Capítulo 64

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Assim que o táxi me deixou em frente da minha casa, corri o mais rápido que pude para dentro. Além de não querer perder um segundo sequer, já estava ficando tarde.

É engraçado como eu passei o dia não querendo ir e implorei para Tinker levar as roupas em meu lugar, mas agora, tudo o que eu mais quero, é ir até lá.

Entrei rapidamente em casa, dei um singelo beijo na cabeça cheirosa de Ava, que mesmo com aparente sono, veio me acompanhando pela casa, e segui até o meu quarto. Peguei a mochila com as roupas dela, fui à cozinha e peguei uma banana para ir comendo no caminho e saí novamente. Talvez não tenha demorado nem dez minutos. Ótimo!

Quarenta minutos depois e estou no jardim da casa de Regina. Dos quarenta minutos, dez foram perdidos apenas esperando um abençoado veículo de cor amarela que não estivesse com passageiro algum.

É engraçado o fato de que, quando você não quer um táxi, passa uns vinte por você, mas quando você quer apenas um...

Andei a passos lentos até a entrada da casa, parando antes na lixeira que tinha perto do portão de ferro, para poder jogar a casa de banana lá.

Eu estava tão nervosa. Não sabia como olhá-la, não sabia o que falar, não sabia o que fazer. Não sabia nada. Exatamente nada e um pouco mais de nada.

Talvez fosse melhor se Tinker tivesse vindo mesmo.

Droga, Tinker! Você poderia ter feito isso por mim.

Ou não, talvez...

Ao mesmo tempo em que eu brigava internamente com Tinker por não ter feito isso por mim, eu agradecia por ela não ter aceitado. Bem contraditório, eu sei. Às vezes eu sou assim mesmo.

Antes mesmo que eu tocasse a campanha ou só batesse na madeira mesmo, minha professora abriu a porta. Parecia até que estava me esperando. Na verdade, ela estava. Mas parecia mesmo, é que olhava por algum canto para saber quando eu chegaria.

E lá estava o abençoado colar pendurado em seu pescoço. Mas dessa vez eu não iria me importar com ele. Eu não iria dar atenção. Desviei o olhar e olhei para o seu rosto novamente.

― Oi. — Murmura sem jeito e eu dou um sorriso tão sem jeito quanto. — Entra. — Afasta-se da porta para me dá passagem. Pensei em recusar, mas por que recusar se eu quero?

― Ei. — Respondi, passando por ela e entrando na casa, logo dando de cara com Tinker sentada no sofá com um sorrisinho no rosto. Arqueei a sobrancelha e semicerrei os olhos e me encaminhei para o sofá. Entendia bem o motivo daquele sorriso.

― Olá, loira de farmácia. — Cumprimenta-me, levantando-se. — Bem, eu já vou, está ficando tarde. — Anuncia, caminhando para a porta que Regina havia acabado de fechar.

― Claro que está. — Sussurro baixinho, com ironia, mas sei que ela ouviu. — Vai na sombra, toco de amarrar jegue. — Soltei um beijinho no ar, toda debochada.

― Até amanhã, Gina. — Abraça minha morena, que não é mais minha, e logo vai embora, deixando-nos sozinha.

Regina tranca a porta após alguns segundos, provavelmente estava esperando Tinker sumir de suas vistas, e anda até o sofá em que eu estou, porém, antes de sentar, opta por sentar no outro, de frente para mim.

― Então... — Decido começar. — Como eu te disse pelo telefone, eu estava arrumando o meu guarda-roupa e... — Faço uma breve pausa. — Você sabe como ele é bagunçado mesmo que eu arrume e tente deixar organizado... — Ela sorri e eu a acompanho. — E bem, eu encontrei algumas roupas suas e imaginei que em algum momento você iria precisar de alguma, então eu juntei tudo para trazer para você. — Alcanço a bolsa que estava ao meu lado no sofá e me levanto um pouco para lhe entregar.

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