Capítulo 41

2.8K 181 0
                                    

O ranger que a porta faz ao ser aberta arrepia a todos os meus pelos.

Entro no lugar ainda tenebrosa com o que me espera, mas o que encontro assim que dentro do lugar, não é nada mais do que uma cadeira com um bilhete em cima junto a dois sapatinhos de bebê. Um rosa e um azul.

Não há desespero maior, e sinto o medo me consumir de forma assustadora. Rodrigo sabe dos bebês. Rodrigo sabe dos meus filhos.

Leio o bilhete ainda com as mãos trêmulas:

"O cabelo de Sofia é tão macio... Eu aposto que ela gosta dele assim como gosta da própria vida, sabe Erika? Deveria pensar nisso enquanto tira a Escuta, a câmera... Seria inteligente"

Arregalo os olhos e o ar de repente fica rarefeito.

Sofia não!

Não êxito quanto a tirar a Escuta e a mini câmera escondida na minha blusa. Tiro somente esses e deixo a arma, afinal ele não pediu para tira -la. Se bem que não acredito que ele sequer acredita na possibilidade de uma recém adolescente grávida seria violenta. Tenho medo de estar certo e eu começar a chorar de medo em vez de agir.

Assim que termino de tirar os equipamentos uma porta de abre.

Assustador.

Ando a passos cautelosos até a porta, a atravesso e o que vejo me tira a sanidade.

Meu Deus.

As lágrimas inevitavelmente vem aos meus olhos e quando noto já estou soluçando.

Scott está amordaçado e com o olhar desesperado. Ele é quem mais se mexe ali, pois os outros estão provavelmente dopados.

Sofia está com o rosto atordoado e um pouco lenta por causa da droga, mas quando entro na sala seu olhar fica atento. Ela está suja, com a pele toda encardida e os lábios sangrando. Seu estado me quebra o coração em pedaços tão pequenos que receio não encontra -los nunca mais.

Mike ainda dorme e possui enormes olheiras embaixo dos olhos. Nunca o vi tão acabado, e receio que não estou preparada para ver seu olhar quando acordar, a não ser que...

Não!

— Mike está vivo?! — Pergunto a Scott desesperada sentindo as lágrimas descerem ainda mais.

Scott enfim nota minha presença e seu olhar aumenta demais. Ele começa a balançar a cabeça tentando dizer algo. Não entendo nada por conta da mordaça, até que sinto um baque na cabeça e a minha consciência se esvai.

O que vejo ao acordar não é nada menos que uma forte caridade. Aperto com força meus olhos e aos poucos o abro tentando me acostumar com a repentina claridade.

O cenário que estou é o mesmo que vi a instantes atrás, a diferença é que Mike e Sofia estão completamente despertos, assim como Scott.

As lembranças vem rapidamente a minha cabeça e tento me mexer, mas sinto com baque a dor de fortes cordas contra os meus pussos. Só então noto que estou presa numa cadeira assim como os meus amigos.

— Bom acordar, irmãzinha — Me arrepio ao ouvir uma voz asquerosa em meu ouvido. Rodrigo. E não mudou nada.

Em instinto grito estridente diversas vezes até minha voz ficar escassa, e a única mudança no ambiente são as risadas escandalosas de Rodrigo.

Ele enfim aparece a minha frente, e está com uma faca, arregalo os olhos ao notar que deu olhar está em minha barriga.

— Não! — Minha voz sai seca e escassa devido aos gritos, e as lágrimas vem inevitavelmente a meu olhar, pingando em minha camiseta.

— Ah meu Deus. Você é terrivelmente parecida com aquela bruxa — Ele disse ainda com o sorriso sádico estampado no rosto.

Mordo os lábios afim de evitar os soluços. Tenho que ser forte... Bem, ao menos parecer.

— Bruxa? — Pergunto depois de um tempo engolindo em seco.

— A puta que tirou o amor da vida da minha mãe. — Rodrigo pronunciou as palavras com repulsa —  A que engravidou dele apenas querendo seu dinheiro — Ele disse girando a faca em sua mão — A que provocou sua morte — Me encara fixamente — A sua mãe, irmãzinha.

Arregalo ainda mais os olhos e tento me afastar de sua imagem. Rodrigo está furioso, não duvido nada desse ser.

Ele está provavelmente mencionando as histórias falsas que sua mãe lhe contou. As mentiras que Natasha inventou para consolar seu filho que só veio ao mundo para arrancar dinheiro.

— Pelo o que eu sei, você acabou de descrever sua própria mãe, a menos pela parte da morte, pois a minha é inteligente — Provoco e a dor que sinto na perna me tira da órbita por instantes.

Rodrigo enfiou a faca na minha perna.

Dói; é latejante. E ele me encara fulminante.

— Maísa, sua mãe, fez de tudo para arrancar meu pai e o seu dinheiro da minha. Aquela vadia não tem o mínimo de amor próprio — Ele aperta ainda mais a faca e eu grito de dor tão forte que sinto minha garganta doer.

Noto por trás de Rodrigo o rosto que meus amigos estampam, parecem sentir a dor que me aprisiona.

Mike começa a se debater na cadeira com os olhos vermelhos de raiva. O faz tanto que o barulho parece incomodar Rodrigo.

— Pare — Ele diz sem se virar para Mike. Ele grita algumas exclamações que são abafadas pela mordaça.

Ele para.

Por fim Rodrigo tira a faca de minha perna e a dor continua latejando. Sinto que vou vomitar e a tontura é inevitável.

— Lembra -se das condições? Não contar para ninguém... Seus amigos poderiam sair daqui tudo bem, apenas você ficaria, mas você quebrou as regras — Rodrigo disse com a voz rancorosa. Arregalou os olhos com um sorriso louco — Quer escolher quais amigos saem agora?

— Não! — Grito, por mais que minha voz tenha saído num fio tão ralo que suspeito que tenha ouvido.

— Não? Não quer que nenhum amigo seu saia?

— Eu quero que todos saiam! E eu também quero ir... Eu sou três vidas, Rodrigo!

Ele começou a rir.

— Não acha que deveria ter pensado em sei lá quantas vidas haviam aqui antes de contar para Deus e o mundo essa situação? — Peguntou divertido ainda rodando a faca, agora ensanguentada, nos dedos.

Abaixo a cabeça. O bilhete era claro quanto a isso. De todo modo eu sou culpada... A única e verdadeira culpada.

Filho De Um DescuidoOnde histórias criam vida. Descubra agora