Capítulo 22

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Ainda surpresa pelo que acabara de acontecer em minha frente, vejo os polícias chegando pelo fim da rua.

Como sempre, chegaram tarde demais.

Fecho a porta do carro e o rodeio, indo para o lado de Regina, que em nenhum momento falou algo. Nem mesmo depois de eu ter conseguido tirar o carro do lugar, e mais em frente, ter parado para observar Neal, antes de sua morte, fazer idiotice. Idiotice essa, que foi o que nos salvou. Se ele não tivesse ficado preso ali, no mesmo lugar onde eu fiquei, ou ele teria me pegado, ou estaríamos fugindo até agora.

Aprecei os passos e logo abri a porta do carro. Precisava saber como Regina estava depois disso tudo que a fiz passar mais uma vez.

— Você está bem? — Minha professora não me responde, apenas se estica como pode, e me abraça forte, suspirando de forma aliviada, logo após.

Vê-la assim, só me faz sentir-me ainda mais culpada pelo que acabara de acontecer.

— O que aconteceu acabou de acontecer? — Indaga ainda abraçada a mim, deixando-me aliviada por finalmente ouvir sua voz. — Quem era esse homem, e por que estava nos perseguindo? — Continua com as perguntas. Solta-me do abraço e ao se afastar, seus olhos vão direto para o meu machucado no braço, desviando sua atenção das perguntas anteriores. O que eu agradeço, pois acho que não saberia explicar-lhe. — Você está machucada... — Aponta de forma assustada, levando seus dedos na direção do tiro, mas não permito que toque. — Está sangrando muito, Em. Precisamos ir ao hospital. — Dou um sorriso para tentar tranquiliza-la sobre aquilo, e aperto sua mão com força, para tentar lhe passar credibilidade. Mas na verdade eu queria mesmo é gritar e chorar de dor. E o aperto que dei em sua mão, foi só para tentar disfarçar a dor que estou sentindo.

Ficamos alguns minutos em silêncio, apenas nos olhando, até que vejo sua expressão do rosto, mudar e sua boca se abrir. Eu podia imaginar o que ela falaria. Ou perguntaria. Desviei os olhos dos seus e observei os policiais ao longe, rondando o carro explodido de Neal, e seus restos mortais. Se é que tinha.

— Emma? — Chama-me, tocando gentilmente em meu rosto, e virando-o para si. — O que está acontecendo? — Indaga-me.

Suspiro pesadamente. Não faço ideia de por onde devo começar. A única coisa que sei, é que não devo e não posso, de jeito nenhum, contar sobre o beijo.

— O que te disseram quando você perguntou por que se esqueceu de algumas coisas e fez uma cirurgia? — Pergunto-a, decidindo por começar pelo começo mesmo, e aproveitando para matar a minha curiosidade sobre isso, e para saber o que deve dizer.

— Nada... — Responde prontamente e eu fico confusa. Ela percebe e então continua: — Disseram que eu não podia forçar a mente, e quando eu estivesse completamente saudável, me contariam. — Conclui.

— E você aceitou numa boa? — Indago um pouco irritada, sentindo-me também, injustiçada, pelo fato de saber que eles deixaram essa tarefa difícil, para mim.

— E o que eu poderia fazer? Colocar uma faca no pescoço de cada um e obrigar a falar? — Nós duas rimos. — Eu não posso nem fazer minhas necessidades, sozinha, quanto mais ameaçar alguém... — Acrescentou baixinho, mas obviamente escutei, e isso me fez meu coração doer por saber que tenho culpa. — Mas então, diga-me, por favor... O que exatamente aconteceu? Por que esse homem foi até a minha casa e atentou contra a nossa vida? Ele não era um simples bandido, não era? Ele te conhecia, não é? Eu o ouvi chamando por seu nome, algumas vezes...

Antes de respondê-la, só para ganhar tempo, olhei para a direção dos policiais e vi um carro preso no mesmo lugar em que eu fiquei, enquanto outros ainda observavam os restos do carro do meu ex, e apenas um, olhava em nossa direção. 

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