Capítulo 28

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Estou arrumando minhas roupas numa mala que peguei emprestado - ta bem que eu "roubei" - de Marcos. Não sei se quero deixar tudo isso. Tudo o que eu construi, tal como Sofia, essa história, essa casa e essa vida. Não sei se quero abandonar tudo de novo.

Mas como li diversas vezes numa pagina na Internet, a Fim do túnel tem sido um grande refúgio para as grávidas solteiras e que além de possuir grande luxo, eles ajudam no pagamento do parto e tem o melhor para o bebê e nessa última semana tudo o que eu faço tem sido para ele.

Tenho mais de três meses e nunca fiz uma checagem de como anda ai dentro, nem sei se está saudável e o fato de lá oferecer um completo atendimento faz com que a oferta seja ainda maia tentadora.

Já acabou a fase de pensar em mim como em prioridade, ou em meus sentimentos e até mesmo em como tudo pode afetar a todos que eu amo por que agora toda e completa atenção minha vai ser do grãozinho dentro da minha barriga. Dessa vida novinha em folha que eu não vou permitir que se estrague, que eu não vou permitir que se afete por outros.

Acaricio minha barriga. Já está grandinha e eu nem me lembro de quando ela cresceu, estive ocupada demais nesses dias em faze -la murcha.

Dessa vez eu não estaria fugindo, eu iria me despedir, iria contar que estou saindo e não iria deixar ninguém preocupado dessa vez.

Terminei de fechar a mala e segurei com força o celular em minha mão direita. Digito o tão usado número de Rita e espero chamar.

-- Alô?

-- Oi Rita

Tento não soar melancólica ou com tom de quem vai se matar.

-- Erika? Ah, meu Deus! Mãe, mãe... -- Sua voz sumiu por alguns instantes e eu espero pacientemente -- Onde está? Precisa de ajuda?

-- Eu estou bem. Muito bem, vou para um lugar melhor.

Só noto o quão esquisito ficou minha frase depois que falei.

-- Erika, escuta. Seja lá o que esteja planejando fazer...

-- Calma, calma. Eu só vou me mudar para uma casa de grávidas, Rita.

Tive que rir.

-- Ufa -- ouvi um suspiro de alívio -- Mas então, o que você está...

-- Só estou me despedindo e de quebra pedindo milhares de desculpas e ainda de combo brigando com você por não te me obedecido e me procurado.

-- Mas Erika, eu precisava... Não podia te deixar sumir e não contar a ninguém.

-- Eu entendo -- sussurrei -- Só fui meio imatura na época, não sou um exemplo de madureza mas posso dizer que estou bem melhor do que antes. Vou sentir muita falta de você, ruiva.

-- Por favor, não some denovo.

-- Rita, dessa vez eu não to sumindo. É uma promessa, não vou passar um dia sequer sem ligar pra você e para todo mundo.

-- Obrigada -- A ouvi Fungar -- Mas, só me conta. Como tá o bebê? Tem comido direito? É menino ou menina? Tem algum nome em mente? Você vai obriga -lo a me chamar de tia Rita, viu...

Gargalhei.

-- Se não fosse um Enzo Jr. ele estaria morto, não comi direito e tô com vontade de comer maçã verde. Não sei o sexo e não pensei em nada ainda e sim, você sempre será a tia Rita.

A ouvi rir um pouco mas logo ela parou.

-- O que você disse?! -- Gritou e eu desliguei antes de começar um bate boca horrível sobre leis e aborto.

Filho De Um DescuidoOnde histórias criam vida. Descubra agora