capítulo 23

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- Sem escala? - perguntou ele, dando-se conta de que até gostara da brincadeira.

Ver seu beijo ser considerado em uma escala aci­ma de dez não deixava de ser lisonjeador. Ao ver Dulce reagir apenas com um impotente gesto de mãos, começou a rir. E ainda estava rindo quando desceu a escada em direção à porta da sala.

- Posso entrar agora? - sussurrou Anahí, co­locando a cabeça no vão da porta entreaberta do estúdio de Dulce.


- Ah, meu Deus, Anahí. O que vou fazer aqui? - Aturdida, Dulce colocou um segundo lápis atrás da orelha, derrubando o primeiro sem nem parecer se dar conta disso. - Pensei que não iria haver nenhuma conseqüência. Quer dizer, o que há de mal em se deixar levar pelo encantamento de um homem bonito, atraente e irresistível?

- Deixe-me pensar... - Anahí sentou-se diante da mesa de trabalho da amiga.

- Nenhum mal! Absolutamente nenhum mal.

- E se você acabar se apaixonando um pou­quinho por ele, isso fará parte do jogo, certo?

- Absolutamente certo.

- Mas o que fazer quando você vai um pouco além do limite?

Anahí franziu o cenho, preocupada.

- Você foi além do limite?

- Acabei de fazer isso - Dulce respondeu.

- Oh, querida. - Em um gesto carinhoso, Anahí deu a volta pela mesa e abraçou a amiga. - Tudo bem. Acabaria acontecendo, mais cedo ou mais tarde.

- Eu sei, mas sempre pensei que aconteceria mais tarde.

- Todos nós pensamos isso.

- Christopher não vai gostar de saber que eu me apaixonei por ele. Vai ficar aborrecido com isso. - Apoiando a cabeça no ombro da amiga, Dulce exalou um suspiro trêmulo.

- Também não estou muito contente com isso, mas acabarei me acostumando.

- Claro que sim. Coitado do Frank. - Com um suspiro, Anahí afagou o ombro da amiga e se afastou um pouco.

- Ele nunca a interessou de verdade, não é mesmo?


Dulce balançou a cabeça negativamente.

- Sinto muito.

- Ora. - Anahí dispensou seu primo preferido com um gesto de mão.

- O que vai fazer?

- Ainda não sei. Para ser sincera, estou pen­sando em sair correndo e me esconder em algum lugar - confessou, forçando um sorriso.

- Isso é para covardes.

- Tem razão. Seria uma atitude covarde. E que tal dar tempo ao tempo e ver se isso passa?

Anahí balançou a cabeça, rindo da ingenuidade da amiga.

- Sua boba. Quando se é atingido pela flecha de cupido, meu bem, a cura não vem assim, tão facilmente.

Dulce respirou fundo.

- Então, que tal irmos fazer compras?

- Agora, sim, começou a falar com sensatez. - Com um breve gesto de comemoração, Anahí se encaminhou para a porta.

- Vou ver se a sra. Wolinsky pode ficar com Charlie, então enfrenta­remos esse problema como mulheres de verdade.


Um Vizinho PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora