Christopher estava encantado. Dulce era mesmo fascinante.
- Guitarras vermelhas e kits de química fizeram parte de sua busca?
- Eu não conseguia decidir o que ia ser. Tudo que eu começava a fazer parecia muito divertido no início, mas logo eu me cansava daquilo. Sabe cortar cenouras em cubinhos?
- Não. Nunca pensou que acabaria fazendo o que faz hoje em dia?
Dulce suspirou, começando a cortar a cenoura em cubinhos.
- Não - admitiu ela. - Mas gosto muito do que faço, embora eu tenha muito trabalho. De qualquer maneira, é muito divertido. Você não gosta de escrever?
- Não completamente.
Dulce olhou para ele, surpresa.
- Então por que faz isso?
- Porque não consigo me imaginar fazendo nenhuma outra coisa. Essa é minha única busca - respondeu Christopher.
Ela assentiu com um sorriso. Entendia-o muito bem.
- Também é assim com minha mãe - disse a ele. - Ela nunca pensou em fazer outra coisa, exceto pintar. Às vezes, quando fico olhando ela trabalhar, noto quanto é doloroso para ela ter uma visão e ter de se esforçar ao máximo para conseguir retratar na tela aquilo que ela quer comunicar. Mas quando ela termina um trabalho, quando este se mostra suficientemente bom, ela se realiza. A satisfação, ou talvez o choque de ver o que ela é capaz de fazer, é que surte esse efeito nela. Deve ser assim com você também.
Dulce levantou a vista, então notou que Christopher a estava observando com um olhar perscrutador.
- Sempre se surpreende quando demonstro saber algo a respeito de um assunto que você não esperava, não é?
Dizendo isso, colocou a tigela com os legumes picados sobre o balcão. Christopher segurou-lhe o pulso, antes que ela pudesse de virar.
- Se isso ainda acontece, é porque sou eu quem não consegue entendê-la, Dulce. E é provável que eu continue a magoá-la por isso.
- Mas é ridiculamente fácil me entender!
Christopher riu.
- Era isso que eu pensava antes, mas estava enganado. Você é um labirinto, Dulce. Com dezenas de caminhos e curvas inesperadas.
Um belo sorriso se insinuou nos lábios dela.
- Esta é a coisa mais bonita que você já me disse.
- Não sou do tipo que vive se derramando em gentilezas. Teria sido melhor me manter fora de sua vida, deixando que eu continuasse trancado no meu apartamento.
- Acho que até eu mesma já me convenci disso - admitiu ela. - Porém... - Pousou a mão no rosto dele, com gentileza.
- Você parece haver se tornado minha nova busca.
- Até ela deixar de ser divertida e você deixá-la de lado?
A expressão de Christopher se mostrou muito séria. Ele parecia preparado demais para acreditar no pior.
- Christopher, você está falando demais e trabalhando de menos. Sabe cortar batatas em formato de palitos?
- Não tenho a mínima idéia de como fazer isso.
- Então olhe e aprenda, meu caro. Da próxima vez, quero que você prepare o jantar. - Dulce pegou uma batata descascada e cortou-a com destreza, formando palitos. Então arriscou um olhar para ele. - Ainda estou nua?
- Você quer estar?
Ela riu e tomou um gole do vinho que deixara ao lado.
Levava muito tempo para preparar um simples jantar quando se era distraída por uma conversa agradável, por olhares provocantes e toques sedutores.
Levava muito tempo para comer uma simples refeição quando o perigo de se apaixonar e a vontade de fazer amor com o homem sentado à sua frente se tornavam cada vez mais evidentes.
Dulce reconheceu os sinais: as batidas aceleradas de seu coração, o insistente calor pelo corpo acumulando-se deliciosamente entre suas pernas... Tudo isso aliado a sorrisos irresistíveis e a suspiros incontidos era um forte indício de que seria muito fácil se entregar ao amor.
Imaginou como seria se deixar levar. Provavelmente maravilhoso.
Levava muito tempo para se despedir quando se era arrebatada por longos beijos provocantes à porta de seu apartamento. E mais tempo ainda para conseguir pegar no sono quando seu corpo ardia de desejo e sua mente se encontrava repleta de imagens eróticas.
De fato, só conseguiu dormir quando o som do sax vindo do outro apartamento finalmente cessou. Somente então se entregou ao sono. E com um sorriso nos lábios.
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Um Vizinho Perfeito
RomanceO amor ainda era o maior legado dos Macgregor Fazer parte da família MacGregor era o mesmo que estar destinado a encontrar um grande amor. Sim, porque para os descendentes daquele poderoso clã escocês, não havia como escapar do olhar carinhoso e ma...