Acordei irada - no sentido ruim - com a imensa vontade de gritar com alguém.
Minha emoções estão desestabilizadas, não consigo me sentir equilibrada e tudo é turvo e fosco. A vida parece ter perdido o sentido, pelo menos a minha vida. Eu não sinto mais vontade de estudar para entrar em alguma faculdade, ou de sair com amigos. O que costumava me alegrar agora parece ser coisas tão triviais, tão banais e inúteis.
A única coisa que parece ter importância para mim é esse grãozinho na minha barriga. Esse ser, esse bebê, por que ele é a minha vida agora e qualquer coisa que ouse ameaçar isso é uma ameaça a mim mesma, então o Mike vir aqui e querer me levar embora, tirar o tão almejado conforto do meu filho só por que ele quer é a mesma coisa que me espancar.
Eu não saio daqui por ninguém, ninguém vai tirar o bem estar do meu filho.
Na ponta dos pés saio do quarto em que estava a pouco brigando com Mike. Aproveito que ele está dormindo com o pescoço de mal jeito na cadeira para dar o fora.
Preciso organizar as idéias, pensar um pouco e tentar entender o que Diabos Mike veio fazer aqui a não ser ditar regras.
Pego um casaco, enfio os pés nas pantufas e pego o celular saindo porta afora.
Ainda deve estar cedo, não devo ter dormido tanto. Vejo que um relógio no lugar marca quatro da tarde.
Seguro o casaco mais forte contra mim por mais que talvez não esteja frio e saio da mansão e depois do portão. Caminho pela rua de frente da Fim do Túnel e avisto o carro de Mike.
Assim que pouso os olhos no banco de trás um arrepio me sobe da unha até a orelha. O lugar onde nosso bebê pode ter sido fabricado, será que foi na banheira ou na vez do carro?
Balanço a cabeça ignorando os pensamentos e sigo na rua com queixo erguido tentando organizar minha vida e o que aconteceu a pouco tempo. Mike aparentemente me procurou e quer me levar embora daqui, por mais que tenha admitido sua iminente paixão por Rita e por Angie.
Um cafajeste de outro nível. Ele consegue ultrapassar todos os limites.
Depois de alguns minutos andando sem rumo decido que o melhor a se fazer é passar a noite fora. Me recuso a voltar naquele lugar onde aquele cafajeste está dormindo. Não quero vê -lo denovo, pelo menos não agora.
Seguro o celular com força dentro do bolso e com um suspiro aceito o que teria de fazer. Não sei se estou pronta para isso, não sei se estou pronta para falar com os meus pais, mas é preciso.
Ainda insegura entro no aplicativo de mensagens e com uma ansiedade de outro mundo eu digito as palavras sorteadas no teclado.
"Rua Balmequer André, de frente a padaria Endemar, pode me buscar?"
Clico em enviar antes que me arrependa e sem demora minha mãe começa a digitar.
"É pra já!"
Minha mãe enviou e logo ficou offline. Eu não esperava por isso. Esperava muitas perguntas antes de finalmente essa resposta mas compreendo que deve querer falar comigo pessoalmente.
Não muito tempo depois ouço uma buzina. Ergo a cabeça esperançosa e quase fico cega com a luz do carro a minha frente.
Mordo os lábios e corro até o carro apertando o casaco com os dedos inconscientemente afim de extinguir a ansiedade. Vejo pela janela minha mãe.
Ela está com a aparência cansada, os cabelos bagunçados e sem cor. Os olhos rodeados por duas fundas olheiras mas o seu costumeiro e louco sorriso permanece colado no rosto, e ainda mais quando me vê pelo vidro.
Entro dentro do carro e vejo ela morder os lábios impedindo um soluço. Seu rosto se move numa careta de choro e logo as lágrimas caem como num rio desesperado.
Eu não consigo evitar e quando percebo já estou chorando como uma criança, mas essa é a melhor coisa que eu poderia fazer nesse momento. Ser a criança da mamãe, deixar de querer lidar com tudo sozinha e por um único momento ser uma adolescente é só.
Eu carreguei o mundo nas costas. Sofri demais e quis lidar com todo esse sofrimento sozinha, o que foi a maior besteira que poderia ter feito, e eu vejo isso agora que estou chorando nos braços da minha mãe que me aperta com força como se eu fosse sair correndo daqui.
Nós duas choramos desconsoladas e isso não é ruim, isso é bom, pois não estamos chorando sozinhas e não são lágrimas de tristezas, nem de alegria, mas de alívio.
— E-eu senti taaaaaanto a-a su-sua falta! — Ela resmunga em meio ao soluços e eu não consigo responder, os soluços impedem qualquer voz que eu tenha, e única coisa que faço é apertar ainda mais o abraço numa confirmação de idem.
Por que tudo tinha sido tão difícil? Por que eu tinha que ser tão, mas tão idiota? Por que no dia que eu descobri da gravidez eu não contei para a minha mãe logo?! Nós resolveriamos e esse assunto e eu evitaria tanto sofrimento! Tanta dor desnecessária...
Quando estávamos finalmente nos acalmando da crise de choro conjunta minha mãe começou a murmurar:
— Você é adulta, Erika...
— Não mãe! Eu sou uma criancinha que não soube lidar com um problema, com uma gravidez, então fugiu!
— Não! Nunca mais diga isso, viu? — Fez uma careta e segurou meu rosto em suas mãos — Você é uma adulta, madura e com medo que pensou demais nos outros quando deveria pensar em sí, e acabou saindo da vida das pessoas que ama por que as ama demais e quer o seu bem. E eu tenho raiva de mim mesma por não ter percebido que você já está tudo isso!
Não aguentei as emoções e comecei a chorar mais. Ela não chorou mais e apenas me abraçou me ninando enquanto passa as mãos em meu cabelo.
— Eu fui uma péssima mãe — Ouvi um soluço — E tenho medo de ainda ser...
— Naaaao! — resmunguei baixinho contra a sua barriga em meio ao abraço — Você é uma boa mãe. Uma péssima mãe não sairia no meio da noite para buscar a filha grávida e fujona no meio do nada apenas por amor. Você é simplesmente a melhor mãe do mundo...
E então ela chorou mais e eu notei que tudo o que eu acabara de dizer era verdade. É a mais pura verdade e eu repetiria mais mil e um vezes só para ver minha mãe sorrir desse jeito acanhado e louquinho dela.
---×---×---×---×---
😭😭😭😭😭
Sou muito emocional e sentimentalista. Admito que umas lagrimas escorreram nesse reencontro.
E sim, eu sou uma arregaçada maldita por ter demorado MIL ANOS para postar e quando aparece, aparece com um maldito capítulo minúsculo.
Sorryyyyyyyy! E para compensar (e por que eu tô emocionalmente estável) eu vou postar mais um cap hojeee! 😀😀😀
E eu prometo que vou postar nos próximos 5 minutos, a não ser que eu morra antes então fiquem avisados, viiiiiu!
Beijokas e uma grande e amorosa dedicação para... Tan tan tan:
Isso mesmo! Você MaiaraSantana0!
Obrigadão, flor o/
E até, amiguinhos
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Filho De Um Descuido
Teen FictionMe sinto Desrespeitada Estúpida Idiota Presa Errada Imbecil Inocente Grávida Na verdade é até estranho pensar nisso, sou boba de mais mesmo.... Chorei de mais mas, conto como foi a história, a tramóia, a idiotice de como fui parar na situação na qua...