Capítulo 9

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Algumas horas depois e eu já estava impaciente. Não tinha o que fazer naquele local frio, branco, cheio de pessoas triste, branco, com pessoas morrendo o tempo todo, branco, familiares desesperados com os entes queridos... Eu já falei branco? Bem, não tinha nada para fazer e nem ao menos ver a Gina, nem que fosse de longe, eu podia. Tinker tinha ido para casa tomar banho e pegar algumas roupas dela mesmo, para mim, pois eu tinha dito para ela que só sairia dali quando a Gina abrisse os olhos. Então ela decidiu trazer roupas para mim, porque viu que não me convenceria de nada.

Já fazia horas que eu não comia nada e nem tomava também. Eu que sempre tive a fome de um ou dois mendigos, agora não sentia absolutamente nada, a não ser vontade de vomitar o que nem tinha.

Cada vez que eu via o médico, o mesmo que me veio falar sobre Regina, sair de onde ela provavelmente estava, meu coração acelerava a ponto de sair pela boca, imaginando que poderia ser uma notícia dela. Porém, sempre que ele se dirigia para outras salas ou ia falar com os responsáveis que ali estavam.

•§•

Depois de ir tomar um café e andar de um lado para o outro no corredor do hospital, parei em frente a uma enorme janela com vista para o jardim do local.

Estava perdida em pensamentos quando escuto passos apressados se aproximando. Pisco algumas vezes para voltar a mim e olho para o lado para ver quem era.

Era ele.

A última pessoa que eu queria ver nesse momento.

Ou nem a última.

O meu ex-professor de matemática e marido da Regina. O Robin.

Ele vinha praticamente voando em minha direção, provavelmente preocupado com Regina, assim como eu.

Assim que chegou até mim, jogou suas coisas em cima da cadeira que tinha perto ao lado e foi para a porta dupla de onde alguns médicos saiam o tempo todo. Não entendi por que ele foi direto para lá como se não tivesse me visto. Ele acabou de chegar, nem sabe se Regina está ali ainda... Deveria ter vindo logo a mim para saber notícias.

Depois de alguns segundos olhando pela janela da porta, começou a bater na mesma, de forma desesperado, tentando entrar, porém alguns enfermeiros os impediram. Que vergonha! Ficou mais alguns minutos parado perto da porta e depois veio ao meu encontro, como se só agora tivesse me percebido.

— Emma! — Cumprimenta-me com um aceno de cabeça e em seguida recosta a cabeça na parede.

— Olá! — Respondo dando um meio sorriso.

— Quanto tempo... — Deu um sorriso. — Como você está? — Pergunta-me de forma educada, puxando assunto.

— Estou bem, tirando os problemas da vida. — Ele assente. — E como vai lá, na nova escola?

— Melhor que Deering, com certeza. — Fez um sinal com as mãos, esfregando o dedo indicador e o polegar um no outro, falando provavelmente a respeito do salário.

Ficamos em silêncio. Eu voltei a olhar pela janela e ele se sentou na poltrona que minutos atrás estava ocupada por uma senhora.

— Eu preciso saber o que aconteceu com a minha mulher, Emma. — Murmura, cortando o silêncio e desencostando sua cabeça que repousava no encosto da poltrona. "Minha mulher" ouvir aquilo me fez senti uma pontada no estômago. Mas ele não estava errado. — A minha irmã falou por alto o que aconteceu pelo telefone e me pediu para te perguntar. — Continuou, agora se levantando e vindo até mim. — Será que você poderia me dizer o que aconteceu exatamente? — Pede-me tocando em meu braço.

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