Capítulo 15

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Quando desperto, provavelmente horas mais tarde, noto o quão escuro a casa está.

Um medo corre pelo meu corpo. Desde pequena eu tinha a impressão de ver pessoas mortas e ensanguentadas no escuro.

Fico deitada por uns segundos no sofá, pensando no que fazer, e então fecho os olhos, sentindo o medo apossar-se do meu corpo, porém logo lembrando que se você fecha os olhos, é pior ainda. Torno então a abrir os olhos e, num pulo, me levanto do sofá, e no escuro mesmo, sem olhar para trás ou para os lados, começo a procurar o interruptor para acender a luz do cômodo que estou.

Desesperada para encontrar o bendito interruptor, eu acabo esbarrando em algumas coisas, o que provoca um grande barulho, e acaba por acordar Regina, pois escuto sua voz, um pouco mais baixa, chamando meu nome.

— Emma? — Chama mais uma vez, após não obter uma resposta vinda da minha parte, da primeira vez. — É você que está aí? — Pergunta um pouco mais alto.

— Hey... — Respondo um pouco envergonha. — Onde fica o interruptor da sala?

— Perto da TV. — Responde rapidamente. — Cuidado para não esbarrar no centro, e não se machucar. — Avisa-me, sorrindo, fazendo-me ficar corada.

Ainda bem que você não está me vendo agora.

Andando devagar para não bater em mais nada, coloco os braços à frente do meu corpo, para saber o que tem por perto, até sentir a TV. Passando a mão pela parede, encontro o abençoado interruptor e finalmente dou a luz àquele lugar.

"Dou a luz" foi ótimo. Sorrio com o pensamento idiota.

Agora que tudo está mais claro, vou logo para a cozinha em busca da lista de afazeres, para saber se é hora de alguma coisa.

Quando pego o bloquinho e olho os horários das coisas, observo em um relógio que tem na parede da cozinha, que é hora de um dos remédios que Regina tem que tomar.

Para minha sorte, o remédio está em cima da bancada, vem visível aos olhos. Deixo o bloco de notas em cima da mesa, e pego o frasco. Retiro uma cápsula, pego um copo com água e vou em direção ao quarto.

Quando chego à porta, que diferente da outra vez, estava aberta, dou um longo suspiro, crio coragem e finalmente entro.

Assim que estou totalmente dentro do cômodo, vejo que Regina está lendo algum livro. Ela está usando o seu habitual óculos de leitura, e está tão linda desse jeito, concentrada, lendo.

Segundos depois ela percebe minha presença. Solta o livro em cima da cama, e abre um sorriso para mim. Eu retribuo.

Regina bate ao seu lado no coxão, chamando-me para se sentar ali.

— Oi... — Murmuro. — Caminho até ela e sento ao seu lado, como foi pedido. Coloco o copo em cima da mesa de cabeceira que tem ao lado da cama e mostro-lhe o conteúdo em minha mão.

— Hm... — Faz uma careta fofa, fazendo-me rir, mas pega o comprimido da minha mão, e o engole sem água alguma. Fico boquiaberta por ela ter uma facilidade tão grande para engolir o comprimido sem uma gota de água. Se fosse eu, nesse exato momento, eu estaria tendo um ataque de vômito, provavelmente, e já estaria chorando.

Regina sorri da minha expressão e pega o copo com água, logo dando um generoso gole.

— Você não usa água? — Indago ainda surpresa.

— Costume... — Responde simplesmente, e da um sorriso. Esse sorriso, que eu me derreto toda quando vejo. A verdade é que eu sempre achei o sorriso de Regina, lindo. Desde quando a vi pela primeira vez na sala de aula. Naquela época, eu só não admitia, por não gostar dela. Agora que eu estou me apaixonando por ela, o acho mais lindo ainda.

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