Capítulo dezessete.

652 57 10
                                    

- Vou chamar Demetria para sair. –falei dando um gole em minha cerveja-

- Você não falou que ela estava com um cara? –Jack perguntou mexendo em seu celular-

- Mas eu não tenho certeza. Vai que seja só um amigo. –dei de ombros-

Estávamos na minha casa. Convidei Jack e Amy para jantarmos, como fazíamos semanalmente. Amy estava ajudando Maya a lavar o cabelo, enquanto eu e Jack cuidávamos da carne que colocamos no forno. Ainda não havia conseguido parar de pensar em Demi e naquele cara. Eu estava a ponto de ligar para ela e perguntar quem era aquele sujeito, mas não o fazia por dois motivos. Primeiro: Não tenho o seu número. E segundo: Não tenho esse direito.

A verdade é que eu e Demi não temos nada, e isso me irrita demais. Quero dizer, na minha cabeça, eu já comecei a imaginar uma relação com ela, e as vezes eu me esqueço que realmente não temos nada. Ela nem deve imaginar que eu já imaginei fazer sexo com ela em cinco posições diferentes.

- Não acho uma boa ideia, cara. –Jack murmurou se inclinando para olhar pelo vidro do forno- Amy já havia falado, isso tem tudo para dar errado. –ele deu de ombros e eu bufei-

- Mas e se... E se Demi quiser? –eu perguntei e ele me olhou-

- Quiser o que? –ele perguntou e eu suspirei me encostando no balcão-

- Um caso de uma noite só. –respondi e ele se encostou ao meu lado-

- Pelo o que você diz dela, Demetria parece uma mulher doce. –ele falou e eu revirei os olhos-

- Já dormi com mulheres doces antes. –dei de ombros e ele riu-

- Ela é professora da Maya, cara. –ele lembrou e eu bufei-

Amy e Maya entraram na cozinha de mãos dadas, rindo de algo, mas pararam assim nos olharam. Sorri para Maya que sentou em uma cadeira alta do balcão.

- Estou com fome. –ela falou e eu assenti-

- Mais meia hora. –falei e ela deu de ombros- Tem dever de casa? –perguntei e ela pareceu pensar-

- Senhorita Lovato mandou fazer uma redação sobre a importância das árvores. –ela falou e eu sorri-

- E você já começou? –eu perguntei e ela fez uma careta engraçada-

- Amy vai me ajudar depois do jantar. –ela respondeu e eu assenti- O que teremos de sobremesa? –ela perguntou e eu olhei Jack-

- Jack trouxe um bolo. Certo? –perguntei para Jack que suspirei-

- Joseph, pela vigésima vez, é uma torta. Entenda a diferença. –ele resmungou e eu ri, revirando os olhos-

- Só queria irrita-lo, cara. Eu sei que é uma torta. –ele falou e Jack assentiu revirando os olhos-

Eu ri e olhei Maya que sorria para nós. A convidei para organizarmos sua mochila, coisa que fazíamos todas as noites, pois a menina é realmente desorganizada com a mochila. Fomos para seu quarto enquanto Jack e Amy começavam uma discussão de quem faria a salada. Maya pulou em sua cama enquanto eu pegava sua mochila no canto do quarto e caminhava até a mesma. Sentei ao seu lado e abri a mochila, pegando em seu caderno enquanto ela tirava alguns papeis amassados de dentro da mochila.

Abri o caderno e comecei a folheá-lo, vendo as questões corrigidas por Demi, e sua assinatura em algumas páginas.

- Você gosta da sua professora, Maya? –eu perguntei de repente e Maya me olhou, com o cenho franzido-

- Muito. –ela respondeu e sorriu de leve- Minha antiga professora de Ohio era bem chata. Senhorita Lovato é sempre legal, e nunca briga com ninguém. –ela deu de ombros- Porque? –ela perguntou e eu sorri-

- Por nada, pequena. –dei de ombros- E os seus colegas? Eles são legais com você? –eu perguntei e ela sorriu mais ainda-

- São. –ela respondeu- Mas o Tony é o que eu mais me dou bem. –ela falou e eu ergui uma sobrancelha-

- Tony? –eu perguntei e ela assentiu-

- Ele senta ao meu lado em todas as aulas, e fica o recreio comigo. –ela falou sorrindo- Ele diz que somos melhores amigos, e que é para sempre, mas eu não acredito nisso. –ela riu de leve, e pegou seu estojo, abrindo-o e pegando algumas raspas de lápis que ficavam ali-

- Porque não acredita nisso? –eu perguntei e ela deu de ombros-

- Mamãe me dizia que estaria comigo para sempre. –ela falou e eu fechei os olhos- Papai me dizia que sempre me ajudaria. –ela murmurou e eu peguei sua mão-

E foi aí que eu notei que além de ter uma alma podre, eu também era muito egoísta. Eu realmente me esquecia o que havia acontecido com Maya. Porra, ela perdeu os pais. Foda-se se era o meu pai também, eu não precisava dele, mas Maya... Maya precisava dele e de sua mãe. E eu me esquecia disso. Esquecia que Maya só tinha a mim agora. Me esquecia que eu tinha que ajudar Maya, tinha que estar lá por ela quando precisasse. Tinha que ser o que Paul e Clarice não puderam ser.

- Maya... –eu tentei falar mas ela balançou a cabeça-

- Será que o jantar está pronto? Estou louca de fome. –ela perguntou e eu suspirei-

Maya havia se fechado, assim como eu havia feito quando minha mãe morreu. E se eu não fizesse algo, logo Maya teria uma alma podre como a minha. A minha princesinha ficaria perdida como eu.

Learn to love.[JEMI]Onde histórias criam vida. Descubra agora