Capítulo 54

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Segui meu caminho pela rua com os olhos embaçados de lágrimas e Ava me enchendo de lambidas na orelha, como se soubesse que eu precisava de carinho naquele momento.

De repente, esbarro com força em alguém, mas tudo que faço é segurar a minha pequena com mais força no braço. Estou triste demais para brigar com alguém que não anda prestando atenção.

― Emma? ― É a voz da minha professora de redação. Troco a Ava de braço e então a vejo, com uma expressão curiosa e confusa em minha direção. ― Tudo bem? ― Toca delicadamente em meu ombro. Abro a boca para responder, mas não consigo dizer uma palavra. Não há forças o suficiente para dizer um "a" — O que aconteceu, Emma? Você está me deixando preocupada. ― Sua voz soou aflita.

Era incrível o poder que uma simples pergunta tinha sobre o nosso sistema nervoso. Senti meu estômago revirar e a respiração falhou. Meus olhos derramaram as lágrimas presas e Rose me abraçou apertado.

— Você está tremendo, Swan. ― Afasta-se de mim e segura meu rosto. ― Diz alguma coisa. ― Implora.

Desvio o olhar do seu e respiro fundo, segurando a bile que já vinha na garganta.

— Eu e a Regina... ― Consigo balbuciar, enxugando as lágrimas e me recompondo.

— Você e Regina... ― Incentiva para que eu continue.

— Nós tivemos uma conversa agora e terminamos tudo. ― Disse de uma vez, mas com dificuldade. — Ela terminou tudo, na verdade. ― Corrijo, deixando claro de quem partiu a decisão.

— O que? ― Franziu o cenho, claramente confusa, e abriu a boca em surpresa. — Por que ela tomou essa decisão? ― Abaixei a cabeça e olhei para o chão, deixando claro que eu não queria responder. — Você quer que eu converse com ela?

— Eu só quero ir embora. ― Murmurei, sendo a mais sincera possível. Tudo que eu queria era chegar no aconchego da minha casa e botar para fora tudo que eu estava segurando. Eu estava precisando me esvaziar. Como não havia ninguém para desabafar, chorar até pegar no sono e desabafar comigo mesmo, era o que eu faria.

― Então é isso? ― Questiona com um tom que parece ser de decepção. Levanto a cabeça e olho em sua direção, tendo a certeza, pela sua expressão, que está decepcionada. ― Você não vai nem tentar...

— O que você quer que eu faça? ― Interrompi-a num tom elevado, um pouco irritada. — Além de tentar argumentar contra a sua decisão, eu não aceitei de primeira, é claro. ― Balancei a cabeça negativamente. ― Mas você, melhor do que ninguém, conhece a Regina e sabe como ela é uma cabeça-dura.

― Assim como você... ― Acrescenta e eu desvio meu olhar do seu novamente, um pouco envergonhada.

Não rebato o que diz e nós ficamos quietas, em silêncio.

— Emma, desculpe-me, mas não irei desistir tão fácil do meu casal preferido. ― Quebra o silêncio. Direciono-lhe um olhar incrédulo, mas ao mesmo tempo, curioso pelo que diz. Afinal, o que Tinker poderia fazer em relação a nós? — Mesmo que não adiante nada, eu irei sim, falar com ela, você querendo ou não. ― Diz decidida.

— Tudo bem, faça o que quiser. ― Dou de ombros. — Eu só quero que você faça uma coisa para mim, pode ser? ― Ela assente, atenta e curiosa. — Por favor, cuida bem dela por mim. ― Meus olhos se enchem de lágrimas novamente, mas eu me forço a segurá-las. Ao menos por enquanto. Não era o momento de explodir ainda. ― Ela está precisando de consolo. ― Digo, repassando a última cena que vi ao sair da sua casa em minha mente.

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