capitulo 50

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Christopher os avistou a distância e enrijeceu o ma­xilar. Ao longo dos últimos quilômetros, havia se preocupado mais em xingar a falta de manutenção daquela estrada do que em imaginar como seria seu encontro com os pais de Dulce. Quem quer que fosse o encarregado pela manutenção daquela estrada, não era lá muito responsável.

Surpreendeu-se ao notar que o casal Saviñon se encontrava abraçado na varanda da casa. E então se perguntou qual dos dois iria tentar matá­-lo primeiro.

Com um suspiro resignado, conduziu o carro adiante, observando o lugar onde, provavelmente, logo ele seria enterrado em uma cova rasa.

O lugar era maravilhoso, com a mansão branca cercada de uma vegetação bem cuidada. Dulce ha­via sido criada ali, pensou ele. E talvez por isso ainda carregasse no espírito aquele cativante com­portamento espontâneo.

Ao parar o carro diante da casa, sentiu que seus nervos não estavam tão calmos quanto ele imaginara que estariam naquele momento. O ca­sal continuou a observá-lo da varanda. Mesmo à distância, notou que a expressão do pai de Dulce não era de muito boas-vindas.

Respirando fundo, saiu do carro, determinado a viver pelo menos o suficiente para ver Dulce e abrir seu coração para ela. Depois disso, nada mais importaria.

Não era de admirar que sua filha estivesse per­didamente apaixonada, pensou Gennie, ao obser­var o belíssimo rapaz que se aproximou pelo pátio. Notando a tensão de Grant, segurou o braço dele com mais força, em sinal de apelo.

- Sra. Saviñon, sr. Saviñon - Christopher os cumprimentou com uma inclinação de cabeça, ten­do o cuidado de não oferecer a mão ao pai de Dulce. Sabia que seria um bocado difícil. digitar com os dedos quebrados.

- Sou Christopher Uckermann. Preciso de... Preciso ver Dulce - ele corrigiu.

- Quantos anos você tem, rapaz?

Christopher franziu o cenho, parecendo surpreso com a pergunta.

- Trinta.

Grant inclinou a cabeça.

-- Pois se quiser completar os trinta e um, su­giro que entre novamente naquele carro e que volte para o lugar de onde veio.

Christopher se manteve no mesmo lugar, encarando aquele olhar mortífero.

- Não irei embora antes de ver Dulce. Depois disso, o senhor mesmo pode me expulsar daqui se quiser. Ou tentar.

- Não vai chegar perto da minha filha nem por cima do meu cadáver.

Grant colocou Gennie de lado, como se esta não pesasse mais do que uma boneca. Mesmo quando ele deu um passo à frente, em uma atitude amea­çadora, Christopher manteve os braços abaixados. O pai de Dulce poderia dar o primeiro soco, concluiu. Ele até que merecia.

- Chega!

Gennie se posicionou entre eles, levando uma mão ao peito de cada um. Então lançou um olhar de aviso para o marido, antes de dirigir outro mais ameno a Christopher.

Ele levou um momento para se dar conta de que havia sido perdoado por uma rainha, como na História Antiga. Somente então respirou aliviado.

- Ela tem seus olhos - não pôde deixar de dizer, admirado. - Dulce. Ela tem seus olhos. Um brilho de satisfação surgiu nos olhos dela.

- Sim, eu sei. Ela está na colina, atrás do farol.

- Gennie! Mas que droga!

Quando deu por si, Christopher já havia pousado a mão sobre aquela que ela ainda mantinha em seu peito.

Um Vizinho PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora