- Matthew! Por que não disse que viria? Quando chegou? Quanto tempo vai ficar? Oh, estou tão feliz em vê-lo! Deus, mas você está todo molhado. Entre e tire essa jaqueta. Quando vai comprar uma nova? Essa aqui parece que passou por uma guerra!
Matthew apenas riu e abraçou-a mais uma vez, levantando-a do chão e dando-lhe um beijo sonoro.
- Continua tagarela.
- Você sabe que eu não consigo parar de falar quando estou feliz. Quando... Oh, você está aí, Christopher. - Ela foi até a porta, com um brilho de felicidade no olhar. - Não vi que estava aí.
- Isso ficou evidente - respondeu ele, contendo a vontade de agarrar o sujeito pelo colarinho e colocá-lo para fora do apartamento. -
Mas não interrompam o encontro por minha causa.
- Matthew, esse é Christopher Uckermann - Dulce os apresentou.
- Uckermann? - Matthew sorriu, mostrando os dentes muito alvos, sem sequer desconfiar que Christopher estava com vontade de acertá-los com seu punho. - O roteirista de teatro. Vimos seu trabalho da última vez em que estive na cidade. Dulce chorou um bocado. Tive praticamente de ampará-la para fora do teatro.
- Não exagere, Matthew. Eu não fiquei tão mal assim.
- Ficou, sim. Se bem que você é do tipo que chora até vendo comerciais de tevê. Então não sei se todo aquele seu sentimentalismo contou muito...
- Oh, Matthew, como você gosta de me provocar e... Oh, o telefone. Esperem um minuto, eu já venho.
Dulce foi atender ao telefone na cozinha, deixando os dois se entreolhando com ar desconfiado.
- Sou escultor - declarou Matthew, contendo o riso. - E já que preciso da mão para trabalhar, acho melhor ir logo dizendo que sou irmão de Dulce, antes de oferecê-la para cumprimentá-lo.
- Irmão? - O olhar ameaçador de Christopher se amenizou um pouco, mas não desapareceu por completo.
- Não se parece muito com ela.
- Todo mundo diz isso. Mas se quiser conferir minha identidade...
- Era a sra. Wolinsky - anunciou Dulce, voltando para a sala. - Ela o viu entrando, mas não conseguiu abrir a porta a tempo de cumprimentá-lo. Acho que ela queria apenas dizer que você está mais bonito do que nunca. - Sorrindo, apertou as bochechas dele. - Ele não é lindo?
- Não comece.
- Ah, mas você é mesmo. Tem um rosto lindo, desses que fazem as mulheres suspirarem. - Ela sorriu e pegou a mão de Christopher. - Venha, vamos beber algo para comemorar.
Ele fez menção de recusar, então deu de ombros. Não faria nenhum mal passar alguns minutos ao lado de Dulce e do irmão dela.
- Com que tipo de escultura você trabalha?
- Esculturas de metal - respondeu Matthew, tirando a jaqueta e jogando-a sobre uma cadeira.
Dulce, porém, pegou-a no mesmo instante.
- Vou pendurá-la no banheiro para secar. Christopher, sirva-nos um pouco de vinho, sim?
- Claro.
- Não tem cerveja? - indagou Matthew, arqueando uma sobrancelha ao ver a familiaridade com que Christopher foi até a cozinha, procurar a bebida.
- Tem, sim. - Christopher tirou duas latinhas da geladeira e abriu-as, antes de servir vinho para Dulce.
- Você trabalha na região sul?
- Isso mesmo - Matthew respondeu. - Para mim, é mais prático ficar em Nova Orleans do que na Nova Inglaterra. Raramente chove por lá e isso me dá mais oportunidade de trabalhar ao ar livre. Dulce não havia falado de você. Quando se mudou para cá?
Christopher tomou um gole de cerveja , notando que os olhos de Matthew eram quase da mesma cor dos cabelos de Dulce. Um tom de uísque envelhecido.
- Mudei-me há pouco tempo - respondeu.
- Age rápido, não? - insinuou Matthew.
- Dependendo do meu interesse...
- Christopher - Dulce suspirou ao entrar na cozinha -, poderia pelo menos ter servido a cerveja em copos, não?
- Não precisamos de copos - respondeu Matthew, dando uma piscadela para Christopher.
- Bebemos diretamente da lata, como homens de verdade, não é, Uckermann?
Dulce riu.
- Então não vai nem querer o queijo temperado e o patê com torradas que eu pretendia lhe oferecer para acompanhar a bebida? - provocou ela.
- Quem disse? - indagou Matthew, em um tom de protesto, sentando-se em um dos banquinhos diante do balcão.
- Você tinha quatro dessas banquetas, não tinha?
- Oh, emprestei uma para Christopher. O que veio fazer em Nova York, Matthew? - perguntou ela, examinando o que havia na geladeira.
- Vim fazer alguns contatos para minha próxima exposição. Estou aqui apenas há alguns dias.
- E se hospedou em um hotel, não é? - questionou Dulce, com ar ofendido.
- Essa sua "política de boa vizinhança" me deixa louco, irmãzinha. - Olhando para Christopher, continuou: - Está aqui há algum tempo, não é? Então já deve ter visto como este apartamento vive cheio de gente. É um horror. Ela deixa... - ele fez um ar dramático -...as pessoas entrarem aqui a todo momento.
- Matthew é um recluso profissional - explicou Dulce, começando a arrumar a mesa. - Vocês dois vão se dar muito bem. Christopher também não gosta de ter contato com muitas pessoas.
- Ah, finalmente alguém com bom senso. - Matthew sorriu para Christopher, concluindo que certamente os dois iriam se dar bem.
- Certa vez, cometi a tolice de pedir para ficar aqui - continuou ele, pegando uma torrada. - Foi um pesadelo. Três dias vendo gente entrando sem bater, falando alto e trazendo seus parentes e bichos de estimação.
- Era apenas um cachorrinho.
- Que insistiu em ficar no meu colo, sem ser convidado, e depois comeu minhas meias.
- Se você não tivesse deixado no chão, ele não as teria comido. Além do mais, ele só as furou um pouquinho.
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Um Vizinho Perfeito
RomanceO amor ainda era o maior legado dos Macgregor Fazer parte da família MacGregor era o mesmo que estar destinado a encontrar um grande amor. Sim, porque para os descendentes daquele poderoso clã escocês, não havia como escapar do olhar carinhoso e ma...