Capítulo setenta e um.

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Narrado por Amy Parker.

Fiquei sentada na cadeira do aeroporto, ainda me sentindo fraca e desolada pela falta de Maya. Observava de longe Joe e Demi sentados no chão, um consolando o outro, e isso quebrava meu coração. Joe não merecia passar por essa dor, e era horrível não poder ajuda-lo.

Jack e Ethan já tinham ido embora, pois precisavam trabalhar, e eu estava apenas esperando Joe e Demi decidirem se levantar. Abby ainda estava aqui, mas havia saído em busca de um café. Olhei de relance alguém sentar ao meu lado e olhei, vendo Abby me alcançar um copo do Starbucks.

- Cappuccino, sem açúcar. –ela murmurou e eu sorri de leve, pegando-

- Obrigada. –murmurei e ela suspirou, olhando para Joe e Demi-

- Eles se amam, sabia? –ela murmurou e eu olhei para eles novamente-

- Não sei se já chegou no amor, mas eles se gostam. –comentei e ela negou com a cabeça-

- Aquilo ali, Amy... –ela apontou para os dois- A forma como Joe segura Demi, e a forma como eles parecem estar confortáveis sentados no chão, apenas pelo fato de estarem juntos. Aquilo é amor. Não é gostar. –ela disse e eu a olhei-

- Não entendo de amor, Abby. –respondi e ela sorriu tristemente-

- Nunca se apaixonou? –ela perguntou e eu desviei o olhar-

Se fosse há alguns meses eu responderia com uma risada debochada e diria que nunca. Até porque, antes de Abby, eu nunca havia me apaixonado. E sim, meus caros, eu, Amélia Parker, estava apaixonada por Abby. Não me perguntem como eu fui deixar isso acontecer, nem me perguntem como vou sair dessa. Acontece que eu amo a Abby, e é um amor confuso, já que, como eu disse, não entendo disso. Só sei que amo seu sorriso, sua risada, suas piadas sem graça e seu jeito carinhoso e exagerado. Mas odeio o fato de que ela nunca, jamais, em hipótese alguma, algum dia poderá me corresponder.

- Não vai me responder? –ela perguntou se virando para mim e eu a olhei- Oh, entendi. –ela falou e eu franzi o cenho- Você está apaixonada. –ela falou e eu fiz uma careta-

- Abby... –tentei falar, mas ela balançou a cabeça, sorrindo divertida-

- Amy, eu sou sua amiga. Me conte sobre ela. –ela disse e eu gemi-

- Não. –eu respondi simplesmente e ela piscou, com seu sorriso diminuindo-

- Você está realmente apaixonada? –ela perguntou surpresa e eu respirei fundo-

- Eu não entendo dessas coisas. –respondi e ela mordeu o lábio inferior-

- Você não está negando. –ela falou já sem sorrir e eu franzi o cenho-

- Nem afirmando. –dei de ombros e ela inclinou a cabeça para o lado, me observando-

- Eu a conheço? –ela perguntou e eu bufei- É aquela ruiva do bar? Que te deu o número do celular? –ela perguntou e eu ri, mesmo querendo que o teto caísse em cima de mim naquele momento-

- Não, Abby. –eu disse e ela bufou-

- Amy, eu sou absurdamente curiosa. –ela falou e eu ri-

- Estou vendo. –falei, me levantando- Olha, eu vou no banheiro. Se os dois se levantarem, você diz que eu já volto. –eu falei e ela se levantou-

- Eu vou junto. –ela deu de ombros e entrelaçou seu braço no meu- Você nunca me conta nada, Amy. –ela comentou enquanto caminhávamos e eu revirei os olhos- É sério, você é muito fechada. –ela falou e eu sorri para ela-

- Abby, eu não sou fechada, e sim prática. Não conto o que não tem necessidade de saber. –eu dei de ombros e ela revirou os olhos dramaticamente-

- Ora, você é minha amiga. Eu preciso saber por quem você está apaixonada. –ela falou e eu suspirei-

- Bom, eu não vou contar. –respondi, sentindo-me absurdamente desconfortável naquela situação-

Porque havia uma parte de mim que queria contar. Aquela parte iludida que acreditava fielmente que Abby ficaria feliz com a notícia, e que diria que sentia o mesmo. Aquela parte sonhadora, sabe?

- Porque não? –ela perguntou e eu soube que ela estava perdendo a paciência-

- Porque é você, Abby. –eu falei parando de caminhar e me virando para ela-

Foi como arrancar um curativo. Frio, rápido e doloroso. Abby congelou, parecendo quebrar a cabeça para entender a situação.

- O que? –ela perguntou com a voz tremula e eu balancei a cabeça-

- Estou apaixonada por você. –sussurrei e ela arregalou os olhos- E não venha com preconceito, dizendo que só estou apaixonada por você porque eu sou lésbica e você é minha única amiga. Estou apaixonada por você porque é você, ok? Porque conversamos há meses, sobre tudo, e é ótimo. Porque quando eu estou com você, Abby, eu não sou aquela pessoa amarga de sempre. Não sou resmungona, chata e sem paciência. Eu sou... Eu mesma. E você faz eu gostar de mim. –eu desabafei e Abby parecia a ponto de desmaiar- E olha, eu sei que não é reciproco, ok? Você não precisa me dizer. É mais do que óbvio que não é reciproco. E eu entendo perfeitamente, Abby. Não contei porque não queria que nossa amizade mudasse. Eu me aproximei de você sabendo que você não seria para mim o que eu queria que fosse. E está tudo bem. –eu disse e observei seu rosto-

Seu silencio fez eu logo me arrepender de ter despejado aquele balde de água fria em sua cabeça. Estava prestes a sair correndo quando vi Abby se aproximar. Pensei que ela daria um daqueles abraços carinhosos de sempre, mas a próxima coisa que eu senti foram seus lábios carnudos e macios cobrirem os meus, e a suas mãos no meu rosto. 

Learn to love.[JEMI]Onde histórias criam vida. Descubra agora