Capítulo 87

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O sol brilhava forte no céu naquela tarde de domingo. William, sua agora noiva e filho, estavam na sua casa de infância, junto com Poncho, Chris Ucker e suas namoradas. Era uma festa, comemorando os 30 anos de casados de seus pais. Mesmo sem ter acompanhado esses ultimos anos, Will se sentia orgulhoso de ver que seus pais eram tão firmes até hoje. Antigamente, ele não queria isso para ele, mas agora, sim...

Olhou para Maite, que estava ao seu lado e se perguntou por quê não deu valor a ela antes. Mas por um lado, sorriu e viu que estava tendo outra oportunidade. Não iria vacilar dessa vez. Maite estava se mostrando uma ótima companheira, e claro, uma ótima mãe. William admirava como ela podia fazer várias coisas ao mesmo tempo. Como por exemplo, falando ao telefone com uns sócios, ela também passava protetor solar em Nick, que estava pulando de ansiedade para ir a piscina.
Ele puxou o celular dela, e desligou, colocando no bolso junto ao seu. Quando ela ia abrir a boca para protestar, ele disse antes:

— Nada de celular em momentos de lazer.

— Mas William, era importante.

— Shiu! Regra é sempre uma regra. — ele riu, imitando uma frase dita por Maite há alguns dias.

— Tá bom. — fez um biquinho de lado e olhou pro filho. — Pronto, Nick... e olha, cuidado hein... fica em algum lugar que a gente possa te ver.

— Tá bom mãe. — ele pegou sua bóia e saiu correndo em direção a piscina.
William suspirou e pegou na mão de Maite. Ela lhe dava tanta segurança...

Laura, mãe de William se aproximou dos dois e disse:

— Maite, querida, você poderia me ajudar a escolher a decoração da mesa? Não faço idéia do que por.

— É claro, vamos lá e me mostre o que você tem. — Maite sorriu, gentil e se levantou. — Fica de olho no Nick pra mim, amor. — ela deu um beijo na testa de William e foi com sua sogra.

William olhou pro filho, que brincava com seus novos primos na piscina. E se lembrou de quando era uma criança e convenceu seu pai a fazer uma piscina para adultos e outros para "bebês e crianças". Seu pai, um arquiteto super inteligente, dividiu perfeitamente duas piscinas. Uma mais rasa, e a outra mais profunda. Lembrou-se também, que o primeiro banho de piscina que o Tiago tomou, foi ele quem deu. Tiago ainda era um neném... só tinha um ano e alguns meses, mas mesmo assim, William sabia segurá-lo. E isso porque William era 6 anos mais velho.

O pai de William, Carlos, sentou ao lado do filho e lhe deu uma cerveja.

— Eu desvendo sua cara... está pensando na época em que você viveu aqui, né? — Carlos cutucou William.

— É, pai. — William riu. — O quintal ficou lindo. Você como arquiteto e mamãe como paisagista, deram uma dupla e tanta. Lembro que quando começaram a obra aqui, eu disse que não daria certo... e fui embora. E olha a surpresa que tenho quando retorno. Está tudo lindo! Exatamente como vocês desenharam no papel.

— Ah filho... a gente fez o que tinha que fazer. — Carlos olhou para o nada, relembrando do dia em que William disse aquilo. Foi no mesmo dia em que ele pegou suas coisas, e saiu de casa, para nunca mais voltar. — E sua mãe e eu também achávamos loucura essa história de banda de rock... e olha só você agora. Bem sucedido... famoso!

— Pois é. — William soltou um suspiro. — Parece que andamos nos surpreendendo uns com os outros. Mas pai, me diga... você ficou decepcionado comigo quando eu saí do curso de arquitetura? Quando eu vi que aquilo não era para mim e quando eu joguei tudo pro ar e disse que não seguiria seu sonho?

— Olha Willy. — seu pai ainda o chamava assim. — Quando você me disse aquilo, eu tive sim um pouco de decepção dentro de mim. Mas eu te observei... você era forte. Impôs a sua preferencia e não teve palavras minhas que te fizesse mudar de opinião. Acima de ter um filho arquiteto como eu, eu sempre quis ter um filho forte. Valente! E adivinha? O orgulho que tive por você naquele momento, foi muito maior que a decepção.

William sorriu e abraçou o pai. O cara que ensinou a ele, como era a vida. William sentia tanto orgulho daquele cara!

— Olha ali. — Carlos apontou para Tiago, que estava perto de sua mãe e Maite. Estavam sendo apresentados. — Por quê não vai bater um papo com seu irmão, enquanto eu converso com os doidos dos seus amigos?

— Aquele é o Tiago? — William olhou para o garoto e não o reconheceu. Tiago tinha 12 anos quando William tinha 18 e saiu de casa. Estava bem diferente...

— Uhum, você vai lá? — Carlos se levantou e acenou para Poncho.

— Vou.

William se levantou, indo até Ucker e pedindo para as namoradas dos amigos vigiarem Nick. Quando olhou para a mesa onde sua mãe e noiva estavam arrumando, franziu as orelhas pois Tiago não estava mais lá. Olhou em volta e não o viu. Foi andando até Maite e lhe perguntou:

— Maite, cadê o Tiago? Vi ele falando com você, mas parece que ele evaporou.

— Ah, ele foi lá dentro pegar um CD meu para eu autografar.

— Certo!

William entrou em casa e ia indo em direção ao segundo andar, quando viu Tiago de costas, agachado, procurando o CD.

Foi até ele com cuidado e bagunçou seu cabelo grande.

— Que cabelo é esse de mocinha, hein? — William riu e Tiago tomou um susto.

— William... caramba! — Tiago se levantou e viu também o quanto o irmão tinha mudado.

— Eu! Cara, eu to surpreso ao ver o quanto você mudou. Deixou esse cabelo crescer, que milagre.

— É, mamãe finalmente me deixou usar cabelo grande. — ele olhava admirado pro irmão.

— Mas minha maior surpresa é ver você usando a camisa da minha banda, cara! Você é um "Doper"? — perguntou, se referindo ao nome dos fãs da Banda.

— É claro! O som de vocês é muito bom.

William sorriu de ladinho e olhou pro Tiago, que o encarava agora, meio sem jeito.

— Ah, vem cá. Eu preciso te dar um abraço! — William puxou o irmão, dando um abraço forte.

Tiago sorriu aliviado. Achava que William o odiava com todas as suas forças. Mas viu que estava enganado. Tiago era grato por William ter salvado sua vida. O tratamento era muito caro, e apesar de seus pais terem uma boa vida, eles não conseguiriam pagar por tudo aquilo.

— Você é um herói, cara...

— Que isso, Ti... você é forte... e muito teimoso. Sei que não ia deixar essa doença te matar, né? Eu fico feliz por você ainda tá aqui... assim, recuperamos nosso tempo perdido. Se você quiser, claro.

— Quero. Sempre quis. A gente ainda tem muito o que zuar...sair... sua noiva é linda, parabéns... Maite, hein... quem diria! — ele sorriu.

— A gente se conhecia antes de ficarmos famosos... agora, estamos aí... com um filho... um dia te conto essa história toda.

— Filho? — Tiago riu surpreso. — Eu sou tio?

— Aham. Nickolas! Aquele ali, loirinho na piscina...

— Parece muito contigo, quando era bebê. Que gracinha...

— Sim! — ele sorriu. — Bom, vamos lá pra cima... temos muito o que conversar.

Finalmente, mesmo que anos depois... as coisas voltavam a ser como devia ter sido.  

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