capítulo 22

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- Provavelmente Anahí e Charlie. Então se re­conheceu nos quadrinhos? - Dulce parou de de­senhar e olhou para ele, com um sorriso.

- Al­gumas pessoas nem se reconhecem neles, sabia? Talvez por não terem autoconsciência suficiente. Mas tive a impressão de que você se reconheceria assim que visse os desenhos. Oh, olá, Anahí! E aí está Charlie.

- O-oi - balbuciou Anahí.

Deparar-se com um belo homem com o peito nu não era uma questão fácil nem mesmo para uma mulher casada e feliz no casamento.

- Hum, oi - repetiu ela. - Estamos atrapa­lhando alguma coisa?

- Não. Christopher veio apenas me fazer algumas perguntas a respeito dos quadrinhos.

- Oh, adorei esse novo personagem - afirmou Anahí. - Ele deixou Emily maluquinha! Mal posso esperar para ver o que vai acontecer em seguida.

Ela começou a rir quando Charlie soltou um sonoro "Pa!" e estendeu os bracinhos na direção de Christopher.

- Ele chama todo homem de "Pa". Chuck não gosta muito quando o vê fazer isso, mas Charlie nem se importa com as reprimendas do pai. Já está demonstrando que vai ter personalidade forte - acrescentou ela, com um sorriso de mãe orgulhosa.

- Entendi. - Distraidamente, Christopher passou a mão pelos cabelos do bebê.

- Vim apenas es­clarecer algumas coisas a respeito do que está acontecendo nos quadrinhos - explicou ele, vol­tando-se tando-se novamente para Dulce.


- Pa! - Charlie repetiu, estendendo os braci­nhos mais uma vez para Christopher, com um sorriso sonolento.

- Quão próximo da realidade é o seu trabalho? - indagou Christopher, pegando o bebê no colo, em um gesto automático.

Dulce se comoveu com a cena.

- Você gosta de crianças.

- Não. Costumo jogá-las pela janela do terceiro andar sempre que tenho uma chance - respondeu ele, com impaciência. Então começou a rir quando Anahí lhe lançou um olhar apavorado.

- Relaxe, ele está seguro. Meu interesse é saber o que sig­nifica isso aqui - acrescentou, apontando o jornal e ajeitando Charlie no colo.

- Oh, o detalhe da "escala" - respondeu Dulce. - Bem, essa é realmente a primeira parte. As duas conversarão sobre a segunda parte amanhã. Acho que vai ficar bom.

- Eu e Chuck caímos na gargalhada quando lemos isso essa manhã - comentou Anahí, mais relaxada ao ver Christopher acariciando o bebê já adormecido em seus braços.

- Você desenhou essas duas mulheres...

- Emily e Cari - disse Dulce.

- Agora sei quem elas são - respondeu Christopher, estreitando o olhar para ela e Anahí. - Elas estão falando... Não - corrigiu-se.

- Estão clas­sificando a maneira como Quinn beijou Emily al­guns dias antes! - bradou, indignado.

- Hum-hum - confirmou Dulce. - Então Chuck se divertiu? - perguntou ela à amiga.

-Fiquei pensando se os homens também iriam en­tender ou se essa seqüência seria mais compreen­dida apenas pelas mulheres.

- Oh, sim, ele morreu de rir.

- Com licença. - Com o que lhe restava de paciência, Christopher levantou a mão.

- Eu só gos­taria de saber se vocês duas ficam comentando seus encontros íntimos e classificando-os com no­tas de um a dez, antes de oferecer isso para o público americano se divertir durante o desjejum.

- Classificando? - Dulce arregalou os olhos para ele, com ar inocente.

- Pelo amor de Deus, Christopher, isso é apenas uma tira cômica de jornal. Está levando esse assunto a sério demais.

- Então essa história de "não existir escala" é apenas uma piada?

- O que mais poderia ser?

Ele a observou por um instante.

- Não quero correr o risco de, quando finalmente fizer amor com você, ter de passar depois pela si­tuação desagradável de ver meu desempenho ser avaliado nas tiras cômicas do jornal pela manhã.

- Oh-oh. Oh, bem. - Anahí levou a mão ao peito, parecendo embaraçada.

- Acho que vou levar Charlie para tirar uma soneca no sofá lá de baixo.

Dizendo isso, tirou o bebê com cuidado dos bra­ços de Christopher e se retirou em seguida.

- Francamente, Christopher - disse Dulce, rindo e tamborilando o lápis sobre a mesa.

- Esse even­to seria digno de ir parar no caderno especial do jornal de domingo.


- Isso é uma ameaça ou uma brincadeira? - Quando ela apenas riu, ele se aproximou perigo­samente e beijou-a nos lábios.

- Mande sua ami­ga embora e descobriremos logo, logo.

- Não. Não quero que ela vá embora. Foi pen­sando que ela poderia aparecer a qualquer mo­mento que não o beijei assim que você chegou.

Christopher estreitou o olhar.

- Está querendo me provocar?

- Não exatamente - respondeu ela, sentindo a pulsação acelerada.

- Precisa ir agora. Depois de tanto tempo de trabalho, encontrei uma dis­tração com a qual não consigo lidar, e essa dis­tração é você.

Sem dar ouvidos ao pedido, Christopher se inclinou mais uma vez e beijou-a nos lábios.

- Quando falar disso... - Ele capturou o lábio inferior de Dulce delicadamente entre os dentes e provocou-a com sensualidade.

- Espero que sua descrição seja precisa.

Dizendo isso, dirigiu-se à porta e virou-se uma última vez para ela, fitando-a por sobre o ombro.

Um Vizinho PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora