Capítulo 24.2 - Especial 1K 3/3

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__Vruuu

Sofia corria a minha volta com o braço direito esticado como a asa de um avião.

__Sofia. --- A chamei.

__Vran Vran Vran --- Fazia barulhos de um motor de carro sendo que ela aparentemente era um avião... ou um carro voador. Revirei os olhos cansada de tentar achar lógica em suas ações nada condizentes a sua idades, talvez ela tivesse mesmo algum distúrbio cerebral.

__Sofia --- A chamei novamente visto que ela continuava correndo.

__Atenção capitão. --- Falou para si mesma --- Temos um problema então iremos elimina -lo.

Me encostei no muro do hotel a assistindo.

__Precisamos abortar a missão por que o voador da esquerda está danificado e não conseguiremos completar nada sem ele --- Entendi sua referência a seu braço engessado.

__Okay, já chega. --- Murmurei sem achar graça alguma --- Por que você mentiu para o policial? Não temos ninguém, e o melhor é que você vá para um orfanato e que cada uma de nós siga seus caminhos.

Cruzei os braços e ela parou de correr olhando para os pés pensativa.

__Lá não é legal --- Falou com a voz coberta de tristeza e mágoa.

Percebi na hora que estava longe de ser só isso

__Por que? --- Insisti.

__Bom --- Pigarreou levantando a cabeça o que a deixava mais madura --- Veja bem. As pessoas lá não são gentis e... tem crianças muito más...

A olhei desconfiada.

__Você já esteve lá então... --- Conclui tentando entender como ela foi parar lá.

__Er --- Parou completamente de se mexer olhando para o chão prestativamente como se estivesse contando ao mesmo algo muito importante, mas por fim suspirou derrotada --- Sim... eu já estive lá sim...

__E... --- Tentei estabelecer segurança para que ela confiasse em mim para contar o que tanto a incomodava.

__O Flor Danada tem ligação com o Dancena e as vezes eles nos levam pra lá --- Disse rapidamente e logo se calou como se tivesse vergonha de tal coisa, o que de nada tinha haver, afinal, que culpa tinha ela se até um orfanato estava envolvido em uma tramoia tão grande.

Fiquei incrédula. E me vi desejando que aquela mulher particularmente horrível, vulgo Cintia, estivesse entre as mortas no tiroteio. Alguma voz ela tinha ali e algum poder de decisão sobre qualquer coisa horrendua naquele prostibulo então não me surpreenderia se ela soubesse e até comandasse algo no Flor Danada.

Sim, eu estava ficando cruel a ponto de desejar a morte de alguém e isso me enojava. Eu estava com noje de si mesma pois estar querendo o mal ao próximo e isso é no mínimo repugnante. É doente o ponto em que cheguei.

Me vi querendo chorar com tal situação, a pobre dali é Sofia que tendo em média 15 anos já sofreu mais do que muitas pessoas no mundo e ela continuava ali livre e saltitante como se nada houvesse acontecido.

__Com quantos anos você foi parar no Flor Danada? --- Perguntei séria, sem olha -la diretamente.

__Eu não sei

A fitei sem expressão.

__Você chegou a conhecer seus pais?

__Eu não sei.

Ela não demonstrou nenhuma expressão, nem mágoa, tristeza... nada. Suspirou um pouco pensativa.

__Eu nem sempre fui assim, sabe? --- Falou depois de alguns segundos refletivos.

Filho De Um DescuidoOnde histórias criam vida. Descubra agora