Capítulo cinquenta e três.

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Eu e Maya fomos embora no final do dia, depois de eu ter prometido para meus avós que eu ligaria todos os dias. Já havia feito essa promessa nas outras vezes que eu os visitava, mas dessa vez, algo dentro de mim me garantia que eu cumpriria. É o mínimo que eu posso fazer para aqueles dois.

Chegamos em Nova York quando já havia anoitecido. Amy e Jack nos esperavam no aeroporto e Maya correu até eles assim que os viu. Eu fui logo atrás, com calma, sentindo o peso do mundo em minhas costas. Não estava nem um pouco bem.

Amy foi a primeira a soltar Maya e se aproximar de mim, soltando um suspirou e bateu de leve em meu ombro. Amy sabia que eu não queria um abraço naquele momento. Ela sabia que eu só precisava ficar quieto.

Jack veio logo depois, e fez a mesma coisa que Amy, assentindo a cabeça para mim, em uma garantia de que estava comigo. Como se precisasse me garantir algo que eu sempre tive certeza.

Eu engoli em seco e ajeitei minha mala e a mala de Maya nos ombros, fazendo sinal para irmos. Jack pegou a mão de Maya e os dois foram na frente. Amy ficou um tempo parada me olhando, e eu retribui o olhar.

Não havia nada para ser dito naquele momento. Eu estava triste, o que não era uma coisa boa, levando em conta a minha bagagem de problemas, e não queria ouvir palavras de consolo. Não havia consolo naquele momento, pois a vida é uma grande merda.

Por fim, Amy balançou a cabeça e pegou na mala de Maya, colocando no ombro e seguindo Jack. Eu respirei fundo e a segui.

Quando cheguei no meu apartamento, Amy foi ajudar Maya no banho, enquanto eu fui para meu banheiro tomar o meu. Quando saí, Jack estava no sofá, bebendo uma cerveja, ao lado de Maya que bebia suco. Os dois estavam assistindo um desenho animado, e riam de vez em quando. Sorri fraquinho ao me sentir finalmente em casa. Ainda com o peso do mundo nas costas, eu pude, por segundos, me sentir em paz.

- Onde está a Amy? –eu perguntei-

- Cozinha. –Maya respondeu sem tirar os olhos da televisão-

Eu caminhei até a cozinha e vi Amy com a cabeça enfiada na geladeira, procurando algo. Logo soube que era uma lata de refrigerante. Ela fechou a geladeira e caminhou até o balcão no centro da cozinha, dando impulso e sentando-se em cima do mesmo. Eu me encostei no armário da pia, na frente de Amy, e cruzei os braços. Jack logo entrou na cozinha também, e me olhou, esperando que eu começasse a falar.

- É grave. Pior do que o da minha mãe. –eu falei depois de um suspiro-

- Não há tratamento? –Jack perguntou sério-

- Há, mas meu avô não quer fazer. O médico disse que as chances são poucas com o tratamento. –eu expliquei e Jack fez uma careta, passando a mão pelo rosto-

- Droga. –Jack sussurrou e eu assenti, olhando para a parede-

Nada mais foi dito, e eu logo comecei a preparar o jantar de Maya. Jack e Amy foram embora quando eu já estava servindo o prato de Maya, e eu vi de relance ela entrar na cozinha.

- Você não vai comer? –ela perguntou subindo no banco alto do balcão-

- Não estou com fome. –eu respondi e coloquei o prato na sua frente, lhe entregando também uma colher-

- Mas é macarrão com queijo. Você adora. –ela falou confusa e eu sorri fracamente- A gente divide então. –ela sugeriu sorrindo para mim e eu me sentei ao seu lado-

- Minha avó pediu para você cuidar da minha alimentação, não é? –eu perguntei e ela deu uma primeira colherada na comida-

- Não com essas palavras. –ela disse com a boca cheia e eu ri- Coma comigo. –ela pediu pegando mais uma colherada e levando-a em direção ao meu rosto- Abra. –ela pediu e eu ri de novo, abrindo a boca, e deixando ela colocar a colher lá dentro- Bom menino. –ela brincou e eu balancei a cabeça, com um sorriso no rosto-

Eu me levantei e peguei outro prato, me servindo o que tinha sobrado na panela, e me sentando ao lado de Maya de novo, com um garfo na mão. Nós comemos em silencio, mas eu via o olhar orgulhoso de Maya toda vez que eu levava o garfo até a boca. Quando terminamos, eu coloquei os pratos na pia e fui para o sofá com Maya. Decidimos ver um filme, e ela se aninhou no meu braço e eu sorri, sentindo meu coração aquecer por saber que nem tudo estava ruim na minha vida.

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Narrado por Demi Lovato.

Os planos do meu feriado já não eram os melhores, mas o que realmente aconteceu foi ainda pior. Eu passei os quatro dias do feriado encarando o meu celular e esperando uma ligação de Joseph. Eu sabia que ele estava em Los Angeles, mas algo me dizia que algo estava acontecendo, e que o envolvia.

Claro que eu não ligaria, já que eu coloquei um fim naquilo que nós tínhamos. Não pediria desculpas por algo que nem sequer me arrependo. Ainda acho que eu e Joe não podemos ficar próximos um do outro. Seria um caos na minha vida. Infelizmente, Joe é um caos ambulante. Mas eu sentia sua falta, e saber que amanhã eu provavelmente o veria, fazia meu coração perder uma batida. O pouco que eu conhecia dele, me fazia saber que ele não me trataria bem assim que me visse, mas eu ainda tenho esperança de que ele aja como um adulto e não me trate diferente.

- Demi? –eu ouvi Abby chamar e me virei, encontrando-a encostada na porta da cozinha- Eu vou para o colégio com você amanhã. –ela falou e eu franzi o cenho-

- O que? –eu perguntei, absurdamente confusa, afinal, não fazia sentido algum aquilo-

- Recebi um e-mail da diretora, dizendo que estão procurando uma auxiliar na biblioteca. –ela falou batendo palminhas e eu franzi o cenho-

- Mas... Precisa ter formação em biblioteca. –eu falei ainda confusa-

- Ah, eu sei, mas isso está no meu currículo. –ela falou sorrindo-

- Você tem formação nisso? –eu perguntei e ela riu-

- Não, né, boca. Eu sou contadora. –ela revirou os olhos rindo- Quem nunca mentiu no currículo? –ela perguntou e eu vi Ethan entrar na cozinha-

- Demi. –Ethan respondeu por mim e eu assenti-

- Porque o currículo dela é incrível. –Abby deu de ombros e eu ri, balançando a cabeça-

- Você que sabe, Abby, mas eu não vou me encrencar com as suas tramoias. –eu falei e voltei a lavar a louça-

- Vai dar tudo certo. –ela falou e eu ouvi a risada de Ethan-

- Abigail, pelo amor de Deus, larga esse celular. Eu não aguento mais conversar com a parede! –ele falou e eu ri- Com quem está falando, afinal? –ele perguntou-

- Com a Amy. –ela respondeu e eu fechei a torneira novamente, me virando para olha-la-

- Que Amy? –eu perguntei-

- Aquela amiga do Joe. –ela respondeu e eu franzi o cenho-

- Desde quando são amigas? –eu perguntei e ela deu de ombros-

- Semana passada nós nos encontramos em uma cafeteria, e acabamos trocando números. Ela é muito legal. –Abby falou e voltou a focar em seu celular- Ela acabou de sair do apartamento do Joe, ele voltou de viajem. –ela comentou e eu ergui uma sobrancelha-

- Hm. –murmurei tentando parecer indiferente, mas senti o olhar de Ethan em mim-

- Hm? –ele perguntou e eu dei de ombros-

- Hm. –confirmei e ele riu, revirando os olhos-

Bufei e voltei a lavar minha louça, ignorando a risada de Ethan. Afinal, o que mais eu poderia fazer?

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