Capítulo cinquenta.

539 44 9
                                    

- Porque Florence e Bob têm um videogame se eles nem jogam? –Maya perguntou focada na televisão-

Nós jogávamos Mario Kart, e eu estava perdendo. Claro que eu estava deixando Maya ganhar, porque era a primeira vez que ela jogava, e porque eu não estava muito com cabeça para jogar.

- Porque quando eu vinha para cá, eu sempre jogava. –respondi dando de ombros e ela deu pausa no jogo, pegando seu copo de refrigerante na mesinha de centro-

- Estou gostando daqui, Joe. –ela comentou e eu sorri-

Já era de noite, no nosso penúltimo dia em LA. Meu avô estava preparando o jantar e minha avó estava descansando em seu quarto. Maya já estava de banho tomado e estava usando um vestido de princesa.

- Mas sabe que temos que ir para casa depois de amanhã, certo? –eu perguntei e ela assentiu, dando de ombros-

- Sinto falta de casa. –ela falou e voltou a jogar- Sinto falta de Jack, de Amy, de Tony e da Senhorita Lovato. –ela falou e eu a olhei brevemente antes de me focar no jogo- Ganhei! –ela gritou assim que seu carro passou a linha de chegada-

Ela pulou feliz, ajeitando a pequena coroa na sua cabeça e eu ri, soltando o controle na mesinha de centro da sala.

- Ok, mocinha. –eu falei e a puxei para meu colo- Depois do jantar nós podemos ligar para a Amy. –eu sugeri-

- Mas já falamos com ela hoje. –ela falou suspirando- Quero falar com a Senhorita Lovato. –ela falou e eu balancei a cabeça-

- Com ela não dá, Maya. –eu falei e ela fez uma careta-

- Porque você fez besteira? –ela perguntou deitando sua cabeça em meu ombro-

- Porque eu fiz besteira. –confirmei e nós suspiramos ao mesmo tempo-

Eu dei um beijo em sua testa e me levantei, colocando-a sentada no sofá. Ela riu de leve quando lhe fiz cócegas, mas depois eu me afastei, caminhando até a cozinha, onde meu avô estava fazendo a comida, com um avental. Ele sorriu para mim quando eu passei por ele, batendo de leve em seu ombro enquanto eu pegava minha carteira de cigarros no bolso. Ele bufou assim que viu o que eu ia fazer e eu ri, abrindo a porta para os fundos e saindo para o quintal.

Eu sentei em uma das cadeiras que tinha em volta de uma mesa de madeira. Acendi meu cigarro e fiquei observando o céu estrelado. A vista daquele quintal era linda. Eu poderia passar a noite inteira observando o mar e o céu.

Fumei meu cigarro com calma, e quando já estava quase terminando, ouvi a porta da cozinha abrir. Me virei e vi minha avó na porta, com os braços cruzados e a expressão zangada. Suspirei e dei uma última tragada em meu cigarro antes de apaga-lo no cinzeiro.

- Pensei que depois de Maya morar com você, você iria parar. –ela comentou e eu soprei a fumaça para o lado oposto de onde ela estava-

- Ela nunca está por perto quando eu fumo. –respondi e ela bufou-

- Mesmo assim, moleque. –ela falou impaciente e eu franzi o cenho. Ela nunca ficava tão irritada- Você mora com uma criança, Joe. Não a prejudique. –ela falou e eu me levantei-

- Eu sou adulto, ok? Sei o que faço. –falei e ela balançou a cabeça- O que há, vó? –eu perguntei-

- O que há? –ela perguntou e riu seca- Como você quer que eu reaja vendo o meu neto acabar com sua vida? –ela perguntou e eu balancei a cabeça-

- Não estou acabando com a minha vida, vó. Eu posso morrer com ou sem isso. –eu falei revirando os olhos-

- Joe, eu ouvi isso do seu avô pelos últimos cinquenta anos. –ela falou e eu franzi ainda mais o cenho-

Por mais que fosse raro eu vê-la, eu conhecia minha avó, e sabia que naquele momento ela estava me escondendo algo.

- O que há, vó? –eu voltei a perguntar e ela fechou os olhos, caminhando até mim-

- O que há, Joe, é que eu vi minha filha morrer com câncer no pulmão, e ela nem fumava. –ela falou e eu me encolhi-

- Esse é o ponto, vó. Eu posso morrer com ou sem isso. –eu falei querendo acabar logo com isso-

- Não, meu amor. O ponto é que o seu avô fumou a vida inteira e... –ela se calou e eu franzi o cenho, vendo-a balançar a cabeça-

- E o que? –eu perguntei e ela se afastou, respirando fundo, parecendo torturada- E o que, vó? –eu perguntei mais aflito-

O que diabos estava acontecendo?

- Eu fumei a vida inteira, Joe. –ouvi meu avô falar logo atrás da minha avó e o encarei. Ele também tinha uma expressão torturada no rosto- E agora estou com câncer... O mesmo que matou sua mãe. –ele falou e eu senti meu coração parar de bater e minha cabeça parar de funcionar por alguns segundos-

Learn to love.[JEMI]Onde histórias criam vida. Descubra agora