capítulo 45

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Dulce seguiu o conselho de Christopher e demorou um bom tempo relaxando na banheira. Precisava daquele tempo para se acostumar àquela nova atitude dele. Ou seria aquilo, ponderou ela, apenas um lado de sua per­sonalidade que ele ainda não havia tido oportu­nidade de demonstrar?

Como poderia imaginar que Christopher tinha um lado tão romântico? E como poderia prever que o fato de ele lhe demonstrar isso dificul­taria ainda mais o controle de seus próprios sentimentos?

Amava-o de qualquer maneira, sob qualquer cir­cunstância. Mas não havia mulher que resistisse a todas aquelas demonstrações de gentileza e ro­mantismo. Deus, até onde seu amor iria chegar? Seria possível conseguir amá-lo ainda mais? Di­fícil. Mas não impossível.

Tinha noção de que Christopher estava fazendo aquilo para se desculpar, por havê-la magoado. Na verdade, ele não tinha idéia do que realmente havia feito a ela. Contudo, o mais importante, pelo menos para ela, era o fato de ele querer se desculpar de alguma maneira. Como poderia ne- gar um pedido de desculpas vindo de Christopher?

Uma noite tranqüila, com um jantar íntimo e casual, seria perfeita para eles. Christopher não gostava de multidões e, no momento, ela própria também não estava com disposição para ir a um lugar mais agitado. Por isso, comer pizza diante da tevê lhe pareceu um bom programa. Ela e Christopher teriam a chance de rir e de conversar sobre ame- nidades. Mais tarde, talvez até fizessem amor no sofá enquanto um filme em preto-e-branco estivesse sendo exibido na sessão da madrugada. Finalmente as coisas voltariam a ser simples entre eles.

Sentindo-se mais calma e relaxada, vestiu um longo robede seda azul, escovou os cabelos e começou a descer a escada. Foi então que uma música suave lhe chegou aos ouvidos. Um som envolvente e sedutor. Não ficou surpresa. Afinal, Christopher gostava daquele tipo de música e até tocava aquele estilo com seu sax.

Porém, ao descer mais alguns degraus, viu o candelabro sobre a mesa com suas velas acesas. Christopher estava ao lado da mesa, esperando-a com um sorriso charmoso. Havia trocado de roupa e estava trajando uma calça e uma camisa pretas, além de haver feito a barba.

Ao vê-la, ele lhe estendeu a mão. Dulce se aproximou devagar e pousou a mão sobre a dele, encantada com a maneira como a chamas das velas se refletiam sobre os cabelos e os olhos dele.

- Está se sentindo melhor?

- Sim, muito. O que está acontecendo aqui?

- Nós vamos jantar.

- Mas o cenário está um pouco elaborado para... - Dulce se interrompeu quando Christopher levantou-lhe a mão e roçou os lábios sobre seus dedos, deixando-a sem fôlego por um instante. - Pizza - completou ela.

Christopher sorriu.

- Gosto de olhar seu rosto à luz de velas - explicou. - Gosto do efeito das chamas no brilho de seus olhos. - Puxando-a delicadamente para si, beijou-a nos lábios. - E sobre sua pele. - Roçou os lábios sobre a face dela. - Acho que esqueci de quanto você é delicada e acabei indo longe demais em minha falta de consideração.

- O quê? - Dulce estava se sentindo ligeira­mente zonza.

- Tenho sido descuidado com você, Dulce. Mas não serei esta noite. - Dizendo isso, beijou a mão dela, provocando-lhe um arrepio. - Tenho algo para você - falou ele, pegando uma pequena caixa com um laço cor-de-rosa que havia sido deixada sobre o balcão.

Dulce levou as mãos às costas, em um gesto instintivo.

- Não quero nenhum presente, Christopher. Não preciso de presentes.

Um Vizinho PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora