capítulo 18

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Ele deu um passo atrás e se afastou, parecendo recobrar o controle enquanto ela ainda continuava trêmula.

- Preciso de um tempo antes de me sentir su­ficientemente segura para compartilhar minha in­timidade com outra pessoa. Fazer amor é uma espécie de presente que não deve ser banalizado. Pelo menos na minha opinião.

As palavras de Dulce o tocaram de alguma ma­neira e, por motivos que nem ele mesmo conseguiu entender, levaram-no a se acalmar.

- E ouvir isso de você significa que devo recuar? - perguntou Christopher, enfiando as mãos nos bol­sos, para conter a vontade de voltar a tocá-la.

- Significa que eu quero que você entenda por que estou dizendo "não", mesmo estando morrendo de vontade de dizer "sim", sendo que ambos sa­bemos que você poderia facilmente me levar a dizer "sim".

A chama de desejo se reacendeu nos olhos dele.

- Sua sinceridade chega a ser perigosa, sabia? - - disse a ela.

- Você precisa que eu lhe diga a verdade. - Dulce nunca conhecera alguém que precisasse tan­to ouvir a verdade.

- E não minto para alguém com quem eu esteja pensando em compartilhar minha intimidade.

Christopher fitou-a nos olhos, parecendo surpreso com o que ouvira. Tinha noção de que poderia seduzir Dulce, mas usar esse artifício só serviria para arruinar algo que nem ele mesmo ainda es­tava seguro de que existia.

- Você precisa de tempo - Christopher afirmou.

- Tem idéia de quanto?

Ela exalou outro suspiro trêmulo, mas acabou curvando os lábios em um sorriso incerto.

- Não posso dizer com certeza. Mas garanto que você será o primeiro a saber quando eu es­tiver pronta.

- Então, por enquanto, vamos ficar apenas com isso...

Dulce se surpreendeu quando ele se aproximou e roçou os lábios nos dela. Ela manteve os olhos abertos, esforçando-se para não se render às sen­sações. Porém, foi impossível ignorar a onda de calor que invadiu seu corpo.

- Hum... Sim, acho que, provavelmente, isso vá funcionar - respondeu.

- Vamos esperar uma semana - sugeriu Christopher, aprofundando o beijo ao ponto de levar Dulce a se afastar subitamente. Ao fazê-lo, ela levou a mão ao peito dele.

- Duas semanas - disse a ele.

A última coisa que Christopher esperava fazer em um momento de desejo tão intenso era começar a rir.

- Não sei se agüentarei, mas poderei tentar - respondeu.

- Otimo.

Enquanto Dulce se esforçava para recuperar o fôlego, ele pegou novamente a cerveja.

- Bem, com toda essa... - Ela gesticulou, es­forçando-se forçando-se para encontrar as palavras certas. - Não sei se preparo alguma...

- Comida? - sugeriu Christopher, lisonjeado pela maneira como seu beijo a afetara.

- Comida, isso mesmo. Bem, pensei em preparar...

Christopher ficou esperando que Dulce terminasse a frase, mas Dulce se limitou a levar as mãos às têmporas e olhar para o fogão.

- O jantar?

- Isso. Isso mesmo, o jantar. Engraçado como as palavras nos escapam de vez em quando, não? Vou preparar o jantar. - Virou-se para a pia, mas logo em seguida voltou a se dirigir a ele.

Um Vizinho PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora