Capítulo 53

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Ficamos nos encarando e sua expressão de preocupada mudou para séria e a sensação que eu senti por um momento, de que tudo estava bem, foi embora. Coloco minha pequena no chão, que logo procura seu abrigo embaixo das pernas de Regina e se deita por ali, e me arrasto para mais perto da minha professora. Remexo-me no lugar, procurando uma posição mais confortável e fixo meu olhar no carpete, enchendo-me de coragem para iniciar o assunto.

― Eu não fui para a escola hoje porque fui para Boston. ― Comecei respondendo à sua pergunta, falando em um tom baixo. ― Desculpe-me ter deixado você tão preocupada. Não foi a minha intenção. ― Acrescento sinceramente.

― O que...

― Eu não estava mais aguentando... ― Falei por cima, interrompendo-a. O nervosismo já estava afetando a minha voz, que começava a ficar falha. ― Eu não sabia que precisava desabafar até ter feito com a minha avó. ― Confessei. ― O que aconteceu com nós? ― Finalmente olhei para ela e foi a sua vez de focar seus olhos no chão. Mas antes que o fizesse, pude ver que estavam marejados. ― Quase não conversamos mais, quase não nos beijamos, não trocamos carinhos... ― Continuo em um tom decepcionado, balançando a cabeça negativamente. ― Nem parece que estamos namorando... ― Acrescento em um tom triste. ― O que aconteceu? Eu fiz algo que não te agradou?

― Não! ― Vira-se para mim rapidamente e segura em meu braço. Estava com uma expressão sofrida.

― Então o que foi? ― Perguntei desesperada. Coloquei a minha mão por cima da dela e movimentei meus dedos, iniciando um carinho. ― Percebi que já não está mais chateada com as minhas conversas e intimidades com os meus amigos. Até porque, temos conseguido evitar bastante desde a última vez. ― Ela me olha surpresa. Com certeza, por causa da forma como falei. ― Eu percebi que você tem me ajudado a evitar. ― Esclareço, abrindo um mínimo sorriso em agradecimento.

Minha professora não diz nada e ficamos em silêncio. Ela volta a olhar para o chão e eu fico observando o seu rosto triste. Incapaz de controlar a minha vontade, a minha saudade, o meu desejo, levo minha mão que acariciava a sua até o seu rosto e arrasto os meus dedos por sua pele macia, fazendo-a olhar para mim em seguida. Olhamo-nos intensamente por alguns segundos até ela fechar os olhos e segurar a minha mão com a sua, forçando mais o contato. Arrepiei-me com o seu toque suave em minha pele. Então, como se eu estivesse enfeitiçada, inclinei-me lentamente em sua direção e tomei seus lábios em um beijo lento. Nossas bocas se tocaram devagar por alguns segundos, como se tivessem se conhecendo, tocando-se a primeira vez, e logo eu a trouxe mais para mim, aprofundando o contato, mostrando toda a minha saudade e paixão.

— Eu estava com tanta saudade disso. ― Externei num sussurro, esfregando nossos narizes carinhosamente, ao separar nossos lábios rapidamente, mas logo retornei a beijá-la. Dessa vez, mas intensamente que da primeira vez.

Regina correspondeu ao beijo de forma tão acalorada quanto eu, mas eu sentia algo diferente. Não parecia um beijo de saudade, como eu gostaria, mas sim, de despedida, como se nunca mais fossemos fazer aquilo.

De repente, senti um gosto salgado em seus sempre tão doces lábios, e ao abrir os olhos, assustada, vejo que seu rosto estava repleto de lágrimas. Comecei a enxugar algumas com beijos e outras com os dedos, mas segundos depois, elas voltaram a cair, dessa vez, ainda com mais força.

― O que...? ― Perguntei preocupada e temerosa. Até a Ava saiu de seu cantinho para ver o que estava acontecendo. Ela costumava sentir quando estávamos tristes.

― Eu sinto muito... ― Sussurra com a voz embargada, fazendo carinho na cabeça da minha pequena, que pedia colo.

Do que ela sente muito? Será que não me ama mais? Será que vai terminar tudo comigo e vai voltar para o Robin? É por isso que tem agido toda estranha nos últimos dias? Foi por isso que eu senti que o beijo parecia de despedida?

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