Capítulo sessenta e nove.

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Apesar de querer curtir Maya o dia inteiro, só eu e ela, depois de ligar para o nosso avô, fui obrigado a mandar mensagem para Amy e Demi, já que Maya não parava de pedir por aquilo. Logo depois de enviar as mensagens, nos preparamos para ver Jack, mas ele apareceu no meu apartamento antes e quase enfartou ao ver Maya. Logo depois foram só abraços e pulos alegres de ambos. Amy foi a segunda a chegar, usando um sobretudo por cima do pijama que ela disse não ter tido tempo para tirar. Amy chorou e abraçou Maya por dez minutos sem soltar. Quando se soltaram, Amy ainda fungando e com o rosto molhado de lágrimas, me abraçou também e eu retribui, sabendo que ela estava feliz na mesma proporção que eu.

Eu estava na cozinha, fazendo chocolate quente para nós quatro quando a campainha tocou. Larguei as coisas e saí da cozinha, vendo Jack abrir a porta e Demi entrar, usando um vestido vermelho e um sobretudo preto por cima. Maya, sentada no sofá, se levantou prontamente e se atirou nos braços de Demi que a abraçou fortemente, com os olhos fechados. Ela estava arrumada demais, e eu não pude deixar de ficar apreensivo, imaginando o que ela poderia estar fazendo arrumada desse jeito. Quando se soltaram, Demi segurou o rosto de Maya e beijou a ponta de seu nariz, fazendo minha irmã sorrir abertamente. Nenhuma palavra foi dita entre as duas, mas a conexão entre elas era nítida e linda de ver.

Quando Demi se virou e encontrou meu olhar, ela respirou fundo e eu notei que fazia muito tempo que eu não a via. Ela desviou o olhar e sorriu para Jack e Amy que retribuíram. Era estranho o desconforto que se sentia no ar pelo nosso reencontro. Não estávamos brigados, nem nada, mas ao mesmo tempo, parecíamos estranhos um para o outro.

Maya logo voltou a se sentar ao lado de Amy que passou seu braço pelos ombros dela e Demi tirou o sobretudo, colocando-o no aparador ao lado da porta.

- Oi, Joe. –ela murmurou meio acanhada e deu passos hesitantes até mim-

- Oi, Demi. –eu respondi e ela sorriu desconfortável-

- O que ela faz aqui? –ela perguntou baixinho e eu olhei Maya que gargalhava de algo que Jack falava-

- Meu avô a trouxe para me ver. –respondi, amando falar aquelas palavras-

Quando liguei para meu avô, ele logo se acalmou do susto que foi acordar e não ver Maya. Depois de calmo, eu o agradeci pelo menos umas dez vezes, e ele apenas riu e disse que merecíamos nos encontrar. Deixou claro também que estava do meu lado, pois sabia que eu era a pessoa certa para cuidar de Maya.

- Eu quase desmaiei quando li sua mensagem. –ela sussurrou e eu sorri, vendo-a sorrir também-

- Eu atrapalhei alguma coisa? –perguntei observando seu vestido elegante e ela respirou fundo-

- Eu... Eu estava... Eu ia sair com um amigo. –ela disse e mordeu o lábio inferior-

- Oh. –foi o que consegui falar e ela desviou o olhar, olhando Maya que nos observava com o cenho franzido-

- Esse chocolate quente sai ou tá difícil? –Amy perguntou e Maya riu de leve-

Eu assenti devagar, caminhei até Maya, beijei seu rosto e voltei para cozinha, sem olhar Demi. Estava acendendo o fogão novamente quando ouvi o barulho do salto de Demi, e soube que ela estava na cozinha comigo.

- Tudo bem? –ela perguntou com a voz hesitante e eu balancei a cabeça-

- Tudo ótimo, Demi. –respondi e ouvi seu suspiro-

- Sebastian. –eu ouvi e me virei para encara-la- Eu ia sair com Sebastian. –ela esclareceu e eu franzi o nariz, sentindo um enjoo com sua resposta-

- Não me deve explicações. –eu resmunguei, com a voz muito mais dura do que desejava-

- Não, não lhe devo, mas sei que ia criar mil teorias na sua cabeça. –ela deu de ombros e eu me virei novamente para o fogão-

- Era um encontro? –perguntei e ela parou ao meu lado, pegando uma faca e começando a cortar a barra de chocolate que tinha na pia-

- Era. –ela respondeu e eu a olhei-

- Pensei que não tinha encontros com responsáveis dos seus alunos. –resmunguei e ela me olhou-

- Não era uma regra. –ela respondeu e eu respirei fundo, perdendo a paciência-

- Era uma regra quando eu convidei você para um encontro. –murmurei e ela suspirou-

- Eu... Eu tinha medo de você, Joe. –ela disse e eu franzi o cenho-

- Medo de mim? –eu perguntei, indignado-

- Medo do que me fazia sentir. –ela respondeu e sorriu docemente- Eu não sinto nada por Sebastian, mas ele é legal comigo, e Ethan disse que eu preciso conhecer pessoas novas. –ela disse e eu fiz uma careta-

- Tem me evitado, Demi. –sussurrei e ela fechou seu sorriso- E eu pensando que estava atarefada com as provas finais no colégio, mas estava apenas conhecendo pessoas novas. –eu falei e ela fechou os olhos-

- Eu ainda sinto medo, ok? –ela murmurou e mordeu o lábio inferior-

- Do que eu faço você sentir? –eu perguntei e ela assentiu- E você acha que eu não sinto nada? –perguntei baixinho e zangado e ela ergueu as sobrancelhas, com o rosto tenso-

- Acho. –ela sussurrou e eu bufei, desligando o fogão e me virando para ela, pegando em seu braço-

- Está enganada. –sussurrei e ela trancou a respiração-

Olhei no fundo dos seus olhos, tentando me acalmar. Estava puto, verdade seja dita. Ela tinha um encontro, porra! Quantos encontros ela deve ter tido nesse tempo todo que estamos sem nos ver? Vários! Será que ela ficou com outro? Será que ela gostou de outro?

- Joe? –ouvi e pulei, olhando para a porta da cozinha, onde Maya segura o telefone- Vovô perguntou se eu vou dormir aqui. –ela murmurou e sorriu levemente-

- Claro que vai. –murmurei e seu sorriso se expandiu- O chocolate quente saí em cinco minutos. –eu murmurei e ela assentiu-

Soltei o braço de Demi e lhe lancei um último olhar frio antes de voltar a preparar o chocolate. Aquele assunto encerrava ali, por enquanto.

Learn to love.[JEMI]Onde histórias criam vida. Descubra agora