capítulo 25

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Dulce o estava esperando na calçada quando ele saiu. De pé, sob a luz de um poste elétrico, mantinha uma mão sobre o qua­dril, a cabeça ligeiramente inclinada e um ar de riso nos lábios.

A imagem fez Christopher pensar naquelas fotos em preto-e-branco, tiradas por fótógrafos profis­sionais para serem incluídas em revistas de moda. "Sexy em preto-e-branco", foram as palavras que lhe vieram à mente.

Ele foi se aproximando devagar, notando mais detalhes conforme a distância entre eles ia se tor­nando menor. Os sedosos cabelos castanhos emol­duravam o rosto delicado de um modo discreto e sensual ao mesmo tempo. O vestido preto, curto, moldava cada curva do corpo perfeito, fazendo-o engolir em seco, ao ter uma visão mais aproxi­mada. Nenhuma jóia para distrair seu olhar. Sa­patos com salto alto e transparente delineando pernas completamente esguias. Deus, ela queria mesmo matá-lo.

As únicas cores intensas no visual de Dulce eram a de seus olhos verdes e a de seus lábios pintados de rubro. Lábios que, segundo ele logo notou, en­contravam-se ligeiramente curvados, com um ar de satisfação feminina.

Estava a três passos dela quando um delicioso perfume lhe invadiu as narinas, deixando-o exci­tado e expectante ao mesmo tempo.

- Olá, vizinho - disse ela, em um tom sensual.

Christopher inclinou a cabeça, arqueando uma sobrancelha.

- Mudança de planos... vizinha?

- Espero que não.

Dulce se aproximou mais, deslizando as mãos deliberadamente sobre os braços, os ombros e o pescoço dele. Então moldou o corpo ao dele, antes de sorrir e dizer:

- Os planos eram para nós dois, seu bobo.

Imaginou se fora o esclarecimento ou o insulto velado que o levou a estreitar o olhar, com um ar especulativo.

- É mesmo?

- Christopher - disse ela, aproximando-se até dei­xar seus lábios a centímetros dos dele. Mantendo os olhos fixos nos dele, umedeceu os lábios deva­gar.

- Eu não lhe disse que você seria o primeiro a saber?

- Sim. - Com a mão que se encontrava livre, Christopher segurou-a pela nuca, mantendo aqueles lábios convidativos a centímetros dos dele.

- Con­segue andar rápido com esses saltos?

Dulce riu, ligeiramente ofegante.

- Não muito. Mas temos a noite inteira, não temos?

- Talvez seja necessário um pouco mais do que isso. - Christopher se afastou, oferecendo a mão a ela.

- Onde conseguiu essa arma letal? O vestido - acrescentou, quando Dulce lhe lançou um olhar confuso.

- Oh, isso. - Dessa vez, o sorriso dela foi re­pleto de lisonja.

- Eu o comprei hoje, pensando em você. E quando o vesti esta noite, estava pen­sando em como seria acompanhar cada um de seus movimentos quando você o tirasse de mim.

- Deve ter andado praticando algum método de sedução - concluiu ele.

- Está se mostrando boa demais nisso.

- Posso parar, se estiver se sentindo incomodado...

- Nem pense nisso - Christopher a interrompeu.

Parecia incrível que uma simples noite de pri­mavera em Nova York pudesse se transformar em um tórrida noite de verão nos trópicos.

- Sinto muito por não haver sido mais espe­cífica ao escrever o bilhete. Eu estava com a cabeça cheia de idéias. - Virou-se, satisfeita pela altura de seus saltos deixá-la com os olhos na altura dos lábios dele.

- E todas elas rela­cionadas a você.

- Fiquei aborrecido e saí. - Christopher não se sentiu tão mal em admitir aquilo quanto imaginou que se sentiria.

- Sinto muito, mas considero isso lisonjeador. Quando bati à sua porta e ninguém respondeu, tive essencialmente a mesma reação. Passei muito tempo me preparando para você. Portanto, tam­bém pode se sentir lisonjeado.



- De fato, deve ter levado algum tempo para se arrumar desse jeito - observou ele.

- Não apenas isso - salientou Dulce, com um sorriso. - Também preparei o jantar.

Até aquele momento, havia conseguido manter seu coração batendo em um ritmo normal. Con­tudo, sentiu que ele acelerou ao chegarem à en­trada do prédio.

- É mesmo? - Christopher se surpreendeu.

Dulce notou que ele não pareceu apenas lison­jeado e excitado com tudo aquilo, mas essencial­mente tocado.

- E dos mais saborosos, se me permite dizer - acrescentou ela, seguindo na frente. - Com um vinho leve para acompanhar e uma taça de champanhe para a sobremesa.

Ao chegar ao elevador, apertou o botão do ter­ceiro andar e encostou-se em uma das paredes.

- Pensei em tomarmos o champanhe com a sobremesa na cama - sugeriu, provocante.

Christopher se manteve a um passo dela, sabendo que se a tocasse os dois acabariam demorando tempo demais no elevador.

- Há algo mais que eu precise saber a respeito de seus planos?

- Oh, não creio que seja necessário eu lhe ex­plicar todos os detalhes.

Dizendo isso, ela saiu do elevador e lançou um de seus sorrisos sedutores por sobre o ombro, enquanto se encaminhava até a porta de seu apartamento.

Se conseguisse entrar ali sem explodir de desejo, pensou Christopher, talvez fosse capaz de mostrar a ela que também tinha planos.

- E a chave? - perguntou a ela.

- Hum...

Mantendo os olhos fixos nos dele, Dulce insinuou o dedo indicador para dentro do decote até tocar o metal da chave, deliciando-se ao ver o olhar de Christopher se enevoar de desejo. Então tirou o dedo do decote e o deslizou sensualmente pela base do pescoço.

- Puxa, acho que não estou conseguindo en­contrá-la. Não quer procurá-la para mim?

Christopher chegou à conclusão de que havia aca­bado de se transformar em um experimento cien­tífico: era possível se permanecer totalmente lú­cido e consciente mesmo sem nenhum vestígio de sangue na cabeça.

Insinuou o dedo ao longo da convidativa curva do decote de Dulce e foi penetrando-o devagar, até encontrar a renda da lingerie. Notou quando ela estremeceu, tornando-se ligeiramente ofegan­te. Então insinuou o dedo mais para dentro, tatean­do a pele macia até roçar o mamilo de Dulce, que se tornou túrgido sob seu toque. Os olhos verdes se tornaram enevoados e ela os fechou devagar.

- Acho que foi você quem andou praticando - murmurou ela, fazendo-o sorrir.

- Estou apenas fazendo o que me pediu.

Um Vizinho PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora