Capítulo 7

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- Eu sei. Foi indelicado de minha parte, mas estou contente por tê-lo feito. Adorei ouvi-lo tocar e nunca teria encontrado Delta se não tivesse vin­do até aqui. Estávamos acabando de...

- Nunca mais faça isso - falou ele, antes de se encaminhar para a saída.

- Ooh, ele está mesmo uma fera. - Delta riu. - Esse olhar fuzilante é capaz de intimidar qual­quer um.

- Preciso pedir desculpas a ele - declarou Dulce, ficando de pé.

- Não quero que fique bravo com você.

- Comigo? Mas...

- Voltarei logo - dizendo isso, Dulce deu um beijo estalado na face de Delta, fazendo-a pesta­nejar de surpresa.

- Não se preocupe, vou resol­ver isso.

Enquanto ela se afastava, Delta ficou observan­do-a por algum tempo, antes de soltar outra de suas sonoras risadas.

- Não tem idéia de onde está se metendo, me­nina. E nem meu querido Christopher - acrescentou, com um brilho de divertimento no olhar.

Do lado de fora, Dulce saiu correndo pela calçada.

- Ei! - gritou para Christopher, que já se encon­trava a certa distância.

Então se repreendeu por não haver sequer per­guntado o nome dele a Delta, depois de todo aquele tempo de conversa.

- Ei! - repetiu, acelerando a corrida e conse­guindo finalmente alcançá-lo.

- Sinto muito - começou a falar, segurando a manga da jaqueta dele.

- A culpa foi toda minha.

- E quem disse que não foi?

- Eu não deveria tê-lo seguido. Mas foi um impulso, eu tenho dificuldade de resistir aos im­pulsos. Sempre tive. Além disso, eu estava irritada por causa do idiota do Frank e... Bem, isso não vem ao caso agora. Eu só queria... Poderia dimi­nuir um pouco o ritmo dos passos?

- Não.

Dulce revirou os olhos.

- Tudo bem, tudo bem. Sei que está desejando que um piano caia sobre minha cabeça, mas não precisa ficar bravo com Delta. Nós começamos a conversar e acabamos descobrindo que a mãe dela trabalhou para minha avó e que ela, Delta, co­nhece meus pais e alguns dos meus primos de sobrenome Grandeau. A partir daí, não paramos mais de conversar.

Christopher parou de repente e olhou para ela.

- Com tantos clubes noturnos em tantas cida­des do mundo... - resmungou ele, fazendo-a rir.

- Já sei: eu tinha logo de segui-lo até aquele e fazer amizade justo com sua namorada. Sinto muito.

- Minha namorada? Delta?

Para espanto de Dulce, ele sabia rir. Rir de ver­dade, fazendo o som grave de sua voz se espalhar pelo ar.

- Por acaso Delta parece ser namorada de al­guém? Puxa, parece que você veio mesmo de outro planeta.


- Foi apenas uma suposição. Eu só não quis parecer indelicada, chamando-a de sua "amante".

O brilho de divertimento continuou nos olhos dele quando Christopher voltou a fitá-la.

- Não deixa de ser uma idéia engraçada, mas a verdade é que aquele homem com quem eu estava tocando é o marido de Delta, um velho amigo meu.

Um Vizinho PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora