido
Teen FictionMe sinto Desrespeitada Estúpida Idiota Presa Errada Imbecil Inocente Grávida Na verdade é até estranho pensar nisso, sou boba de mais mesmo.... Chorei de mais mas, conto como foi a história, a tramóia, a idiotice de como fui parar na situação na qua...