Capítulo 27

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2 meses depois.
As lágrimas corriam pelo rosto dela, fazendo-a não parecer mais a mulher forte que havia se tornado. Lágrimas de dor, saudades, amor. E adivinhem o motivo dessas lágrimas? Tinha nome, idade e endereço.
Maite estava na gravadora. Estava sentada, o rádio estava ligado baixinho, tocando a música "Crazy for You" da cantora Madonna. Que dizia um pouco as coisas que ela sentia a respeito de William. Quem lhe dera ao menos uma vez ela poder odiá-lo com todas as forças que o amava.
Eugenio chegou, entrou devagar e encontrou a amiga sentada, nadando em suas próprias lágrimas. Não gostava de vê-la assim. Se aproximou com calma e tocou a mão dela.
- Maite, o que... houve?
Ela olhou pra ele e se aproximou abraçando-o. Ele ficou sem reação e a aninhou em seus braços, lhe dando o carinho que ela precisava.
- Eu amo tanto aquele desgraçado. - ela disse entre soluços.
- Calma, não chore. Por favor! - ele dizia baixinho, passando a mão no cabelo dela.
- Ao mesmo tempo que eu o amo, eu odeio. No meu coração fica uma briga de sentimentos. Mas o amor sempre fala mais alto e eu fico assim... chorando.
- Então por qual motivo você insiste em se vingar, minha linda? Ainda há tempo de parar com essa loucura.
- Não. Não posso. Eu tenho que recuperar minha dignidade novamente. Desistir seria dar vitória e ele. E por mais que eu o ame, que sinta vontade de beijá-lo, eu não posso. Ele vai sentir tudo aquilo que eu senti. Vai ver que não era para ter brincado comigo.
- Maite... - falou baixo. - Você é muito linda para pensar em algo tão forte assim. Eu não te conheço a anos, mais sei que dentro de você não tem espaço para tanto rancor. Esquece... - agora ele limpava as lágrimas dela com a palma dos dedos.
- Não, Eugenio. Não posso. Se eu comecei, vou até o fim. Por mim e pelo Nick. - olhou para o filho que dormia no carrinho.
- Pode sim. - Eugenio aproximou o rosto de Maite. Suas faces estavam quase se tocando. Ela podia sentir a respiração dele. Eugenio aproximou-se mais, para beijar a boca dela, que parecia estar aceitando aquela aproximação, com os olhos fechados, pronta para sentir o gosto do beijo dele.
Mas não houve tempo. A Banda Dope chegou ao estúdio e eles rapidamente se afastaram.
- Bom dia, rapazes. - Eugenio os cumprimentou.
- Bom dia. - Dopes disseram.
- Que bom que chegaram. - Maite pegou uma ficha e olhou para eles. - Nós não temos tempo a perder, então, ensaio para o CD.
Eles olharam a ficha, e lá estavam cinco músicas impressas dele. Foram para a sala de gravação e Maite amamentou Nick, que tinha acordado. Logo foi ver o desempenho dos rapazes e olhava com um certo asco para William.
- Para tudo! - ela ordenou.
- Estamos tocando mal, Maite? - Poncho perguntou.
- Não, Poncho. O problema não é com vocês três. E sim com William.
Ele revirou os olhos e tirou as mãos da guitarra.
- O que eu fiz de errado agora, madame? - ingagou irônico.
- Sua voz já foi melhor, sabia? - ela andava em volta dele.
- Melhor como?
- Mais bonita, quente.
- Eu continuo cantando do mesmo jeito.
- Não continua não.
- Continuo sim.
- Não continua não.
- Continuo sim!
- NÃO CONTINUA! Minha professora de canto me ensinou coisas, e eu tô dizendo que sua voz não é mais a mesma.
- E o que você entende sobre voz? Sua aspirante a cantora.
- Aspirante? Em apenas UM ano eu consegui subir mais degraus que sua banda conseguiu. Minhas músicas tocam na rádio com bastante frequencia, eu tenho muito mais fãs que você. Fui uma das revelações do ano. Não posso sair na rua sem que alguém venha me pedir uma foto ou um autógrafo então não vejo motivo algum para me chamar de aspirante, seu metido a bonzão.
- Aposto que conseguiu isso dormindo com todos os caras poderosos que levantaram sua carreira.
Maite ficou boquiaberta ao ouvir aquilo. Já chega! Ele já tinha esgotado toda a paciência dela.
- Tá legal, você pediu. Está fora do ensaio hoje. Pegue suas coisas.
- Você não pode fazer isso. - olhou sério para ela.
- EU JÁ ESTOU FAZENDO, caso não tenha notado. Anda!
Ele guardou sua guitarra e saiu marchando da sala, sendo seguido por Maite. Se sentou e jogou a capa com a guitarra na mesa.
- Merda!
- Não se preocupe. Você não vai ficar atoa. - Maite disse e trouxe o carrinho do Nick para perto de William.
- Que que isso? - perguntou curioso.
- "ISSO" é o seu fi... é o seu trabalho até os seus amigos terminarem os ensaios. Você vai cuidar do meu filho, e ai de você se ele chorar.
- Mas...
- Mas nada! - ela virou de costas e voltou para a sala de gravações.
William balançou a cabeça negativamente e olhou para o Nick que olhava pra ele com seus imensos pares de olhos azuis.
- Não me olha assim. Me respeite. - William cruzou os braços.
Nick soltou uma pequena risadinha e continuou olhando para Will.
- Não ria de mim. Já disse pra me respeitar, sou mais velho que você.
Nick mais uma vez soltou uma risada gostosa.
- Ai, crianças... Não acredito que vou ter que ficar aqui olhando pra esse mini roqueiro. Tá, sua mãe mandou eu tomar conta de você, é isso que vou fazer. Tomar conta de você. - pegou o bebê no colo, deixando o carrinho vazio e saiu da gravadora com ele.
William sentia vontade de beber. No fim da esquina viu um bar e não pensou duas vezes para ir até lá. Carregava o Nick no colo, com um pouco de dificuldade. Em nenhum momento ele chorou, só olhava para William com curiosidade.
William pediu uma garrafa de cerveja e se sentou com Nick no colo, que não parava quieto.
- Tá com pulga na fralda? - ele perguntou. - Meu Deus, vocês crianças não param quietos, hein?
Nick fez biquinho e olhou sério para William, dando um tapinha em sua testa.
- Ei! Abusado! Só não te dou de volta porquê ainda é muito pequeno.
- Mamã... - Nick falou.
- Não, mamãe tá ocupada.
- MAMÃ... - ele gritou insistindo.
- Ihhhhh, que coisa. Já disse que sua mãe tá ocupada. O moço, me da um pirulito pequeno pra ver se esse menino fica quieto pelo amor de Deus?
O garçom riu e entregou o pirulito a William, que tirou a embalagem e colocou com cuidado na mão do Nick, que levou até a boca.
William mal sabia a confusão que tinha arrumado.
O ensaio terminou e Maite foi ver Nick. Seu coração de mãe gelou ao ver o pequeno carrinho vazio.
- Ni-nickolas... - ela deu uns passos pra trás. - MEU FILHO.
Os Dopes ouviram o grito e correram até ela.
- O que aconteceu, Maite? - Poncho perguntou preocupado.
Maite chorou.
- O desgraçado do amigo de vocês levou meu Nick, meu bebê.
Eles olharam para o carrinho, que estava vazio. Will não estava alí.

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