Dulce o estava esperando na calçada quando ele saiu. De pé, sob a luz de um poste elétrico, mantinha uma mão sobre o quadril, a cabeça ligeiramente inclinada e um ar de riso nos lábios.
A imagem fez Christopher pensar naquelas fotos em preto-e-branco, tiradas por fótógrafos profissionais para serem incluídas em revistas de moda. "Sexy em preto-e-branco", foram as palavras que lhe vieram à mente.
Ele foi se aproximando devagar, notando mais detalhes conforme a distância entre eles ia se tornando menor. Os sedosos cabelos castanhos emolduravam o rosto delicado de um modo discreto e sensual ao mesmo tempo. O vestido preto, curto, moldava cada curva do corpo perfeito, fazendo-o engolir em seco, ao ter uma visão mais aproximada. Nenhuma jóia para distrair seu olhar. Sapatos com salto alto e transparente delineando pernas completamente esguias. Deus, ela queria mesmo matá-lo.
As únicas cores intensas no visual de Dulce eram a de seus olhos verdes e a de seus lábios pintados de rubro. Lábios que, segundo ele logo notou, encontravam-se ligeiramente curvados, com um ar de satisfação feminina.
Estava a três passos dela quando um delicioso perfume lhe invadiu as narinas, deixando-o excitado e expectante ao mesmo tempo.
- Olá, vizinho - disse ela, em um tom sensual.
Christopher inclinou a cabeça, arqueando uma sobrancelha.
- Mudança de planos... vizinha?
- Espero que não.
Dulce se aproximou mais, deslizando as mãos deliberadamente sobre os braços, os ombros e o pescoço dele. Então moldou o corpo ao dele, antes de sorrir e dizer:
- Os planos eram para nós dois, seu bobo.
Imaginou se fora o esclarecimento ou o insulto velado que o levou a estreitar o olhar, com um ar especulativo.
- É mesmo?
- Christopher - disse ela, aproximando-se até deixar seus lábios a centímetros dos dele. Mantendo os olhos fixos nos dele, umedeceu os lábios devagar.
- Eu não lhe disse que você seria o primeiro a saber?
- Sim. - Com a mão que se encontrava livre, Christopher segurou-a pela nuca, mantendo aqueles lábios convidativos a centímetros dos dele.
- Consegue andar rápido com esses saltos?
Dulce riu, ligeiramente ofegante.
- Não muito. Mas temos a noite inteira, não temos?
- Talvez seja necessário um pouco mais do que isso. - Christopher se afastou, oferecendo a mão a ela.
- Onde conseguiu essa arma letal? O vestido - acrescentou, quando Dulce lhe lançou um olhar confuso.
- Oh, isso. - Dessa vez, o sorriso dela foi repleto de lisonja.
- Eu o comprei hoje, pensando em você. E quando o vesti esta noite, estava pensando em como seria acompanhar cada um de seus movimentos quando você o tirasse de mim.
- Deve ter andado praticando algum método de sedução - concluiu ele.
- Está se mostrando boa demais nisso.
- Posso parar, se estiver se sentindo incomodado...
- Nem pense nisso - Christopher a interrompeu.
Parecia incrível que uma simples noite de primavera em Nova York pudesse se transformar em um tórrida noite de verão nos trópicos.
- Sinto muito por não haver sido mais específica ao escrever o bilhete. Eu estava com a cabeça cheia de idéias. - Virou-se, satisfeita pela altura de seus saltos deixá-la com os olhos na altura dos lábios dele.
- E todas elas relacionadas a você.
- Fiquei aborrecido e saí. - Christopher não se sentiu tão mal em admitir aquilo quanto imaginou que se sentiria.
- Sinto muito, mas considero isso lisonjeador. Quando bati à sua porta e ninguém respondeu, tive essencialmente a mesma reação. Passei muito tempo me preparando para você. Portanto, também pode se sentir lisonjeado.
- De fato, deve ter levado algum tempo para se arrumar desse jeito - observou ele.
- Não apenas isso - salientou Dulce, com um sorriso. - Também preparei o jantar.
Até aquele momento, havia conseguido manter seu coração batendo em um ritmo normal. Contudo, sentiu que ele acelerou ao chegarem à entrada do prédio.
- É mesmo? - Christopher se surpreendeu.
Dulce notou que ele não pareceu apenas lisonjeado e excitado com tudo aquilo, mas essencialmente tocado.
- E dos mais saborosos, se me permite dizer - acrescentou ela, seguindo na frente. - Com um vinho leve para acompanhar e uma taça de champanhe para a sobremesa.
Ao chegar ao elevador, apertou o botão do terceiro andar e encostou-se em uma das paredes.
- Pensei em tomarmos o champanhe com a sobremesa na cama - sugeriu, provocante.
Christopher se manteve a um passo dela, sabendo que se a tocasse os dois acabariam demorando tempo demais no elevador.
- Há algo mais que eu precise saber a respeito de seus planos?
- Oh, não creio que seja necessário eu lhe explicar todos os detalhes.
Dizendo isso, ela saiu do elevador e lançou um de seus sorrisos sedutores por sobre o ombro, enquanto se encaminhava até a porta de seu apartamento.
Se conseguisse entrar ali sem explodir de desejo, pensou Christopher, talvez fosse capaz de mostrar a ela que também tinha planos.
- E a chave? - perguntou a ela.
- Hum...
Mantendo os olhos fixos nos dele, Dulce insinuou o dedo indicador para dentro do decote até tocar o metal da chave, deliciando-se ao ver o olhar de Christopher se enevoar de desejo. Então tirou o dedo do decote e o deslizou sensualmente pela base do pescoço.
- Puxa, acho que não estou conseguindo encontrá-la. Não quer procurá-la para mim?
Christopher chegou à conclusão de que havia acabado de se transformar em um experimento científico: era possível se permanecer totalmente lúcido e consciente mesmo sem nenhum vestígio de sangue na cabeça.
Insinuou o dedo ao longo da convidativa curva do decote de Dulce e foi penetrando-o devagar, até encontrar a renda da lingerie. Notou quando ela estremeceu, tornando-se ligeiramente ofegante. Então insinuou o dedo mais para dentro, tateando a pele macia até roçar o mamilo de Dulce, que se tornou túrgido sob seu toque. Os olhos verdes se tornaram enevoados e ela os fechou devagar.
- Acho que foi você quem andou praticando - murmurou ela, fazendo-o sorrir.
- Estou apenas fazendo o que me pediu.
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Um Vizinho Perfeito
RomanceO amor ainda era o maior legado dos Macgregor Fazer parte da família MacGregor era o mesmo que estar destinado a encontrar um grande amor. Sim, porque para os descendentes daquele poderoso clã escocês, não havia como escapar do olhar carinhoso e ma...