Capítulo dezoito.

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No outro dia, quando fui levar Maya, ela ainda estava meio cabisbaixa por causa daquela conversa. Eu queria realmente conversar com Maya. Conversar sobre o que se passava na cabeça dela. Quando eu perdi minha mãe, eu apenas queria conversar e não tinha ninguém. Mas Maya tem alguém.

Quando vi Demetria se aproximando, eu sabia o que tinha que fazer, por isso me despedi de Maya como sempre fazia, esperei os alunos entrarem, os responsáveis partirem e então me aproximei da porta, impedindo Demetria de fecha-la. Ela me olhou, com o rosto sem expressão e mordeu o lábio inferior. O lábio que eu queria tanto morder.

- Joseph. –ela murmurou e eu sorri de canto-

- Demi. –murmurei e inclinei a cabeça- Eu queria conversar com você sobre a Maya. –murmurei e ela franziu o cenho-

- Ela está bem? –ela perguntou e eu pude ver que ela realmente se preocupava com a minha irmã-

- Sim, está... Quer dizer, mais ou menos. –dei de ombros e balancei a cabeça- Será que depois da aula nós poderíamos conversar? –perguntei e ela prontamente assentiu-

- Claro. –ela falou e eu assenti, sorrindo fracamente- Então... Até depois da aula. –ela murmurou e sorriu para mim-

- Até depois da aula. –falei e ela se afastou-

Eu logo fui para a empresa, e sem querer muito papo com os outros, logo comecei a trabalhar. A verdade é que eu me preocupava muito com Maya. E, mesmo que tenha mudado minha vida por completo desde que ela começou a viver comigo, eu não me imagino mais sem ela comigo. Quero fazer isso funcionar, então preciso ajuda-la. Pode não parecer, mas Maya precisa de ajuda. Da mesma forma que eu precisei quando ainda me importava. Eu não tive ajuda, mas ela vai ter.

- Joe? –ouvi me chamarem e ergui meu rosto, tirando os olhos do monitor da minha mesa- Tudo bem? –Amy perguntou com o semblante confuso-

Era raro ver Amy assim tão séria. Ela sempre estava rindo, ou debochando, ou falando pelos cotovelos. Mas da mesma forma que eu não estava para brincadeiras, ela parecia também não estar.

- Sim. –respondi mesmo estando em conflito interno pelo bem da minha menina-

- Está assim desde ontem à noite. Aconteceu alguma coisa com a Maya? –ela perguntou e eu sorri-

- Ela é uma boa garota, né? –eu perguntei e Amy sorriu, entrando em meu escritório e sentando em uma poltrona em frente à minha mesa-

- Ela é uma ótima garota. –Amy respondeu sorrindo-

- Eu queria ter sido mais presente na vida dela. –dei de ombros- Quando eu morava em Ohio, eu agia como se ela não estivesse por perto. Ela vinha falar comigo e eu desconversava, ela me pedia ajuda em algo, mas eu estava sempre ocupado. Eu era um péssimo irmão.

- Mas agora está criando ela. –Amy falou e eu a olhei- E está fazendo um ótimo trabalho. –ela sorriu e eu balancei a cabeça- Sério, Joe, você está sendo um ótimo irmão agora. Você montou um quarto lindo para ela, a colocou em uma ótima escola, ajuda-a no dever de casa, ensina-a a ser organizada com suas coisas.

- Não é o bastante. –dei de ombros e Amy suspirou- Isso tudo não vale de nada enquanto Maya não conversar comigo, Amy.

- Maya acabou de perder os pais, Joe. Não faz nem três meses. –Amy lembrou- Você acha que é fácil? Você perdeu sua mãe há quinze anos e continua fechado. –ela falou e eu respirei fundo- Maya precisa de tempo. Precisa confiar plenamente em você. E aí então ela vai conversar com você, vai se abrir. Ela precisa saber que pode conversar com você, Joe. –ela falou e eu assenti, passando a mão pelo cabelo-

- Eu só não quero voltar a ser um péssimo irmão. –eu dei de ombros e ela sorriu-

- Então fazemos um acordo. Se eu ver que você está se tornando um péssimo irmão, eu chuto o seu traseiro e quebro o seu nariz. –ela deu de ombros e eu ri- Temos um acordo? –ela perguntou-

- Temos um acordo, Parker. –falei e ela assentiu rindo- Obrigada, Amy. –murmurei e ela parou no batente da porta-

- Como diria o Jack: Sempre aqui, irmão. –ela imitou e eu ri- Falando naquele idiota, ele está me devendo um café. –ela murmurou e saiu do meu escritório-

Logo continuei meu trabalho. As horas passarem sem eu dar conta, pois trabalhei demais, mas quando deu a hora de ir buscar Maya, eu me senti nervoso. Nervoso, pois, passaria mais de cinco minutos a sós com Demetria, a linda moça que perturba meus pensamentos há semanas. Eu parecia um adolescente, mas não poderia me esquecer que estava indo falar de Maya, e não dos meus desejos pervertidos com aquela mulher. E que mulher...


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