A casa dos MacGregor se localizava em um belíssimo conjunto de colinas com vista para o mar. Tudo ali era sóbrio e marcante, principalmente a imponente construção de pedra. Tudo na aparência do lugar, desde suas torres semelhantes às dos castelos, até a bandeira tremulando com o símbolo do clã, parecia bradar a palavra "orgulho" aos quatro ventos.
O velho Daniel havia mandado construíra casa em seu lugar preferido: o cume de uma das colinas mais altas e com uma das mais belas vistas do mar que se poderia ter dali. E era mais do que evidente que a construção havia sido feita para durar. Como um sólido legado dos MacGregor aos descendentes do clã.
Os inúmeros canteiros de rosas, que floresceriam com todo vigor na primavera seguinte, não amenizavam o efeito de imponência do lugar. De fato, serviam apenas para enfatizar aquela aura mágica e quase mítica.
- Pare - pediu Christopher, pousando a mão sobre o braço de Dulce. - Pare o carro.
Um sorriso se insinuou nos lábios dela. Sabia muito bem o que era ter aquela reação ao ver a casa dos MacGregor ao longe. Feliz em notar que a visão o afetara tanto quanto sempre a afetava, Dulce parou o carro com movimentos cuidadosos.
- Parece um castelo de conto de fadas, não? - disse, apoiando-se sobre o volante, enquanto ambos observavam a mansão através da leve garoa. - Não aqueles das versões mais românticas, mas um castelo com personalidade própria.
- Eu já o tinha visto em fotografias, mas elas nunca são como a imagem real.
- Não se trata apenas de uma mansão, mas de um lugar que transmite uma aura de generosidade. Sempre que a visitamos, encontramos alguma novidade aqui e acolá. E geralmente algo que nos surpreende.
E dessa vez, não seria diferente, pensou Dulce. Só que seria ela quem levaria a surpresa até a mansão.
- Essa garoa combina com a paisagem, não? - disse a ele.
- Acho que essa paisagem fica bem em qualquer clima.
- Tem razão - anuiu Dulce, com um sorriso. - Precisa ver esse lugar no inverno. Sempre viajamos para cá na época do Natal. É lindo como o efeito da neve e do vento deixam-na com a aparência de um castelo de gelo. No ano passado, quando as rosas começaram a desabrochar e o céu estava tão azul que chegava a ofuscar a vista, meu primo, Duncan, casou-se aqui. Mas assim, em meio à garoa... - Ela sorriu com ar sonhador. - O lugar lembra uma paisagem escocesa.
- Já esteve na Escócia?
- Hum-hum. Duas vezes. E você?
- Não. Nunca estive lá.
- Pois deveria viajar até lá. Por uma questão de raízes - acrescentou ela. - Ficará surpreso com a força que você passa a sentir ao respirar o ar das Terras Altas e ao ver as lindas paisagens das Terras Baixas.
- Talvez eu viaje para lá em breve. Vou querer algumas semanas de descanso quando esse meu último roteiro estiver terminado. - Christopher olhou para ela e arqueou as sobrancelhas. - E então? Está gostando do carro?
- Bem, levando-se em conta que você só me deixou dirigi-lo por aproximadamente quarenta e cinco segundos, acho meio difícil lhe dar um parecer. Mas se me deixar dar uma volta mais demorada com ele amanhã...
- Nem mesmo seu maior poder de persuasão vai me convencer a deixá-la dirigi-lo por mais tempo do que daqui até a mansão.
Dulce deu de ombros, como que não dando importância ao fato. Porém, no íntimo, pensou: "É o que veremos", e partiu novamente pela estrada.
Quando chegaram, ela estacionou o carro diante da suntuosa mansão.
- Muito obrigada - agradeceu e deu um leve beijo nos lábios de Christopher, antes de lhe entregar as chaves do carro.
- Não há de quê.
- Não vamos nos preocupar com a bagagem agora, está bem? Vamos esperar primeiro essa garoa passar, depois viremos pegá-la ou mandaremos um dos empregados fazê-lo.
Dizendo isso, ela abriu a porta do carro e saiu correndo em direção à varanda coberta, onde parou para sacudir os cabelos e secá-los com as mãos.
Durante algum tempo, Christopher ficou parado no carro, apenas admirando o jeito encantadoramente infantil de Dulce. Não se cansava de olhar aquele belo sorriso de menina misturado ao ar sensual que se manifestava nela com naturalidade, e do qual Dulce nem parecia ter consciência. De certa maneira, esse último detalhe parecia torná-la ainda mais sedutora.
Queria acreditar que o que estava sentindo era apenas desejo, mas, por outro lado, sabia que desejo puro e simples não despertava o receio de ficar longe ou de perder a outra pessoa. O mero desejo era algo mais simples de se lidar, e menos perigoso. No entanto, já que não tinha como ignorar aquilo que estava sentindo, pelo menos tentaria continuar negando o fato para seu próprio bem, e para o de Dulce.
Respirando fundo, saiu correndo em direção à varanda, deixando que a garoa e o vento, a essa altura mais intensos, atingissem seu rosto e seus cabelos. Quando alcançou Dulce, não resistiu ao riso divertido que ela soltou e puxou-a para si, tomando-lhe os lábios com uma paixão quase violenta.
Por um momento, Dulce apenas agitou as mãos no ar, aturdida com a pressão do corpo másculo de Christopher junto ao seu e com urgência daqueles lábios quentes colados aos seus. Porém, não demorou muito para se render mais uma vez àquela sedutora aura de desejo, retribuindo o beijo com a mesma intensidade.
- Christopher...
Ele ouviu o murmúrio em meio à tormenta que varria seu corpo e sua mente, feito ondas batendo contra rochas sólidas. De fato, foi somente o som da voz de Dulce que o fez despertar para a realidade e se lembrar de onde eles se encontravam.
- Com sua família por perto, não poderei fazer isso por algum tempo - explicou ele, prendendo uma mecha dos cabelos dela atrás de sua orelha delicada.
Dulce sentiu um carinho todo especial naquele gesto e o sorriso que curvou seus lábios foi de puro encantamento. Já não se importava que Christopher percebesse que ela estava apaixonada por ele. Aquele sentimento era bonito e intenso demais para continuar sendo mantido apenas em seu coração.
- Bem, pelo menos isso exigirá que eu também me comporte. Mas sei que não vai ser fácil... - acrescentou dando um último beijo nele.
Com um sorriso, segurou-o pela mão e o puxou para dentro.
O interior da mansão, apesar de grandioso, era inusitadamente aconchegante. Pelas paredes, via-se espadas e escudos antigos polidos ao ponto de brilhar. Afinal, tratava-se da casa de um guerreiro. Um aroma de flores e de madeira recendia pelo ar, tornando o ambiente ainda mais agradável.
- Dulce!
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Um Vizinho Perfeito
RomanceO amor ainda era o maior legado dos Macgregor Fazer parte da família MacGregor era o mesmo que estar destinado a encontrar um grande amor. Sim, porque para os descendentes daquele poderoso clã escocês, não havia como escapar do olhar carinhoso e ma...