Capítulo setenta e oito.

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Narrado por Joe.

O dia do novo julgamento chegou. Eu, Demi e Joshua chegamos por último no tribunal e eu tive que ser segurado por Joshua quando vi Maya. De acordo com aquele filho da puta, eu não poderia chegar perto dela pois isso poderia afetar o depoimento de Maya. Sim, Maya vai depor, e isso já é o suficiente para me deixar nervoso. Ela, quando me viu, também precisou ser segurada e eu quis arrancar com os dentes a mão da minha avó por ter segurado minha irmã sem delicadeza alguma. Pisquei o olho para Maya que suspirou, sorrindo fracamente para mim.

O quão cruel é isso? Eu passei meses longe dela, e eu não posso dar um simples abraço nela. Ela é minha irmã e eu não posso chegar perto dela.

Ela estava mais magra, nitidamente, como Demi havia me dito, e eu quis matar minha avó por isso. Lembro que emagreci muito quando morava com minha avó. Ela bebia tanto que esquecia de fazer meu almoço, e meu avô trabalhava o dia inteiro, então eu ficava sem comer, até que eu aprendi a fazer macarrão com queijo. Mas Maya é pequena demais para fazer comida e eu me arrepio de imaginar minha irmã perto de um fogão.

- Joshua. –eu sussurrei e ele me olhou com olhos preocupados- Olha para ela. –eu sussurrei e ele balançou a cabeça-

- Joe, eu vejo Maya uma vez por semana no colégio. –ele sussurrou praticamente sem voz, apenas para eu ouvir- Eu a visito e peço para ela não contar para ninguém, e eu levo comida. Sempre, ok? Eu lembro de quando fomos buscar você na casa da sua avó e você estava puro osso. Eu lembro e me nego a aceitar que Maya praticamente passou pelo o mesmo que você. –ele disse e apertou meu braço-

- Mas ela está magra. –eu falei e ele assentiu-

- Uma vez por semana não é o suficiente, eu sinto muito. –ele disse e respirou fundo-

- Não sinta. –eu disse e encarei minha avó- Se existe alguém culpado aqui, esse alguém é aquela bruxa ali. –eu falei e senti Demi pegar minha mão-

- Calma, ok? –ela disse e eu a olhei- Maya vai volta com nós para Nova York. –ela sussurrou e eu assenti. Demi beijou meu rosto e nós nos sentamos-

Logo a juíza chegou e o julgamento começou. Eu fui o primeiro a ser chamado e me levantei, caminhando até a cadeira de frente para o tribunal. O advogado da minha avó se levantou, fechou o paletó e caminhou até parar na minha frente. Ele me lançou um olhar superior e eu ergui uma sobrancelha para ele.

- Como vai, Senhor Jonas? –ele perguntou e eu suspirei-

- Radiante. –respondi seriamente e ele riu forçadamente-

- Bom, gostaria de saber, senhor Jonas, se você fez o que lhe foi pedido no ultimo julgamento. Você iniciou o tratamento terapêutico? –ele perguntou e eu olhei minhas mãos-

- Sim. –respondi e olhei brevemente para Demi que parecia surpresa e aliviada-

- E você se sente diferente depois disso?

- Sim. –respondi dando de ombros-

- Positivamente? –ele perguntou e eu respirei fundo-

- Sim. –disse e ele suspirou-

- Preciso de mais detalhes aqui, Senhor Jonas. –ele falou com um falso sorriso no rosto-

- Bom, hm... Iniciei a terapia há três meses com a Doutora Anne Miller. Sei que três meses talvez não sejam suficiente, e eu ainda tenho uma jornada na terapia, mas eu notei sim um resultado.

- Então, senhor Jonas, me responda por favor, o que sente pelo o seu pai agora? –ele perguntou e eu hesitei, olhando minhas mãos- Na nossa ultima conversa, você apresentou muita raiva ao falar do seu pai. –ele lembrou e eu assenti-

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