Quando o Amor Fere

Capítulo 16

William havia traído a confiança de Pauliana mais uma vez. Ela já estava se cansando de tanto chifres, qualquer dia, seria capaz devolver em dobro cada traição.

- VOCÊ É UM ESTÚPIDO, NOJENTO, MENTIROSO, CRETINO, SAFADO! COMO VOCÊ FICA COM ELA E DEPOIS VEM FICAR COMIGO COMO SE FOSSE O NAMORADO MAIS SANTO DO MUNDO? - ela gritava, pros amigos, pros vizinhos, pro bairro e pra todos ouvirem.

- Escuta aqui, não grita comigo ouviu? Não sou teus amiguinhos que levam desaforo para casa não.

- QUEM TÁ GRITANDO AQUI? - ela berrou.

- O que está acontecendo aqui? - César chegou na casa.

Pronto, agora a confusão estava formada.

- Ah não. - William bufou.

- O que tá acontecendo aqui? OLHA!!!!!! - Pauliana levantou a franja para mostrar sua testa, num ato irônico de "exibir" seus chifres.

- Que isso? Não tem nada aí. - César passou a mão.

- EU SOU UM MUSEU DE CHIFRES AMBULANTE! Essa praga, - aponta para William. - Me traiu com uma fanzinha.

- Isso é verdade, William? - César se aproximou de William, sério. Seu ponto fraco era sua filha.

- É, sim! Peguei mesmo, iludi mesmo, transei mesmo e meti o pé. Coloquei chifres na sua filha SIM!

César deu um tapa na cara de William.

- Isso é por você ter traído minha filha.

Deu outro tapa.

- Esse, é por você trair minha confiança.

Mais um tapa.

- Esse aqui, pela sua irresponsabilidade.

Mais outro tapa.

- Esse aqui, é pelos seus gritos.

William tinha um ódio no olhar, seu rosto estava vermelho dos dois lados. Ele estava quase partindo pra briga com César, que antes dele tomar qualquer atitude, disse:

- Pensa bem no que você vai fazer. Não é de hoje que eu tenho essa vontade de te dar uns tapas. Se fosse meu filho não estaria mal educado dessa maneira.

- FODA-SE, TÁ LEGAL? - gritou e recebeu mais um grande e doloroso tapa.

Ele respirava feito um cachorro com raiva. Sua vontade era de matar César, mas usou o pouco senso que lhe restava e se conteve para não fazer besteiras.

- Eu só não rompo este contrato por causa desses três. - César apontou para os meninos. - Minha vontade é de te tirar da banda, mas não posso. Você infelizmente vale ouro.

- Tchau! - disse mega bravo e subiu pro quarto.

Mais tarde...

Helena chegou em casa mais cedo. Encontrou Maite deitada no sofá, quieta, olhando pro nada, com os olhos vermelhos.

- Filha? - sua voz preocupada perguntou. - O que você tem?

Maite não respondeu. Seu olhar e mente estavam perdidos demais para que ela notasse que sua mãe tinha chegado.

- Maite, responda... - ela se sentou do lado da filha. - O que aconteceu, cadê o William?

- Hum? - ela despertou do transe. Olhou para a mãe. - Oi?

- Cadê o William?

Os lábios dela tremeram, indicando que um novo choro estava surgindo. As lágrimas cairam e o pranto chegou com tudo. Helena, sem entender, olhava pra filha.

- William... - ela chorava.

- O que aconteceu, meu amor? - a mãe preocupada perguntou.

Maite deitou a cabeça no colo da mãe, chorando de esperniar.

- EU SOU UMA BURRA, UMA IDIOTA!!! - começou a agredir a si mesmo.

- Ei, ei, ei... pare com isso. - tocou a mão da filha, que estava quente e logo tocou a testa. - Você está ardendo em febre. O que aconteceu?

- Mãe... o William, eu o odeio! Odeio! - secava as lágrimas.

- Por quê tá dizendo isso? Ele é seu namorado, filha.

- NÃO É. Nunca foi. Ele brincou comigo, se aproximou de mim apenas para ter meu corpo.

Helena não compreendia a história direito, então pediu para a filha ser mais clara. Maite tomou coragem e explicou tudo desde o começo.

- Meu Deus! - Helena exclamou, espantada. - Mas ele não conseguiu o que queria, né?

- Conseguiu... ontem, transamos a noite toda!

- Como eu fui deixá-los sozinhos, Meu Deus!? - colocou a mão no rosto.

- Agora já passou mãe... Ele tá lá, com a namorada dele, que foi outra vítima. Não há mais nada a se fazer.

- Meu anjo... vamos seguir em frente, tá bom? Esquece esse cara e tudo o que ele lhe fez.

- Vou tentar... - ela se aninhou à mãe como a muito tempo não fazia.

Helena cuidou da filha naquela noite. Tratou sua febre, mas não podia tratar sua dor.