Capítulo 18

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Seu rosto estava vermelho de um jeito que eu não conseguia identificar o porque. Era vergonha? Raiva? Medo? Pena?!

__Rita?! --- mesmo que tentando soar calma aquilo pareceu como o ruído de um desesperado. Fechei as mãos em punho apertando com força suficiente para certamente rasgar minha pele, mas nada disso tinha importância.

__Qual - Foi - A - Última - Vez - Que - Você - Sangrou? --- A Rita repetiu lentamente se levantando ficando de frente a mim como se eu tivesse uma espécie de retardo mental.

Abri a boca acerca de três vezes e a cada vez puxava o ar com mais força e tanta que na quarta cheguei a me esgasgar. Rita continuava a me olhar penosa e ao mesmo tempo desesperada. Ela se sentou no sofá como se meu silêncio fosse uma confirmação de que estou atrasada.

Ela olhava freneticamente entre meu rosto - chocado, aflito, medroso desesperado - E para as suas mãos.

__Erika, eu acho... --- Ela começou tentando formular algo em meio aos espasmos e diversas palavras murmuradas sem nexo algum.

__É só... --- Engoli seco enquanto a interrompia --- Uma possibilidade.

Eu tinha certeza de muitas coisas sobre a minha vida, como por exemplo, ela estava acabada, eu nunca iria amar ninguém denovo, que eu tenho uma incrível capacidade de ser trouxa, entre outras, mas que isso é só uma "possibilidade" sem dúvida alguma eu não tinha certeza.

__Eu... eu fui ao hospital --- Rita começou a falar, me irritando profudamente, será que ela não podia ficar quieta por um minuto?! --- Descrevi todos os seus sintomas, dês do início...

A olhei atentamente enquanto ela se levantava e ia para trás do sofá como uma proteção invisível, seus olhos ja estavam marejados, não acredito que muito diferentes dos meus, deu uma mordida no labio inferior enquanto prendia o cabelo ruivo em um rabo de cavalo obviamente para tomar mais tempo. Apertou os olhos e mecheu os lábios com palavras silenciosas que eu não podia ouvir e finalmente teve a cara de pau de olhar para o meu rosto e fixamente nos meus olhos para enfim me tirar o chão com um grupo de palavras que eu preferia que deixassem de existir a serem faladas em voz alta.

__Ele deu uma gargalhada quando terminei de lhe contar seus sintomas e perguntou se eu estava brincando --- Ousou dar uma risada fraca - que obviamente não era o certo levando em conta a situação em que estávamos - desviando os olhos para o chão --- Logo ele colocou isso na mesa --- Ela apontou para o teste que estava descansando no sofá --- E perguntou o que EU achava, e logo tudo fez sentido...

A olhei e percebi que a culpa não era dela, de fato não era e nunca foi eu ter desgraçado com a minha vida, ela só esclareceu isso um pouco antes de eu descobrir sozinha, um pouco antes de eu estar pulando em arco íris depois de uma conversa com a minha mãe e o meu mais novo pai.

Bati os lábios em um barulho irritante como se castigando a minha colega com T.O.C. Ela fez uma careta que quase, quase me fez abrir um sorriso. Até que a ficha caiu, e o peso voltou as minhas costas e senti como se tivesse acabado de colocar sapatos de chumbo, por que não conseguia me mover e fiquei apenas parada sentindo o chão me puxar e ouvi um soluço que a pouco havia saído da minha garganta.

__Não! Não chore! --- Rita veio ao meu encontro com lágrimas caindo também e usou a sua mão para limpar as minhas lágrimas, mesmo que não precisasse levando em conta que eu tenho mãos.

__Eu joguei a minha vida fora --- Gritei entre os soluços que agora saiam com uma volúpia tão impressionante que imaginei que iria morrer engasgada. Me sentei no sofá.

__Ainda não temos certeza! --- Rita falou o seu falho consolo que me fez ficar ainda mais irritada, sentia dor, muita dor.

Essa não era a frase certa Rita!

Eu continuei ali abraçada nela até que ela bufou de uma forma extravagantemente audível, como ela podia se irritar com isso?! Eu estava sofrendo, chorando, no mínimo ela deveria se compadecer.

__Venha logo! --- Ela se levantou deixando minha cabeça cair no sofá e de forma indiferente puxou o meu punho com uma força que eu desconhecia dela e logo pegou o teste nos arrastando para o banheiro.

__Ritaaa --- Choraminguei me debatendo ainda de olho fechado.

Ela me ignorou pegando um potinho e o teste e colocando em minhas mãos sem me deixar contradize -la. Observei seu rosto a sem expressão me olhando como se estivesse esperando.

__Eu... --- comecei.

__Eu sou uma garota --- Ela me interrompeu com um olhar que significava muitas coisas e entre elas "Se você não urinar aí eu vou te esganar".

Obedeci e assim fiz ainda meio sem graça com a presença dela me observando em todo ato que fazia. Ela pegou o potinho e colocou o teste nele.

Me aproximei curiosa mesmo que ja soubesse o resultado eu permiti que uma parte minha totalmente inocente e ingênua acreditasse fielmente que eu não seria a azarada que possue o útero mais fértil que o de um coelho.

Um suspiro da Rita encheu todo o cômodo com uma alegria indescritível quando um tracinho apareceu. Um tracinho!

Porém, eu não era idiota e sei muito bem que a vida gosta de te pregar peças sórdidas. E minha teoria foi confirmada assim que logo depois outro tracinho vermelho surgiu e a partir desse momento eu passei a odiar o número dois. Um já é o suficiente, o necessário, o bastante, o simples mas, ai chega o dois querendo ser melhor e estraga o Um.

Cerrei oa dentes mordendo um pedaço da língua de propósito colocando na minha cabeça que isso era culpa do número dois, senti a ardência se dissipar aos poucos e assim que acabou tratei sde fulminar com os olhos aquele teste que para alguém no mundo talvez seria a melhor coisa do mundo mas, para mim, a minha ruína.

Rita olhou para os pés ainda perdida num mundo que eu desconhecia. Talvez pensando algo bom para afastar os pensamentos ruins, para mim foi justamente o contrário, o ódio corria em minhas veias circulando uma única palavra.

MIKE

Ele não saberia disso. Jamais. Nunca. E se soubesse seria só quando essa criança estivesse grande o suficiente para eu dizer que ele ganhou um lindo par de chifres, me agradava pensar nele perdendo a cabeça sabendo que foi traído pela pessoa que ele planejava trair.

Um sorriso cruel começou a nascer em meus lábios e Rita me olhou incrédula mas logo acabei com o sorriso sentindo novamente a gravidade da situação cair sobre mim. Bati com o punho no mármore da pia com uma força inacreditável. Rita continuou quieta sem mencionar sequer uma palavra, coisa que agradeci mentalmente pois não queria que ela sequer soubesse dos meus pensamentos assassinos. E eu pensando que era uma "Santa Imaculada" - apelido de Sabrina - eu deixei de ser qualquer tipo quando conheci uma má influência chamada Mike.

Sai do banheiro deixando Rita ali e fui em direção ao "meu" quarto. Agora eu era um 2.

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Hi Friends!

Eu sempre sumo não? A verdadeira e vergonhosa verdade de eu não ter postado esse capítulo antes é que eu vi que os views dos dois últimos cap eram nulos e eu pensei tipo"Vou postar para quem ver então?!" Então quando eu vi (hoje) que ja tinha bastante views fiquei até envergonhada por não ter visto antes então eu já estou postando!

Eu realmente não gosto do número 2. Também nasci no natal, mas eu NÃO TO GRAVIDA gente! Okay? Ok.

Obrigada pelos views amados! (Tenho que inventar um apelido para vocês) E Buenas Tardes e beijokas da Nic.






Filho De Um DescuidoOnde histórias criam vida. Descubra agora