Capítulo 39

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— Não estou achando a menor graça, seu estúpido. Não foi você que ele mordeu, né? — Maite soltava faíscas pelos olhos. — E você, senhor Nickolas Perroni, está de castigo.

O menino abaixou o olhar e fez um biquinho lindo, causador do derretimento de William.

— Menos né, Maite. — passou a mão no cabelo loiro de Nick. — Ele é só uma criança, não fez por mal.

— É de criança que se aprende. Não venha me dizer como criar meu filho, tá bem?

— Ei, será que não há um dia na face da terra que os dois não se estranhem?

— Ela que provoca! — William cruzou os braços.

— E você faz de tudo pra me irritar.

— Isso vai dar é em casamento, tô até vendo. — Chris murmurou.

Helena chegou na gravadora e encontrou a filha acompanhada dos rapazes da banda. Cumprimentou eles e também se despediu, pois já estavam indo embora. Maite foi levá-los até a porta e deixou seu filho na companhia da avó.

Helena fazia carinho no cabelo do neto, que contou com suas curtas palavras o que tinha feito com a mãe e o que tinha ganhado, o castigo.

— Pronto, eles já foram. — Maite se sentou na frente da mãe.

— Maite... — Helena colocou Nick no chão, e ele deu uns passinhos até seu urso que estava num banco.

— Sim, mãe?

— O que aconteceu com Nick? Tá tão tristinho. — Helena já sabia da mordida, mas quis ouvir da boca de Maite.

— Ah, mãe. Eu fui pegar ele do colo do William e ele me mordeu. — disse mostrando a mordida em sua mão.
Helena olhou para a filha, e olhou para a mordida novamente. Apesar de forte, não tinha feito grande estrago, os dentes pequenos de Nick não tinham forças para "destruir" a mão de Maite.

— Só por isso o colocou de castigo?

— Mãe, você mesmo me ensinou que devemos dar limites. Então foi isso que eu fiz.

— É, mas não seja tão dura. Foi apenas uma travessura e ele ainda é um bebê.

— Tá bem mãe, como quiser.

Uns momentos de silencio veio e elas suspiraram juntas ao olhar como Nick estava bonito e forte. Era a cara do pai, não tinha como negar. O olhar, o sorriso travesso era de William, seu pai.

— Eu tenho tanta dó dele. — Helena admitiu.

— Dó? Pelo que? Ele tem tudo, além de ter uma mãe e uma avó que o amam. — Maite indagou.

— Mas não é só isso, minha linda. — Helena se levantou e caminhou até a cafeteira. Pegou um copo e colocou uma dose de café. — Ele está crescendo, e logo vai estar um rapazinho.

— Acho que não sei onde você quer chegar, mãe...

— Um dia, ele vai ver que os outros meninos tem pai. Menos ele. E vai te perguntar... o que vai responder?

— Que o Eugenio é o pai dele, ué. Ele mesmo concordou em dizer isso.

— Então você vai contar uma mentira para seu filho? — Helena sentou-se e cruzou as pernas, assoprou o café.

— Bom mãe, não é exatamente uma mentira. Eugenio adora ele como se fosse o pai.

Maite estava certa. Eugenio diversas vezes, havia feito muito pelo pequeno. Via desenhos, ensinava as cores, era muito presente na vida do garoto. Maite até estranhou, pois Nick não o chamava de pai de maneira alguma, era sempre tio.

— Mas ele não é, minha filha. Já parou para pensar que um dia ele vai casar? Ter os próprios filhos? E então, como vai ser?

Maite mordeu os lábios e viu que sua mãe tinha razão. Era uma mentira que ela não deveria alimentar por tanto tempo.

— E tem mais. — Helena completou. — Acho que William deve saber dessa criança imediatamente.

— Não mãe. — a voz de Maite se alterou de uma forma que nem ela pôde controlar. — Isso não.

— Isso sim Maite! Você vive reclamando que William não amadurece, que é irresponsável. Pois bem, você verá que ao saber que essa criança é seu filho, ele mudará e muito.

— Você não conhece o William. Ele não muda por ninguém, por ninguém!
— Ele mudará pelo filho, eu te garanto. Assim que souber que é pai, verá o mundo de uma outra maneira.

— Mãe, por favor não...

— SE VOCÊ NÃO CONTAR... QUEM CONTA SOU EU! — Helena gritou.

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