Capítulo 37

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As coisas não poderiam estar pior. A angústia, o medo e a incerteza dominaram o meu ser, sabendo que não havia nenhuma explicação lógica para o que acontecia comigo sem envolver esses bilhetes. Mas o pior de tudo é que eu não sabia quem estava mandando isso ou por que!

Por que alguém faria isso? Por que alguém tiraria o próprio tempo apenas para atormentar uma mulher grávida?

— Erika, respira, tenque haver alguma explicação para isso — Rita tentava me acalmar.

— Não há explicação! — Me exalto — A única verdade, a única explicação para isso tudo é isso aqui! Alguém os sequestrou e quer brincar com a minha, a nossa sanidade!

As duas se calaram e aos poucos o silêncio reinou, até que por fim alguém abriu a boca.

— Acho que podemos confirmar isso com um telefonema — Rita disse apenas.

— Desembucha logo que eu não tô conseguindo paciência pros seus joguinhos, Ritinha — Sabrina disse mal humorada, representando também meu humor atual.

Rita suspirou e enfim abriu a boca.

— Vamos ligar para Marcos, talvez ele também esteja preocupado com a Sofia... — Ela disse por fim e eu quase ri.

— "Talvez"? — Perguntei em deboche — Se eu conheço Marcos bem, o que eu conheço, ele já deve ter dado a volta ao mundo a procura dessa menina. Me surpreende que ele não me tenha ligado.

— Talvez ele não tenha seu telefone — Rita rebateu.

— Ele é da polícia. Não deve ter, sei lá, alguns documentos que te dão todas as informações da vida de uma pessoa? Como o telefone dela?!

— Mas isso provavelmente é ilegal!

— Sabe o que também é ilegal? O relacionamento dele com uma criança de quinze anos! — Dessa vez eu falei um tanto alto, de modo que eu mesma me assustei.

— Okay, já chega! — Sabrina nos interrompeu entrando entre nós mas encarando a mim fixamente, mas enfim desviou o olhar para Rita também — As duas! — Rosnou.

Nós duas assentimos, e eu concordo que brigar não é uma boa ideia levando em conta nossa situação atual.

Suspirei Levando as mãos a cabeça completamente exausta.

— Sabe o que eu acho que devemos fazer? — Perguntei sem encara -las diretamente — Dormir — Respondi a minha própria pergunta.

— Mas o que? Com tudo isso acontecendo e você quer... Dormir?! — Rita perguntou exaltada.

— Exato — Concordei — Você quer o que? Ligar para um oficial que trabalhava o dia inteiro em plena madrugada apenas para o importunar com teorias adolescentes? Por favor, Rita, nós estamos cansadas. Foi muita coisa para só um dia e eu só quero... — Encarei minha barriga — Nós só queremos descansar.

Rita se calou e vi que concordou com a cabeça.

— Me desculpa, Erika, não sei o que estava pensando e...

— Foi o cansaço — A interrompi tentando sorrir para a acalmar, o que funcionou.

E assim arrumamos os colchões e fomos dormir tentando de alguma forma esquecer que nossos amigos foram sequestrados e dependem apenas de nós para salva -los. Ao mesmo tempo que eu estou grávida de duas criaturas que tem como maior diversão chutar minhas costelas.

A manhã chegou, e infelizmente as preocupações também.

Eu fui a última a acordar, e assisti preguiçosamente enquanto Rita tinha um ataque de ansiedade, e Sabrina chorava por Scott, que segundo a lógica não a abandonou. Nunca a abandonou, sempre a amou e apenas foi preso e coagido a dizer que "me ama". Sabrina já ligou para o Bruno, e não pensou duas vezes antes de terminar tudo.

Filho De Um DescuidoOnde histórias criam vida. Descubra agora