Capítulo quatro.

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- Eu arrumo um advogado. –eu dei de ombros, fazendo Joshua bufar pela quinta vez dentro daquele escritório-

- Eu sou seu advogado, Joseph. –ele falou impaciente e eu revirei os olhos-

- Você era o advogado do meu pai. Se está querendo um emprego, procure outra família. –eu dei de ombros-

- Continuo sendo seu advogado, Joe. –ele lembrou e eu sei de ombros novamente, indiferente- O que importa agora, é você querer a guarda de Maya. –ele lembrou e eu o olhei-

- O que me impede? –eu perguntei e ele riu, debochado-

- Em primeiro lugar, sua avó. –ele falou e eu assenti- Em segundo lugar, sua ficha na polícia. –ele lembrou e eu bufei, indignado-

- Não vou preso há quase cinco anos. –eu lembrei e ele riu-

- E você acha que isso importa? –ele perguntou- Você era preso quase todo mês quando era mais novo, Joe. Sempre por brigas em bares, dirigir bêbado, entre outros delitos, não é? –ele provocou e eu passei a mão pelos cabelos-

- Eu tenho alguma chance? –eu perguntei, direto e ele suspirou, parecendo pensar em algo-

- Talvez. –ele falou olhando para o nada, pensativo- Se o juiz perguntar para Maya com quem ela quer ficar, e ela quiser ficar com você. –ele murmurou e eu assenti- Mas depende do juiz perguntar, e do juiz levar em consideração as palavras de Maya. –ele explicou e eu senti a pouca esperança que sentia, evaporar- Maya tem apenas sete anos, Joe. Dependendo do juiz, ele nem pede para falar com as crianças. –ele deu de ombros- Porque quer ficar com ela? –ele perguntou e eu respirei fundo-

- Porque ela é minha irmã. –eu dei de ombros e Joshua não pareceu muito convencido- Porque eu sei como ela vai ficar se morar com a minha avó. –eu murmurei e ele assentiu- Vai ser criada de uma maneira errada. Maya não merece isso. –eu dei de ombros-

- E você acha que consegue criar uma criança de sete anos? –ele perguntou e eu suspirei-

- Não deve ser tão difícil. –eu dei de ombros-

- Ok... Então eu ajudo. –ele falou e eu assenti-

- Obrigada. –eu falei me levantando-

Eu saí do escritório e caminhei até a sala de estar, logo encontrando Maya sentada na poltrona que era do meu pai. Ela usava um vestido vermelho, que contrastava com a pele pálida dela e com os cabelos negros. Ela ainda tinha o semblante triste, e já faziam quatro dias desde o enterro.

- Oi. –eu murmurei e ela me olhou, e sorriu fracamente- O que está fazendo? –eu perguntei, caminhando até ela, e sentando no chão, na sua frente-

- Pensando. –ela murmurou e soltou um suspiro- É estranho, Joe. Tá tudo mudando. –ela murmurou e eu assenti- Eu sinto falta da mamãe. –ela sussurrou, balançando a cabeça- Ela tinha ido até o escritório do papai para chama-lo para a minha apresentação da escola. –ela falou e eu gemi- Ele... Ele havia esquecido, mas ela falou que ia busca-lo. Que eles não perderiam por nada. –ela falou e sua voz ficou tremula- Eles perderam, Joe. –ela falou e começou a chorar-

Eu não soube o que falar. Não soube como conforta-la, mas queria, por isso a puxei para meus braços. Assim que Maya me apertou, ainda chorando, eu me sentei na poltrona e a ajeitei em meu colo, deitando sua cabeça em meu peito e acariciando seus cabelos.

Não tinha o que ser dito, por isso o silencio só era preenchido pelos soluços do choro de Maya, que logo foram se acalmando, até pararem. Maya, por fim, apenas suspirava regularmente, já sem chorar, depois de quase meia hora.

- Eu vou morar com a vovó? –ela perguntou de repente e eu fechei os olhos, sem saber o que responder-

- Você quer morar com ela? –eu perguntei e ela ergueu a cabeça, fazendo uma caretinha-

- Não. –ela murmurou e eu sorri, limpando suas lágrimas e balançando a cabeça-

- Daremos um jeito então. –eu falei e ela assentiu-

- Quero morar com você. –ela falou e voltou a deitar sua cabeça no meu peito-

E então eu sorri mais ainda, sentindo algo no meu peito. Algo que nunca havia sentido antes.

- Quer? –eu perguntei ainda sorrindo-

- Sim. –ela falou dando de ombros- Sei que você vai cuidar bem de mim. E que não vai me deixar sozinha, mesmo você não tendo prometido no dia do enterro. –ela falou e eu respirei fundo-

-Maya. –eu chamei e ela ergueu o rosto- Eu prometo agora. –eu falei e elasorriu, assentindo-    

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