- Eu sei. Foi indelicado de minha parte, mas estou contente por tê-lo feito. Adorei ouvi-lo tocar e nunca teria encontrado Delta se não tivesse vindo até aqui. Estávamos acabando de...
- Nunca mais faça isso - falou ele, antes de se encaminhar para a saída.
- Ooh, ele está mesmo uma fera. - Delta riu. - Esse olhar fuzilante é capaz de intimidar qualquer um.
- Preciso pedir desculpas a ele - declarou Dulce, ficando de pé.
- Não quero que fique bravo com você.
- Comigo? Mas...
- Voltarei logo - dizendo isso, Dulce deu um beijo estalado na face de Delta, fazendo-a pestanejar de surpresa.
- Não se preocupe, vou resolver isso.
Enquanto ela se afastava, Delta ficou observando-a por algum tempo, antes de soltar outra de suas sonoras risadas.
- Não tem idéia de onde está se metendo, menina. E nem meu querido Christopher - acrescentou, com um brilho de divertimento no olhar.
Do lado de fora, Dulce saiu correndo pela calçada.
- Ei! - gritou para Christopher, que já se encontrava a certa distância.
Então se repreendeu por não haver sequer perguntado o nome dele a Delta, depois de todo aquele tempo de conversa.
- Ei! - repetiu, acelerando a corrida e conseguindo finalmente alcançá-lo.
- Sinto muito - começou a falar, segurando a manga da jaqueta dele.
- A culpa foi toda minha.
- E quem disse que não foi?
- Eu não deveria tê-lo seguido. Mas foi um impulso, eu tenho dificuldade de resistir aos impulsos. Sempre tive. Além disso, eu estava irritada por causa do idiota do Frank e... Bem, isso não vem ao caso agora. Eu só queria... Poderia diminuir um pouco o ritmo dos passos?
- Não.
Dulce revirou os olhos.
- Tudo bem, tudo bem. Sei que está desejando que um piano caia sobre minha cabeça, mas não precisa ficar bravo com Delta. Nós começamos a conversar e acabamos descobrindo que a mãe dela trabalhou para minha avó e que ela, Delta, conhece meus pais e alguns dos meus primos de sobrenome Grandeau. A partir daí, não paramos mais de conversar.
Christopher parou de repente e olhou para ela.
- Com tantos clubes noturnos em tantas cidades do mundo... - resmungou ele, fazendo-a rir.
- Já sei: eu tinha logo de segui-lo até aquele e fazer amizade justo com sua namorada. Sinto muito.
- Minha namorada? Delta?
Para espanto de Dulce, ele sabia rir. Rir de verdade, fazendo o som grave de sua voz se espalhar pelo ar.
- Por acaso Delta parece ser namorada de alguém? Puxa, parece que você veio mesmo de outro planeta.
- Foi apenas uma suposição. Eu só não quis parecer indelicada, chamando-a de sua "amante".
O brilho de divertimento continuou nos olhos dele quando Christopher voltou a fitá-la.
- Não deixa de ser uma idéia engraçada, mas a verdade é que aquele homem com quem eu estava tocando é o marido de Delta, um velho amigo meu.
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Um Vizinho Perfeito
RomanceO amor ainda era o maior legado dos Macgregor Fazer parte da família MacGregor era o mesmo que estar destinado a encontrar um grande amor. Sim, porque para os descendentes daquele poderoso clã escocês, não havia como escapar do olhar carinhoso e ma...